Empresa busca aprovação da EPE para inscrever usinas e competir com térmicas a gás
A Nexblue Energia está em uma corrida contra o tempo para garantir a habilitação de suas usinas de hidrogênio verde no leilão de reserva de capacidade de energia, previsto para o final de junho de 2025. A empresa aguarda um parecer da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) até 14 de fevereiro, etapa fundamental para sua participação no certame. Se aprovada, a Nexblue poderá concorrer diretamente com térmicas a gás, oferecendo uma alternativa mais sustentável e alinhada às tendências globais de descarbonização.
Segundo Nelson Silveira, CEO da Nexblue, os parques de hidrogênio verde possuem condições de competir de forma vantajosa, uma vez que utilizam energia renovável para a eletrólise – processo que transforma eletricidade em hidrogênio. Ao contrário das térmicas a gás, que dependem de uma infraestrutura complexa de transporte e armazenamento do combustível, as usinas da Nexblue produzem o hidrogênio diretamente no local, eliminando custos logísticos e reduzindo impactos ambientais.
A empresa tem cinco instalações distribuídas entre os estados do Ceará, Piauí e Maranhão. Esses parques são considerados pequenos e não devem comprometer a oferta do leilão, que tem como objetivo garantir capacidade adicional de energia ao Sistema Interligado Nacional (SIN) para momentos de escassez ou picos de demanda.
Hidrogênio verde “invisível” no processo de habilitação
A Nexblue acompanha o processo de habilitação para o leilão desde o início, mas, segundo Silveira, a tecnologia do hidrogênio verde acabou ficando “invisível” diante do grande volume de contribuições analisadas. O Ministério de Minas e Energia já vetou a participação de usinas movidas a carvão, diesel e óleos pesados, mas a inclusão do hidrogênio verde ainda não foi claramente definida.
Se aprovada, a participação da Nexblue pode representar um avanço significativo para a diversificação da matriz energética brasileira, uma vez que os leilões de reserva de capacidade buscam fontes flexíveis, capazes de fornecer energia sob demanda sem a necessidade de operação contínua – um perfil que os parques da Nexblue atendem com eficiência.
Metanol verde: aposta na descarbonização naval
Além da participação no setor elétrico, a Nexblue aposta na produção de metanol verde como uma solução para reduzir as emissões da indústria naval. O combustível, que pode ser gerado a partir do hidrogênio verde, vem ganhando relevância global, especialmente após a Organização Marítima Internacional (IMO) estabelecer uma meta de redução de 70% das emissões do setor até 2040.
A Nexblue planeja produzir até 50 mil toneladas de metanol verde por ano, fornecendo uma alternativa viável para operadores de frete marítimo que precisam se adequar às novas regras ambientais. Com isso, a empresa não só busca espaço no setor elétrico, mas também se posiciona estrategicamente no mercado de combustíveis sustentáveis, ampliando sua atuação na transição energética global.
Próximos passos
Agora, a expectativa da Nexblue gira em torno da decisão da EPE. Caso consiga a habilitação, a empresa terá até junho para consolidar sua estratégia e disputar o leilão de reserva de capacidade. Se bem-sucedida, sua entrada pode marcar um novo capítulo na adoção do hidrogênio verde no Brasil, reforçando o compromisso do país com fontes de energia mais limpas e sustentáveis.