Terça-feira, Junho 3, 2025
21.8 C
Rio de Janeiro

Eletrobras e União fecham acordo e redefinem papel da estatal no setor elétrico

Conciliação no STF encerra disputa judicial e isenta empresa de investir na usina de Angra 3, mantendo participação estratégica do governo na governança

A Eletrobras e a União concluíram um acordo histórico que encerra a ação judicial em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a limitação de votos dos acionistas da companhia. O entendimento, que ainda precisa ser validado pelos acionistas e homologado pelo STF, mantém as regras estabelecidas na Lei 14.812/2021, que definiu as condições da privatização da Eletrobras.

O acordo também redefine a relação da empresa com o governo federal, garantindo à União o direito de indicar três dos dez integrantes do Conselho de Administração e um dos cinco representantes do Conselho Fiscal da estatal. Além disso, a Eletrobras deixa de ter a obrigação de investir na construção da usina de Angra 3, caso o governo decida dar continuidade ao projeto nuclear.

A negociação traz impactos relevantes para o setor elétrico brasileiro, influenciando não apenas a governança da maior empresa de energia do país, mas também o futuro da geração nuclear e da matriz energética nacional.

Fim da obrigação de investimento em Angra 3 e novo foco da Eletrobras

Com o acordo, a Eletrobras se desvincula da obrigação de aportar recursos na usina nuclear de Angra 3, um projeto de longa data que enfrenta desafios financeiros e regulatórios. No entanto, as garantias de R$ 6,1 bilhões atualmente prestadas pela empresa para os financiamentos já concedidos pelo BNDES e Caixa permanecem inalteradas.

A saída da estatal do financiamento de Angra 3 não significa o abandono do setor nuclear. A empresa continuará participando da extensão da vida útil da usina de Angra 1, por meio da aquisição de R$ 2,4 bilhões em debêntures conversíveis emitidas pela Eletronuclear. Esse recurso será destinado exclusivamente para modernizar e prolongar a operação da unidade.

O acordo também prevê que a União apoiará a Eletrobras no processo de desinvestimento de sua participação na Eletronuclear, consolidando o movimento da estatal em focar suas operações nos segmentos onde tem maior expertise e retorno estratégico.

Governança fortalecida e novos estudos para Angra 3

Outro ponto importante da conciliação é a manutenção do limite de 10% no direito de voto dos acionistas da Eletrobras, mesmo para aqueles com participação maior no capital da companhia. Essa regra foi um dos pilares da privatização e agora tem sua validade reafirmada pelo STF e pelos acionistas.

Sobre Angra 3, apesar do descompromisso financeiro da Eletrobras, os estudos de viabilidade do projeto continuarão. O acordo prevê a abertura de um novo processo de conciliação junto à Câmara de Conciliação da AGU, onde a estatal e o governo discutirão um novo estudo econômico-financeiro conduzido pelo BNDES. O objetivo é garantir que o projeto nuclear seja viável sem onerar os consumidores, respeitando o princípio da modicidade tarifária previsto na legislação de privatização da Eletrobras.

Impactos e perspectivas para o setor elétrico

A formalização desse acordo encerra uma incerteza jurídica que pairava sobre a Eletrobras desde a privatização. Com a garantia de governança e a desobrigação de investimentos na construção de Angra 3, a empresa pode redirecionar seus esforços para fontes de energia renovável, inovação e modernização da rede elétrica.

Para o governo, a possibilidade de realizar novos estudos sobre Angra 3 abre espaço para buscar alternativas de financiamento e estruturação do projeto, garantindo sua continuidade de forma economicamente sustentável.

Essa redefinição do papel da Eletrobras reflete um movimento mais amplo de reorganização do setor elétrico nacional, onde a iniciativa privada ganha mais protagonismo na geração e distribuição de energia, enquanto o governo assume um papel mais estratégico na regulação e fiscalização.

A decisão final sobre Angra 3 ainda está no horizonte, mas a conciliação no STF já representa um avanço importante para a estabilidade do setor e para a segurança jurídica da Eletrobras e de seus investidores.

Destaques

Brasil pode instalar até 24 GW em usinas solares flutuantes, aponta estudo da PSR

Potencial técnico do país ultrapassa 3.800 GW, mas limitações...

UTE GNA II entra em operação no Porto do Açu e se torna a maior usina a gás natural do Brasil

Com investimento de R$ 7 bilhões e capacidade para...

Hidrogênio de Baixa Emissão Ganha Força no Brasil e se Consolida como Pilar da Transição Energética

Plano Nacional do Hidrogênio estrutura bases para desenvolvimento sustentável,...

Últimas Notícias

ENGIE, TAG e Jirau Energia abrem inscrições para Programa de Estágio...

Com quase 30 vagas em todo o Brasil, iniciativa...

Geração de energia na América Latina cresce 8% em janeiro, com...

Relatório da OLADE revela avanço da matriz elétrica regional,...

O Grupo Bolt evitou a emissão de 7.008 toneladas de CO₂...

Atuação da empresa equivale à retirada de mais de...

Renova Energia anuncia Pedro Aparício como novo Diretor Financeiro e de...

Nomeação interina reforça compromisso da companhia com a continuidade...

Brasil pode instalar até 24 GW em usinas solares flutuantes, aponta...

Potencial técnico do país ultrapassa 3.800 GW, mas limitações...

Emae promove ações ambientais e impacta mais de mil pessoas com...

Companhia reforça compromisso com a sustentabilidade ao realizar atividades...

Artigos Relacionados

Categorias Populares