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Cortes na geração de energia renovável diminuem em janeiro, mas perdas ainda preocupam setor

Redução dos curtailments traz alívio às geradoras, mas limitações na transmissão e disputa por ressarcimentos ainda afetam investimentos

Os cortes na geração de energia renovável no Brasil apresentaram uma leve melhora em janeiro de 2025, segundo relatório do Itaú BBA. O estudo aponta que os chamados curtailments – interrupções na produção determinadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) – recuaram para 10,2% do total gerado, contra 11,5% em dezembro de 2024.

Apesar da redução, as perdas continuam expressivas, impactando principalmente as geradoras de energia eólica e solar, que acumulam prejuízos na casa das centenas de milhões de reais devido às restrições no escoamento da energia pela rede de transmissão. O problema segue como um dos principais desafios do setor, afetando não apenas o faturamento das empresas, mas também a viabilidade econômica de novos projetos de geração renovável.

Queda nos cortes e expectativa de ressarcimento

O relatório do Itaú BBA detalha que, para a energia eólica, os cortes ficaram em 9,3% da geração total em janeiro, contra 9,5% em dezembro. Já no caso da energia solar, houve uma melhora mais significativa, com os cortes caindo de 17,8% para 12% no mesmo período.

A redução, ainda que modesta, trouxe alívio para algumas empresas do setor. Segundo o banco, Equatorial, CPFL, Eneva e Alupar foram as companhias que registraram diminuição mais expressiva no impacto das restrições. Por outro lado, Auren, Engie e Serena, além de Equatorial e CPFL, seguem entre as mais prejudicadas pelos curtailments.

Além da queda nos cortes, o Itaú BBA também destacou um ponto positivo: houve um aumento na quantidade de energia passível de ressarcimento por parte do regulador. As restrições classificadas como “indisponibilidade externa”, que garantem compensação aos geradores, atingiram 6% da geração total em janeiro, contra 0% em dezembro.

O aumento foi influenciado por falhas no bipolo de transmissão Xingu–Terminal Rio, operado pela estatal chinesa State Grid. Em janeiro, um forte temporal danificou parte das linhas de transmissão que conectam o Pará ao Rio de Janeiro, reduzindo o fluxo de energia para o Sudeste e impactando a geração renovável na região. Como consequência, 70 complexos eólicos e solares monitorados pelo Itaú BBA enfrentaram cortes no fornecimento, sendo que 14 deles ultrapassaram os limites estabelecidos pelo regulador, tornando-se elegíveis para ressarcimento. Na manhã desta quinta-feira (13/2), empresa informou que a operação do bipolo Xingu–Rio foi totalmente normalizada e está, de forma definitiva, integralmente à disposição do ONS.

Disputa judicial continua e pode impactar novos investimentos

Mesmo com a melhora nos cortes e a possibilidade de compensação, o cenário ainda não é favorável para o setor. O ressarcimento pela energia perdida continua sendo um tema de disputa judicial entre as geradoras e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A falta de consenso sobre os valores a serem pagos gera incerteza no mercado, dificultando a previsibilidade financeira das empresas e podendo comprometer decisões de novos investimentos.

O problema é que, enquanto a capacidade de geração renovável cresce rapidamente no Brasil, o ritmo de expansão da infraestrutura de transmissão não acompanha essa evolução. Isso faz com que, em momentos de alta produção e baixo consumo, a rede fique sobrecarregada, obrigando o ONS a determinar cortes para evitar instabilidades no sistema elétrico.

O futuro da geração renovável no Brasil

Apesar dos desafios, o Brasil segue como um dos países mais promissores na geração de energia renovável, e a tendência é que a participação de eólica e solar continue crescendo na matriz elétrica. O governo e agentes do setor precisam, no entanto, avançar em soluções que minimizem os impactos dos curtailments, como:

  • Expansão da rede de transmissão, garantindo que a energia gerada possa ser distribuída de forma eficiente;
  • Melhoria nas regras de ressarcimento, trazendo mais segurança financeira às geradoras;
  • Novos modelos de armazenamento de energia, reduzindo a dependência imediata da rede de transmissão;
  • Adoção de políticas que incentivem o consumo de energia renovável em períodos de alta produção.

A redução nos cortes de janeiro é um sinal positivo, mas a solução definitiva para o problema dos curtailments ainda parece distante. Enquanto isso, o setor segue em alerta, buscando alternativas para garantir a viabilidade econômica e a previsibilidade dos investimentos em geração renovável no Brasil.

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