Domingo, Maio 18, 2025
25 C
Rio de Janeiro

Eneva registra prejuízo bilionário, mas reduz endividamento e bate recorde operacional

Impacto contábil em térmicas a carvão pesa no balanço, mas empresa cresce em receita e fortalece estrutura financeira

A Eneva encerrou o quarto trimestre de 2024 com um prejuízo líquido de R$ 962,6 milhões, um valor 3,3 vezes maior que as perdas de R$ 290,6 milhões registradas no mesmo período do ano anterior. No entanto, por trás do resultado contábil negativo, a empresa apresentou indicadores financeiros que mostram um crescimento expressivo da receita e uma redução significativa da alavancagem, reforçando sua posição no setor de energia.

No acumulado do ano, a Eneva registrou um lucro líquido de R$ 42 milhões, uma queda de 80,7% em relação a 2023. O principal fator que pressionou o resultado foi o reconhecimento de uma despesa contábil não caixa de R$ 634,7 milhões, decorrente da realização de testes de recuperabilidade (Impairment) de seus ativos de geração a carvão – as termelétricas Itaqui e Pecém II.

Impacto da transição energética

A necessidade de reavaliar esses ativos reflete a estratégia da Eneva em migrar suas usinas para a operação com gás natural, uma decisão tomada diante da incerteza sobre a realização de novos leilões para contratação de geração a carvão. Esse movimento está alinhado às políticas de transição energética e descarbonização, mas, no curto prazo, afetou os números do balanço da companhia.

Excluindo o efeito contábil desse ajuste, o Ebitda ajustado da Eneva atingiu R$ 1,242 bilhão no quarto trimestre, um recorde histórico para a empresa e um crescimento de 20% em relação ao mesmo período de 2023. Já o Ebitda consolidado ICVM do período ficou em R$ 607,9 milhões, uma redução de 41,3% na comparação anual.

No acumulado de 12 meses, o Ebitda ICVM totalizou R$ 3,901 bilhões, retração de 8,9% em relação a 2023. Entretanto, considerando o critério ajustado, o Ebitda cresceu 5,9%, atingindo R$ 4,536 bilhões no ano.

Crescimento da receita e redução da dívida

Mesmo diante do impacto do impairment, a Eneva registrou um avanço expressivo em sua receita líquida, que atingiu R$ 4,882 bilhões entre outubro e dezembro, um crescimento de 79% na comparação anual. No acumulado de 2024, a receita foi de R$ 11,387 bilhões, um aumento de 12,8% em relação ao ano anterior.

Outro destaque positivo do balanço foi a redução da dívida líquida, que encerrou o ano em R$ 13,52 bilhões – uma queda de 21% ante 2023. Como consequência, a alavancagem da companhia, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado, caiu de 3,99 vezes para 2,42 vezes, evidenciando uma melhoria significativa na estrutura financeira.

Perspectivas: menos carvão, mais gás natural

Os resultados do quarto trimestre evidenciam que, apesar do impacto contábil da desvalorização dos ativos de carvão, a Eneva segue com um desempenho operacional sólido e uma estratégia de transição energética bem definida. A conversão das térmicas Itaqui e Pecém II para gás natural pode representar um passo estratégico para a sustentabilidade da companhia, alinhando-se a tendências globais de descarbonização.

Além disso, a melhora nos indicadores financeiros reforça a capacidade da Eneva de manter investimentos e garantir competitividade no setor. Com um mercado cada vez mais atento às práticas ESG (ambientais, sociais e de governança), a decisão de reduzir a dependência do carvão pode fortalecer o posicionamento da companhia nos próximos anos.

O cenário para 2025 ainda traz desafios, especialmente no que diz respeito à concretização da conversão das térmicas e à evolução do mercado de gás natural no Brasil. No entanto, a empresa demonstrou resiliência ao manter o crescimento da receita e reduzir sua alavancagem, preparando-se para um futuro menos dependente de fontes poluentes.

Destaques

Tokenização de usinas solares inaugura nova era de investimentos acessíveis em energia limpa no Brasil

Tecnologia baseada em blockchain transforma painéis solares em ativos...

Estudo aponta que energia solar com baterias pode reduzir em até 44% o custo da eletricidade na Amazônia

Relatório encomendado pela Frente Nacional dos Consumidores de Energia...

Palácio da Alvorada terá usina solar e prevê economia anual de R$ 1 milhão com energia

Com investimento de R$ 3,5 milhões via Programa de...

Investimentos em Gás Natural no Brasil Travam Sem Garantias Regulatórias, Fiscais e Jurídicas

Lideranças do setor energético alertam, durante o Seminário de...

Últimas Notícias

Reforma do setor elétrico pode aumentar em até 18,5% a TUSD...

Proposta do MME realoca custos tarifários e pressiona principalmente...

ISA ENERGIA BRASIL conclui modernização estratégica do Centro de Operação de...

Unidade reforça a retaguarda operacional da companhia com tecnologia...

Tokenização de usinas solares inaugura nova era de investimentos acessíveis em...

Tecnologia baseada em blockchain transforma painéis solares em ativos...

Estudo aponta que energia solar com baterias pode reduzir em até...

Relatório encomendado pela Frente Nacional dos Consumidores de Energia...

Carros elétricos superam 25% do mercado global em 2025 e aceleram...

Novo relatório da Agência Internacional de Energia aponta crescimento...

Mauricio Lyrio assume Secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente do...

Diplomata com sólida atuação internacional substituirá André Corrêa do...

Artigos Relacionados

Categorias Populares