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CCEE Fecha 2024 com Liquidação de R$ 15,2 Bilhões no Mercado de Curto Prazo

Em dezembro, o MCP liquidou R$ 789,9 milhões, refletindo o comportamento das liminares e o risco hidrológico

O setor elétrico brasileiro fechou 2024 com um volume expressivo de transações financeiras. Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o Mercado de Curto Prazo (MCP) registrou uma liquidação de R$ 15,2 bilhões ao longo do ano. O valor reflete o cenário energético do país e os desafios enfrentados pelo setor, como a volatilidade do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) e os impactos de decisões judiciais envolvendo o risco hidrológico (GSF, na sigla em inglês).

Os números mais recentes, referentes a dezembro de 2024, indicam que o mercado liquidou R$ 789,9 milhões, dos R$ 2,2 bilhões contabilizados no período. No entanto, R$ 1,1 bilhão segue represado devido a liminares relacionadas ao GSF, fator que afeta diretamente os pagamentos e recebimentos entre os agentes do setor.

O GSF é um mecanismo que busca dividir os riscos entre os geradores hidrelétricos, mas que nos últimos anos tem sido alvo de disputas judiciais. Essas liminares impactam a adimplência dos contratos no MCP, criando um efeito cascata no mercado.

Liquidação no MCP: desafios e inadimplência

A liquidação financeira no MCP ocorre mensalmente e representa o acerto de contas entre agentes que compram e vendem energia elétrica no ambiente de contratação livre e no mercado regulado. Porém, o processo nem sempre é simples.

Em dezembro de 2024, além dos R$ 1,1 bilhão represados pelas liminares do GSF, outros R$ 203,1 milhões foram parcelados e R$ 130,8 milhões ficaram sem pagamento.

Os números mostram que o índice de adimplência varia conforme a situação jurídica dos agentes:

  • Empresas amparadas por liminares que impedem a participação no rateio do GSF receberam 83,2% dos valores devidos.
  • Agentes que pagam proporcionalmente ao rateio tiveram um índice de adimplência de 27,4%.
  • Empresas sem liminares receberam apenas 21% de seus créditos.

Esses dados indicam que, enquanto alguns agentes conseguem manter maior previsibilidade financeira devido às decisões judiciais, outros enfrentam dificuldades no recebimento dos valores devidos.

O impacto do PLD no setor elétrico

Outro fator que influenciou a liquidação no MCP em 2024 foi a variação do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), calculado diariamente pela CCEE. O PLD funciona como uma espécie de termômetro do custo da energia no mercado de curto prazo, variando conforme a oferta e a demanda.

O Brasil, por ter uma matriz energética majoritariamente baseada em hidrelétricas, sofre grande influência do regime de chuvas. Em períodos de seca, a geração hidrelétrica é reduzida, aumentando a necessidade de uso de termelétricas, que possuem um custo mais alto. Isso eleva o PLD e, consequentemente, o valor das transações no MCP. Já em períodos de chuva abundante, a oferta de energia aumenta, reduzindo o PLD e impactando os valores liquidados no mercado.

Em 2024, essas oscilações no preço da energia influenciaram diretamente o volume de dinheiro movimentado no MCP. A soma dos valores contabilizados no ano atingiu R$ 28,9 bilhões, mas apenas R$ 15,2 bilhões foram efetivamente liquidados, evidenciando os desafios financeiros do setor.

O que esperar para 2025?

O setor elétrico brasileiro passa por um momento de transformação, com um aumento significativo na participação das energias renováveis e uma maior abertura do mercado livre de energia. Para 2025, espera-se um ambiente mais equilibrado, mas ainda há desafios a serem superados, especialmente no que diz respeito à segurança jurídica e à previsibilidade dos contratos.

A expansão das fontes solar e eólica, aliada à modernização regulatória e à digitalização do setor, promete trazer maior eficiência e estabilidade para o mercado. No entanto, questões como o impacto do GSF, a variação do PLD e o crescimento da geração distribuída continuarão sendo pontos de atenção para agentes e consumidores de energia.

A CCEE seguirá monitorando as operações do MCP, buscando garantir maior transparência e previsibilidade para o setor, fundamental para a segurança energética do país.

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