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O Paradoxo da Energia no Brasil: Cara, Abundante e um Entrave Para a Economia

Estudo revela que custo da eletricidade, burocracia e falta de inovação travam a competitividade do país, comprometendo crescimento e investimentos

O Brasil tem uma das matrizes energéticas mais limpas e diversificadas do mundo, com forte presença de fontes renováveis como hidrelétrica, eólica e solar. No entanto, ao invés de ser um diferencial competitivo para a economia, o alto custo da eletricidade se tornou um dos principais entraves ao crescimento industrial e ao desenvolvimento do país.

Essa é uma das principais conclusões de um estudo do Centro de Liderança Pública (CLP), que analisou os desafios enfrentados pelo Brasil e traçou paralelos com a situação da Europa, a partir de um relatório do ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi. Segundo o levantamento, a energia cara, a burocracia excessiva e a baixa inovação são fatores que dificultam a produtividade e a competitividade do país, afastando investimentos e limitando o crescimento econômico.

Energia cara e carga tributária elevada asfixiam a indústria

Apesar de sua matriz energética limpa e diversificada, o Brasil convive com uma eletricidade extremamente onerosa. Encargos setoriais, subsídios cruzados e uma elevada carga tributária compõem mais de 40% do valor final da conta de luz, tornando o custo da energia um dos mais altos do mundo. Para a indústria, esse cenário representa um obstáculo significativo, comprometendo a capacidade de investimento e tornando o setor produtivo brasileiro menos competitivo no mercado global.

“A energia elétrica deveria ser um fator de vantagem para o Brasil, mas se tornou um entrave”, explica Daniel Duque, gerente da Inteligência Técnica do CLP. “O custo elevado compromete a capacidade de investimento da indústria e dificulta a expansão de setores estratégicos para o crescimento econômico.”

Além disso, a complexidade do sistema regulatório e tributário também contribui para esse gargalo. As regras do setor elétrico brasileiro incluem uma série de subsídios e encargos que, embora tenham sido criados para fomentar determinados segmentos, acabam elevando a conta de luz para todos os consumidores. A consequência é um efeito cascata que impacta toda a cadeia produtiva, reduzindo a margem de lucro das empresas e desestimulando novos investimentos.

Atraso na inovação e barreiras comerciais freiam crescimento

Outro fator crítico apontado pelo estudo do CLP é a falta de investimento privado em inovação. Enquanto países desenvolvidos direcionam recursos significativos para pesquisa e desenvolvimento, o Brasil ainda enfrenta dificuldades para atrair capital para iniciativas inovadoras. A falta de segurança jurídica, o excesso de burocracia e a dificuldade de acesso a crédito para empresas inovadoras criam um ambiente pouco propício ao avanço tecnológico.

“Se o Brasil deseja competir globalmente, precisa urgentemente avançar na desburocratização e na harmonização de suas regras”, destaca Duque. “Garantir um ambiente mais favorável ao desenvolvimento econômico é essencial para atrair investimentos e fomentar a inovação.”

A dificuldade do Brasil em se integrar ao comércio internacional também é um grande entrave ao seu crescimento. Hoje, o país está entre os mercados mais fechados do mundo, com barreiras tarifárias e não tarifárias que dificultam sua participação nas cadeias globais de produção. Essa limitação reduz a competitividade da indústria nacional, que enfrenta dificuldades para expandir suas operações e acessar novos mercados.

“O Brasil precisa buscar acordos comerciais mais amplos, que envolvam não apenas a redução tarifária, mas também a convergência regulatória e a cooperação em pesquisa e inovação”, reforça Duque.

O caminho para um Brasil mais competitivo

Para reverter esse cenário, o estudo do CLP sugere uma série de medidas que poderiam destravar o potencial econômico do Brasil. A primeira delas é a revisão do modelo tarifário do setor elétrico, reduzindo encargos e tributos que encarecem a energia e tornam a indústria nacional menos competitiva.

Além disso, o país precisa investir em um ambiente mais favorável à inovação, facilitando o acesso a financiamento para empresas que buscam desenvolver novas tecnologias e modernizar seus processos produtivos. Isso passa pela redução da burocracia, pela criação de incentivos fiscais para pesquisa e desenvolvimento e pela ampliação de parcerias entre o setor público e privado.

A integração ao mercado internacional também deve ser uma prioridade. Para isso, o Brasil precisa avançar em acordos comerciais que permitam maior participação nas cadeias globais de valor, além de reduzir barreiras que dificultam a entrada de produtos e tecnologias estrangeiras que poderiam impulsionar a economia nacional.

A energia elétrica, que deveria ser um dos principais ativos estratégicos do Brasil, hoje é um dos seus maiores entraves. Se o país deseja crescer e competir no cenário global, precisa transformar esse desafio em uma oportunidade, tornando sua matriz energética um verdadeiro diferencial para a indústria e para o desenvolvimento econômico sustentável.

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