Com crescimento de 528% nos últimos anos, setor fotovoltaico recebe novos aportes para ampliar infraestrutura e garantir energia limpa em regiões remotas
O Amazonas está se consolidando como uma potência emergente na geração de energia solar, impulsionado por investimentos estratégicos e pela crescente demanda por soluções sustentáveis. De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), entre 2021 e fevereiro de 2024, o setor fotovoltaico registrou um impressionante crescimento de 528%, movimentando cerca de R$ 250 milhões em investimentos. Para 2025, a projeção é ainda mais ambiciosa: dos R$ 39 bilhões que devem ser injetados no setor solar em todo o Brasil, aproximadamente R$ 200 milhões serão direcionados exclusivamente ao interior do Amazonas.
Esse avanço é liderado por iniciativas de entidades como a Associação Amazonense de Energia Solar Fotovoltaica (Amesolar), sob a presidência de Helane Souza, que também ocupa o cargo de vice-presidente de relações institucionais da Associação Nacional das Entidades Representativas de Energias Renováveis (ANER). Souza destaca que o estado ainda enfrenta desafios significativos, como a carência de infraestrutura energética, que limita a atração de grandes investidores. “As grandes usinas solares precisam de redes de transmissão e distribuição robustas para conduzir a energia gerada até os centros de consumo. Sem essa estrutura, o crescimento do setor encontra barreiras”, avalia.
Atualmente, a maior usina fotovoltaica da Região Norte gera 3,7 GWh por ano, reduzindo de forma significativa as emissões de carbono. Além disso, o Amazonas conta com 12 mini usinas solares operando em comunidades isoladas, promovendo inclusão energética e garantindo eletricidade para populações antes dependentes de combustíveis fósseis.
Expansão da rede elétrica é essencial para novos investimentos
As empresas do setor solar enxergam nos projetos de expansão da transmissão elétrica, como os Linhões de Energia, uma oportunidade para fortalecer a geração e distribuição de energia limpa. Segundo Helane Souza, o intercâmbio energético entre o Amazonas e outros estados já acontece, mas a ampliação da infraestrutura é indispensável para atrair novos investidores. “Se as redes de transmissão não tiverem capacidade para absorver a energia gerada, os investimentos correm o risco de não alcançar o impacto esperado”, alerta.
Em parceria com o Governo do Amazonas, a Amesolar planeja implantar projetos de pequeno e médio porte em diversas regiões do interior, conectados à rede de transmissão. Essa expansão deve facilitar a chegada da energia solar a áreas remotas e reduzir a dependência de fontes poluentes.
O Brasil e a expansão da energia solar
A tendência de crescimento do setor fotovoltaico não se restringe ao Amazonas. Em nível nacional, a energia solar está prestes a dar um salto significativo em 2025. De acordo com estimativas da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), a capacidade instalada no país deve crescer mais de 25%, atingindo 64,7 gigawatts (GW). Esse avanço representa um investimento superior a R$ 39 bilhões e a criação de cerca de 396,5 mil empregos diretos e indiretos.
A popularização da energia solar tem sido impulsionada por fatores como a Lei 14.300 e a Resolução Normativa 1000 da Aneel, que facilitam a adesão à geração distribuída. Com isso, residências, empresas e propriedades rurais têm investido em sistemas fotovoltaicos, reduzindo custos com eletricidade e aumentando a autonomia energética. Além disso, o crescimento do Mercado Livre de Energia tem permitido que pequenas e médias empresas escolham fornecedores e otimizem seu consumo, tornando a transição para fontes renováveis ainda mais atrativa.
Apesar do cenário promissor, o setor enfrenta desafios importantes, como a modernização da infraestrutura elétrica para suportar a crescente geração distribuída. Outro ponto de atenção é o aumento do Imposto de Importação sobre módulos fotovoltaicos, que pode impactar o custo dos projetos e limitar novas instalações.
Ainda assim, especialistas seguem otimistas quanto ao futuro da energia solar no Brasil. O avanço das tecnologias fotovoltaicas e dos sistemas híbridos – que combinam geração solar e armazenamento em baterias – promete ampliar a eficiência do setor e consolidar a energia solar como um dos pilares estratégicos da matriz energética nacional.
O Amazonas, com sua localização privilegiada e vasto potencial de geração solar, está no centro dessa transformação. O crescimento acelerado do setor, aliado a investimentos estruturais, pode garantir uma matriz elétrica mais sustentável e acessível para milhões de brasileiros.