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Crise na energia eólica do Ceará: setor cobra política de Estado para retomar competitividade

Presidente do Sindienergia-CE alerta para perda de investimentos e pede diretrizes claras do governo federal

O setor de energia eólica no Ceará enfrenta um momento crítico. Mesmo sendo um dos estados pioneiros na produção dessa fonte renovável no Brasil, a falta de políticas estratégicas e incentivos vem impactando diretamente sua competitividade. Empresas locais sofrem com a estagnação do mercado, enquanto outros estados nordestinos, como Pernambuco, atraem mais investimentos e se tornam polos de crescimento.

O alerta vem de Luis Carlos Queiroz, presidente do Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis e Eficiência Energética do Estado do Ceará (Sindienergia-CE), que vê a ausência de uma política de Estado como principal fator da crise. Ele destaca que, sem diretrizes governamentais claras e incentivos adequados, a indústria eólica no Ceará pode perder ainda mais espaço.

“Criamos toda a indústria eólica aqui no Ceará, e o que vemos agora é um desmantelamento disso. Qual é a política real do governo federal para esse momento?”, questiona Queiroz.

Eólica em queda, solar em ascensão

Enquanto a energia solar cresce em ritmo acelerado, a eólica enfrenta um cenário desafiador tanto no Brasil quanto no mercado global. Uma das razões para essa disparidade é a flexibilidade da energia solar, que pode ser implantada de forma mais rápida e com menores custos iniciais. No entanto, segundo Queiroz, a indústria eólica é essencial para manter o equilíbrio da matriz energética, pois garante estabilidade e maior previsibilidade de geração.

A estagnação da energia eólica no Ceará ficou ainda mais evidente com a crise da Aeris, uma das maiores fabricantes de pás eólicas do país e importante empregadora no estado. Com a redução da demanda e a paralisação dos leilões de energia eólica nos últimos anos, a indústria enfrenta dificuldades para sustentar sua operação.

“Temos um imenso potencial de geração eólica offshore para ser explorado, mas como atrair investimentos para essa área se a produção em terra já enfrenta tantos desafios?”, questiona Queiroz.

Ceará perde espaço para Pernambuco

Outro ponto crítico levantado pelo presidente do Sindienergia-CE é a falta de competitividade tributária do Ceará em relação a outros estados do Nordeste. Pernambuco, por exemplo, já conta com dez distribuidoras de painéis solares, enquanto o Ceará possui apenas uma.

“Precisamos de políticas que atraiam empresas para o estado. Sem incentivos adequados, os investidores vão procurar locais com melhores condições fiscais e logísticas.”, alerta Queiroz.

A disparidade entre os estados reforça a necessidade de uma estratégia nacional coordenada para impulsionar a energia renovável no Brasil. Sem isso, algumas regiões podem ficar para trás, perdendo empregos e oportunidades de desenvolvimento econômico.

O que precisa ser feito?

Para que o Ceará retome seu protagonismo na energia eólica, Luis Carlos Queiroz defende ações concretas do governo federal. Isso inclui:

  • Retomada dos leilões de energia eólica, que estão paralisados há dois anos
  • Definição de incentivos fiscais e tributários para atrair novos investimentos
  • Expansão da infraestrutura de transmissão de energia, garantindo que a eletricidade gerada chegue aos centros consumidores
  • Maior planejamento para a energia eólica offshore, uma das grandes apostas para o futuro do setor

“Cabe ao governo federal definir uma política estratégica e de longo prazo. Sem isso, o setor eólico corre o risco de estagnar ainda mais, enquanto outros estados avançam em ritmo acelerado.”, conclui Queiroz.

Perspectivas da energia renovável no Ceará

O Ceará tem um potencial imenso para continuar sendo um dos líderes na geração de energia renovável no Brasil. No entanto, para que isso aconteça, é fundamental que as políticas públicas acompanhem as necessidades do setor e garantam condições favoráveis para investimentos.

O cenário atual é de alerta, mas também de oportunidade. Se houver uma estratégia bem definida e o incentivo necessário, o estado pode recuperar sua competitividade e consolidar-se como referência na energia eólica nacional.

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