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Inflação dispara: conta de luz sobe mais de 16% e pressiona preços em fevereiro

Fim do desconto do Bônus Itaipu impulsiona reajuste e faz IPCA atingir maior patamar para o mês desde 2003

A inflação no Brasil registrou um salto expressivo em fevereiro, impulsionada, principalmente, pela alta na conta de luz, que subiu 16,8% no mês. O reajuste, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (12), foi responsável por 0,56 ponto percentual da inflação do período e representou um impacto direto no orçamento das famílias.

Com a pressão da energia elétrica, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação oficial do país, fechou fevereiro com variação de 1,31%. Esse é o maior resultado mensal desde março de 2022 e a taxa mais alta para um mês de fevereiro em 22 anos. No acumulado de 12 meses, o IPCA atingiu 5,06%, ultrapassando o limite da meta do governo, que varia entre 1,5% e 4,5%.

A disparada dos preços da energia ocorre logo após o término do Bônus Itaipu, um desconto concedido na conta de luz em janeiro que havia ajudado a conter a inflação naquele mês. Com o fim do benefício, os consumidores sentiram um reajuste brusco nas tarifas, levando a um efeito estatístico significativo no índice inflacionário.

Impacto da energia na inflação

O setor de Habitação, que inclui a energia elétrica, foi o que mais impactou a inflação de fevereiro. Esse grupo de despesas passou de uma queda de -3,08% em janeiro para uma alta de 4,44% no mês seguinte, tornando-se o principal responsável pelo avanço do IPCA.

Segundo Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE, a influência da energia elétrica nos preços gerais foi determinante. “O subitem energia elétrica residencial passou de uma queda de 14,21% em janeiro para uma alta de 16,80% em fevereiro. Se retirássemos esse impacto do cálculo, a inflação do mês teria sido de 0,78%”, explicou.

Em outras palavras, sem o reajuste da conta de luz, o índice ainda apresentaria alta, mas em patamares mais próximos dos observados nos últimos meses.

Mudança na avaliação da meta de inflação

Além do aumento dos preços, outro fator relevante para a análise do cenário inflacionário é a mudança no modelo de avaliação da meta de inflação. Até 2024, o cumprimento da meta era medido com base no IPCA de dezembro. Agora, desde 2025, a análise considera o acumulado dos últimos 12 meses móveis.

Dessa forma, se o IPCA permanecer acima do intervalo de tolerância (4,5%) por seis meses consecutivos, a meta será considerada descumprida. Em janeiro, o acumulado de 12 meses já estava em 4,56%, e fevereiro marca o segundo mês fora do limite permitido.

Essa nova metodologia torna o acompanhamento da inflação ainda mais rigoroso e pode influenciar as decisões de política monetária do Banco Central, como eventuais ajustes na taxa Selic para conter o avanço dos preços.

Perspectivas para os próximos meses

A alta da energia elétrica em fevereiro levanta dúvidas sobre a estabilidade dos preços nos próximos meses. O impacto imediato do fim do Bônus Itaipu já foi absorvido, mas fatores como condições climáticas, custos de geração e a demanda por eletricidade podem continuar pressionando as tarifas ao longo do ano.

Além disso, o Brasil segue atento ao comportamento de outros componentes inflacionários, como combustíveis, alimentos e serviços, que também exercem forte influência sobre o IPCA. Caso a inflação continue em trajetória ascendente, o Banco Central pode rever sua estratégia de cortes na taxa de juros, o que impactaria diretamente o crédito e o consumo no país.

A inflação segue sendo um dos desafios centrais da economia brasileira em 2025, e o comportamento dos preços da energia elétrica será um fator decisivo para o rumo dos índices nos próximos meses.

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