O evento discutiu a geração de energia solar no campo e suas vantagens para a produção agrícola
A busca por soluções energéticas sustentáveis tem se tornado uma prioridade para o agronegócio brasileiro, setor responsável por uma parcela significativa do PIB nacional. Diante desse cenário, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, no último dia 19, do Absolar Meeting Centro-Oeste, evento promovido pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) para discutir os desafios e oportunidades da energia solar no país.
Durante o encontro, Maciel Silva, diretor técnico adjunto da CNA, enfatizou a sinergia entre o agronegócio e a energia solar, destacando que ambos desempenham papéis fundamentais no desenvolvimento econômico e sustentável do Brasil. Segundo ele, a geração distribuída no setor rural surge como uma alternativa viável para reduzir custos, melhorar a qualidade do fornecimento de energia e ampliar o acesso à eletrificação em regiões isoladas.
“Para nós, da CNA, é sempre uma satisfação discutir energia limpa. Hoje, tanto o Agro quanto o mercado de energia solar desempenham papéis fundamentais: nós, garantindo a produção de alimentos e a geração de emprego e renda; e a energia solar, contribuindo para uma matriz ainda mais limpa, que já está presente em mais de 5.500 municípios brasileiros”, afirmou Silva na abertura do evento.
Energia solar no campo: redução de custos e maior previsibilidade
A eletricidade é um insumo essencial para diversas atividades agropecuárias, desde sistemas de irrigação e armazenamento de grãos até a produção de leite, aves e suínos. No entanto, o alto custo da energia elétrica e a instabilidade no fornecimento representam desafios constantes para os produtores rurais.
Silva ressaltou, durante sua palestra sobre “Geração distribuída no agro: potencial para redução de custos e melhoria da qualidade de energia”, que a energia solar fotovoltaica tem se consolidado como uma alternativa estratégica para o setor agropecuário, permitindo que os produtores tenham mais previsibilidade nos custos e maior autonomia energética.
“A pecuária leiteira, por exemplo, está presente em todos os municípios do Brasil. Imagine o prejuízo para um produtor quando há uma interrupção no fornecimento de energia. A falta de eletricidade pode levar à perda de produção e, em atividades como a criação de aves e suínos, pode até comprometer lotes inteiros. A geração própria de energia solar surge como uma solução eficaz para garantir maior estabilidade no suprimento elétrico”, destacou.
A adoção da geração distribuída no agronegócio também pode ajudar na redução da dependência das concessionárias e no aumento da eficiência operacional das propriedades rurais. Além disso, com o avanço da tecnologia e a queda dos custos dos sistemas fotovoltaicos, a energia solar se tornou uma alternativa cada vez mais acessível para pequenos e médios produtores.
Expansão da energia solar e eletrificação de áreas remotas
Um dos temas abordados no evento foi a falta de acesso à eletricidade em muitas propriedades rurais, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Para Silva, a energia solar pode desempenhar um papel crucial na inclusão energética dessas comunidades, impulsionando a produção agropecuária e melhorando a qualidade de vida dos produtores.
“Temos um percentual significativo de propriedades rurais sem acesso à eletricidade, principalmente no Norte e Nordeste. O armazenamento de energia solar, aliado à queda nos custos da tecnologia, pode ser um fator determinante para a inclusão produtiva dessas regiões, permitindo que mais agricultores tenham acesso à eletricidade e, consequentemente, a melhores condições de trabalho e produção”, explicou.
O evento contou ainda com a presença de Ronaldo Koloszuk, presidente da ABSOLAR, Gutemberg Gomes, secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, e do deputado federal Júlio Lopes (PP/RJ), reforçando a importância da articulação entre setor produtivo, governo e entidades de classe para fomentar o crescimento da energia solar no Brasil.
Com a crescente demanda por soluções sustentáveis e eficientes, a geração distribuída no agronegócio se firma como uma das principais alternativas para fortalecer o setor e garantir mais competitividade, previsibilidade e segurança energética para os produtores. O avanço dessa tecnologia, aliado a políticas públicas de incentivo, pode consolidar o Brasil como um dos líderes globais na integração entre energia renovável e produção agropecuária.