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Investir na Natureza: Como a Sustentabilidade se Tornou um Grande Negócio

Setor privado enxerga oportunidades bilionárias na conservação ambiental e no mercado de carbono rumo à COP30

O desenvolvimento sustentável deixou de ser apenas uma pauta ambientalista e se tornou um dos motores da economia global. Com a crescente demanda por soluções verdes e a urgência de reduzir as emissões de carbono, empresas e investidores estão voltando seus olhos para um setor antes negligenciado: os negócios da natureza.

Essa transformação foi tema do encontro “Financiando o Futuro: Oportunidades de Investimento Verde rumo à COP30”, realizado pelo Instituto AYA em São Paulo. O evento reuniu líderes empresariais e autoridades governamentais para debater o financiamento de projetos sustentáveis, cadeias produtivas de baixo impacto ambiental e os avanços no mercado de carbono.

Entre os participantes estavam André Aquino, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda e presidente do Conselho Consultivo da GFANZ Brasil; Ricardo Mussa, CEO da Cosan Investimentos; Mariano Cenamo, cofundador do Idesam; Patricia Ellen, cofundadora da AYA Earth Partners; e Edson Higo, CEO da mesma organização.

A principal mensagem do encontro foi clara: conservar e restaurar a natureza não é apenas uma responsabilidade ambiental, mas também uma oportunidade de negócios altamente lucrativa para o setor privado.

Mercado de Carbono e Novos Modelos de Investimento

O mercado global de carbono cresce exponencialmente e pode movimentar bilhões de dólares nos próximos anos. Durante o evento, André Aquino destacou que o Brasil já deu passos significativos nessa área, estruturando concessões para o manejo de florestas nativas, promovendo a restauração ecológica e explorando o turismo sustentável em áreas protegidas.

“Estamos estruturando a primeira concessão para restauração da vegetação em uma unidade de conservação federal. Isso é inovador e tem um enorme potencial no mercado de carbono”, afirmou o representante do Ministério do Meio Ambiente.

Além disso, Aquino enfatizou que o Brasil e outros países vêm lançando títulos verdes no mercado financeiro, criando novas possibilidades para o setor privado investir na transição ecológica.

“Precisamos encontrar maneiras de escalar esses investimentos sem deixar para trás pequenos produtores e a agricultura familiar, que são prioridades do Ministério”, complementou.

O Papel do Setor Privado na Transformação Verde

A transição energética e a necessidade de adaptar cadeias produtivas à nova realidade climática também foram temas centrais do encontro. Para Joaquim Levy, a ausência de tecnologias maduras para reduzir emissões em setores como siderurgia e mineração exige um planejamento estratégico para que o Brasil não fique para trás nessa corrida.

“Nossa meta é mapear os compromissos dos setores e preparar estratégias para financiar essa transição energética”, explicou o ex-ministro.

Já Patricia Ellen, presidente do Instituto AYA, ressaltou como o cenário geopolítico pós-Trump alterou a dinâmica das negociações climáticas, exigindo uma abordagem mais pragmática para envolver o setor privado.

“Precisamos falar de cadeias produtivas de maneira diferente para mobilizar negócios de forma mais contundente até a COP30”, afirmou.

A COP30, que acontecerá no Brasil em 2025, é vista como um marco para consolidar o país como uma potência na economia de baixo carbono. E, para que isso aconteça, o setor empresarial deve estar preparado para oferecer produtos com maior valor agregado e reduzir a dependência de commodities brutas.

“Se não adicionarmos complexidade à nossa economia, perderemos oportunidades valiosas de exportação, empregabilidade e crescimento do PIB”, alertou Ellen.

Bioeconomia: Oportunidade ou Desafio?

Embora o Brasil tenha um enorme potencial para liderar a bioeconomia global, desafios estruturais ainda dificultam o avanço desse setor. Para Mariano Cenamo, cofundador do Idesam, a região Norte do país precisa de um novo modelo econômico, que vá além das abordagens tradicionais.

“As iniciativas na Amazônia muitas vezes não prosperam porque tentamos aplicar mecanismos antigos para resolver problemas novos. É fundamental criar métricas diferentes de sucesso e desenvolver pipelines de negócios que tornem a bioeconomia mais atrativa para investidores”, afirmou Cenamo.

A criação de cadeias produtivas sustentáveis e modelos de financiamento inovadores será essencial para que o Brasil consiga converter sua riqueza ambiental em uma vantagem competitiva global.

Um Caminho Sem Volta

O encontro promovido pelo Instituto AYA reforça que o futuro da economia está diretamente ligado à sustentabilidade. O setor privado já percebeu que investir em soluções ecológicas não é apenas uma questão de reputação, mas uma oportunidade concreta de inovação e crescimento financeiro.

Com a COP30 se aproximando, o Brasil tem a chance de se consolidar como um dos principais hubs de investimentos verdes do mundo. Mas, para isso, será necessário um esforço coordenado entre governo, empresas e sociedade para transformar essa visão em realidade.

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