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Brasil busca protagonismo na cadeia de minerais estratégicos para a transição energética

Durante conferência no BNDES, especialistas destacam demanda crescente e oportunidades para o país na eletrificação e descarbonização da economia global

A transição energética global está acelerando a demanda por minerais estratégicos, e o Brasil tem uma oportunidade única de se tornar um protagonista nesse novo cenário. Esse foi o tom da Conferência Internacional – Cadeia de Valor de Minerais Estratégicos para a Transição Energética e Descarbonização, realizada nesta terça-feira (11) no Rio de Janeiro, na sede do BNDES. O evento reuniu autoridades, especialistas e representantes da indústria para debater os desafios e oportunidades do setor.

O Ministério de Minas e Energia (MME) esteve presente, representado pelo secretário Nacional de Transição Energética, Thiago Barral. Ele ressaltou a necessidade de consolidar o Brasil como um fornecedor confiável de minerais essenciais para tecnologias limpas, garantindo não apenas a segurança energética nacional, mas também inserindo o país na cadeia global de suprimentos da eletrificação.

Minérios estratégicos e a expansão da eletrificação

O mundo caminha para uma eletrificação cada vez mais intensa. Dados apresentados no evento indicam que a participação da eletricidade na matriz energética global pode saltar de 20% para mais de 40% até 2050, impulsionando a demanda por minerais essenciais como lítio, níquel, cobalto, cobre e elementos de terras raras.

Barral destacou que o Plano Decenal de Expansão de Energia 2034, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sob diretrizes do MME, projeta um crescimento de quase 60% na demanda por minerais estratégicos no Brasil. Ele alertou que esse movimento exigirá investimentos robustos em mineração sustentável, processamento industrial e inovação tecnológica.

“O crescimento da matriz elétrica nos próximos dez anos será de 40%, puxando a demanda por novas cadeias de valor e minerais. Para garantirmos nossa segurança energética e liderança nesse setor, precisamos expandir nossa oferta de eletricidade e combustíveis sustentáveis, como o hidrogênio verde”, afirmou Barral.

Brasil: um gigante mineral ainda pouco explorado

Com vastas reservas minerais, uma matriz energética majoritariamente limpa e um sistema nacional de inovação em crescimento, o Brasil tem todos os elementos para liderar essa nova era da mineração sustentável. No entanto, ainda enfrenta desafios como a necessidade de regulamentação eficiente, maior agregação de valor na cadeia produtiva e infraestrutura para escoamento da produção.

A conferência promovida pelo BNDES, Finep, Ibram e ApexBrasil teve como objetivo justamente debater formas de fortalecer essa cadeia produtiva, atraindo investimentos e promovendo a industrialização dos minérios extraídos no país. O modelo ideal defendido por especialistas é um em que o Brasil não apenas exporte matéria-prima, mas desenvolva tecnologia e produtos de alto valor agregado, como baterias e componentes para veículos elétricos.

Desafios e oportunidades para o Brasil

Se o Brasil quiser se consolidar como um player global na transição energética, precisará agir rápido para superar algumas barreiras:

  • Infraestrutura e logística: A necessidade de ampliar ferrovias, portos e rotas para transporte eficiente dos minerais.
  • Sustentabilidade e ESG: Mineração com menor impacto ambiental e certificação de baixo carbono para garantir competitividade global.
  • Política industrial e inovação: Estímulos para a verticalização da cadeia produtiva, incentivando a produção local de baterias e componentes eletrônicos.
  • Parcerias internacionais: Fortalecimento de acordos comerciais e tecnológicos para inserir o Brasil nas cadeias globais de suprimentos.

A boa notícia é que o setor já começa a atrair o interesse de grandes investidores. Países como Estados Unidos, União Europeia e China buscam diversificar suas fontes de minerais críticos, o que pode representar uma janela de oportunidades para o Brasil. Se o país souber estruturar suas políticas de incentivo e regulamentação, poderá não apenas suprir a demanda global, mas atrair indústrias para se instalarem no território nacional.

Conclusão: o Brasil está pronto para liderar?

A transição energética e a corrida por minerais estratégicos são realidades que moldarão o futuro da economia global. O Brasil tem os recursos, o conhecimento e a capacidade industrial para ser uma potência nesse setor. No entanto, o tempo é curto e os concorrentes estão se movendo rapidamente.

Se houver coordenação entre governo, indústria e academia, o país poderá não apenas extrair minérios, mas transformá-los em inovação, empregos e desenvolvimento sustentável. A pergunta que fica é: estamos prontos para dar esse salto?

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