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Crise no Setor Eólico: Aneel Revoga Concessões de 16 Usinas no Nordeste

Dificuldades financeiras, entraves ambientais e mudanças no mercado levaram à desistência de projetos que somariam 564,8 MW de potência instalada

O setor de energia renovável no Brasil sofreu um revés significativo com a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de revogar as concessões de 16 centrais geradoras eólicas no Nordeste. A medida, aprovada por unanimidade pela diretoria da agência, atendeu a pedidos da Ventos de São Januário Energias Renováveis, empresa responsável pelos projetos.

A decisão envolve empreendimentos que, se concluídos, adicionariam 564,8 megawatts (MW) de potência instalada ao Sistema Interligado Nacional. A Aneel acatou os pedidos de desistência sem penalizações, uma vez que a empresa cumpriu os critérios regulatórios para a renúncia.

Os principais motivos para o cancelamento dos projetos não foram detalhados pela fornecedora, mas especialistas apontam para um cenário desafiador no setor eólico. Entre os fatores que podem ter influenciado a decisão estão dificuldades na obtenção de financiamento, entraves ambientais e mudanças no mercado de energia renovável, que têm impactado a viabilidade econômica de novos parques eólicos.

Os Projetos Cancelados

O maior dos empreendimentos cancelados estava localizado em Campo Formoso, na Bahia, onde a empresa Ventos de São Januário Energias Renováveis previa a instalação de seis centrais geradoras eólicas, totalizando 268 MW de potência instalada.

Outro projeto de grande porte afetado foi o de Santana do Matos, no Rio Grande do Norte, onde estavam previstas as usinas Pixote Pequeno e Sítio Pixote 1 e 2, que juntas somariam 215 MW ao sistema.

No Piauí, a empresa também teve seis centrais canceladas no município de Queimada Nova, o que representaria uma potência total de 43,2 MW.

Já em Afrânio, no sertão de Pernambuco, a unidade da Ventos de São João também foi revogada. O empreendimento teria 37,8 MW de capacidade instalada.

Com isso, o Nordeste, que lidera a geração de energia eólica no Brasil, perde um volume significativo de investimentos e de potencial energético que poderia contribuir para a diversificação da matriz elétrica do país.

Impactos e Reflexos no Setor de Energia Renovável

A revogação dessas concessões acende um alerta sobre os desafios enfrentados pelo setor de energias renováveis no Brasil, especialmente a energia eólica, que vem crescendo de forma acelerada nos últimos anos. O Nordeste é a principal região produtora desse tipo de energia, respondendo por mais de 80% da geração eólica do país.

Entretanto, os entraves financeiros e burocráticos continuam sendo um obstáculo para novos investimentos. A dificuldade no acesso a crédito para financiamento dos projetos, além da necessidade de licenciamento ambiental rigoroso, pode afastar empresas interessadas na expansão do setor.

Outro fator relevante é a mudança na dinâmica do mercado de energia renovável, com variações nos preços e nas condições de comercialização. Nos últimos anos, o avanço da geração distribuída – principalmente a solar fotovoltaica – tem alterado a estrutura do setor, impactando os leilões e os contratos de energia de longo prazo.

Para especialistas, a decisão da Aneel de aceitar os pedidos de renúncia sem penalizações demonstra uma flexibilidade regulatória, mas também evidencia a necessidade de maior previsibilidade e estabilidade para atrair investidores.

O Futuro da Energia Eólica no Brasil

Apesar da desistência desses projetos, a energia eólica segue como uma das principais apostas para a transição energética no Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), o país já ultrapassou a marca de 30 GW de potência instalada, sendo que o Nordeste representa a maior fatia desse total.

No entanto, para garantir a continuidade do crescimento, o setor precisa de políticas públicas e incentivos adequados, além de um ambiente regulatório mais favorável para investidores.

O cancelamento de 16 usinas representa um golpe para a expansão da matriz renovável no Brasil, mas também reforça a necessidade de discutir medidas que garantam segurança jurídica, financiamento acessível e maior planejamento estratégico para os projetos futuros.

Com os avanços tecnológicos e novas oportunidades no setor, a energia eólica ainda tem um enorme potencial a ser explorado no Brasil – desde que os desafios regulatórios e financeiros sejam superados.

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