Projeto liderado pela EPE, PUC-Rio e Senai/CIMATEC criará o primeiro atlas nacional do potencial hidrocinético oceânico
O Brasil avança em mais uma frente da transição energética sustentável. No dia 5 de fevereiro de 2025, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) firmou uma parceria estratégica com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e o Senai/CIMATEC-BA para a elaboração do Atlas do Potencial Hidrocinético Oceânico Brasileiro.
O estudo tem como objetivo mapear e organizar dados sobre as correntes marítimas no Brasil e identificar áreas com potencial para a geração de energia a partir do movimento das águas. Essa tecnologia, ainda pouco explorada no país, representa uma alternativa inovadora e sustentável para a diversificação da matriz elétrica.
A energia hidrocinética se destaca por sua capacidade de converter a força das correntes marinhas em eletricidade sem a necessidade de barragens, garantindo zero emissão de carbono e mínimo impacto ambiental. O atlas servirá como uma ferramenta essencial para investidores, órgãos reguladores e pesquisadores interessados no desenvolvimento dessa fonte renovável.
O que é energia hidrocinética e por que ela pode transformar o setor elétrico?
A energia hidrocinética é uma forma de geração de eletricidade que aproveita a energia cinética das águas em movimento, seja em rios ou oceanos, sem a necessidade de grandes infraestruturas como represas ou turbinas submersas de grande porte.
No caso das correntes oceânicas, a energia é gerada a partir de turbinas submersas que giram com a força do fluxo da água, transformando essa movimentação em eletricidade. Essa tecnologia apresenta vantagens estratégicas:
- Fonte limpa e renovável – Não emite gases de efeito estufa, contribuindo para a descarbonização da matriz energética.
- Baixo impacto ambiental – Dispensa a construção de grandes barragens, reduzindo impactos em ecossistemas marinhos e fluviais.
- Previsibilidade – Diferente da energia solar e eólica, que variam conforme as condições climáticas, as correntes marítimas possuem um fluxo contínuo e estável, tornando-se uma fonte confiável de energia.
- Aproveitamento do imenso litoral brasileiro – Com uma costa de 7,4 mil quilômetros, o Brasil tem um dos maiores potenciais globais para explorar esse tipo de energia.
Segundo especialistas do setor, a energia hidrocinética oceânica pode complementar outras fontes renováveis, garantindo maior estabilidade ao sistema elétrico e reduzindo a necessidade de usinas térmicas em momentos de baixa geração hídrica ou eólica.
A importância do Atlas do Potencial Hidrocinético Oceânico
A criação do Atlas do Potencial Hidrocinético Oceânico Brasileiro será um marco para o setor elétrico nacional. Atualmente, o Brasil não possui um estudo detalhado sobre o potencial de suas correntes marítimas para geração de energia.
A parceria entre EPE, PUC-Rio e Senai/CIMATEC buscará consolidar bases de dados existentes, identificar as melhores áreas para instalação de usinas hidrocinéticas e fornecer informações estratégicas para que o país avance nessa nova fronteira energética.
A expectativa é que o atlas possibilite a identificação das áreas com maior viabilidade para a implementação de projetos de energia hidrocinética, além de atrair investimentos e fomentar a inovação no setor elétrico. O projeto também visa fornecer dados técnicos essenciais para reguladores e formuladores de políticas públicas, contribuindo para a tomada de decisões mais informadas e eficientes. Dessa forma, o atlas desempenha um papel crucial no fortalecimento do compromisso do Brasil com a transição para uma matriz energética mais sustentável, alinhando-se às metas de desenvolvimento ambiental e tecnológico do país.
Brasil na corrida pela inovação em energia oceânica
Embora a energia hidrocinética oceânica ainda seja pouco explorada no mundo, alguns países já estão avançando na tecnologia. O Reino Unido e o Canadá, por exemplo, já possuem turbinas instaladas em suas costas, gerando eletricidade a partir das marés.
No Brasil, iniciativas como o novo atlas podem acelerar a viabilidade dessa fonte energética, tornando-a uma realidade no futuro próximo. Além de diversificar a matriz elétrica, essa inovação pode gerar empregos, atrair investimentos e consolidar o país como referência global em energias renováveis.