Quinta-feira, Fevereiro 13, 2025
26.8 C
Rio de Janeiro

CCEE Fecha 2024 com Liquidação de R$ 15,2 Bilhões no Mercado de Curto Prazo

Em dezembro, o MCP liquidou R$ 789,9 milhões, refletindo o comportamento das liminares e o risco hidrológico

O setor elétrico brasileiro fechou 2024 com um volume expressivo de transações financeiras. Segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o Mercado de Curto Prazo (MCP) registrou uma liquidação de R$ 15,2 bilhões ao longo do ano. O valor reflete o cenário energético do país e os desafios enfrentados pelo setor, como a volatilidade do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) e os impactos de decisões judiciais envolvendo o risco hidrológico (GSF, na sigla em inglês).

Os números mais recentes, referentes a dezembro de 2024, indicam que o mercado liquidou R$ 789,9 milhões, dos R$ 2,2 bilhões contabilizados no período. No entanto, R$ 1,1 bilhão segue represado devido a liminares relacionadas ao GSF, fator que afeta diretamente os pagamentos e recebimentos entre os agentes do setor.

O GSF é um mecanismo que busca dividir os riscos entre os geradores hidrelétricos, mas que nos últimos anos tem sido alvo de disputas judiciais. Essas liminares impactam a adimplência dos contratos no MCP, criando um efeito cascata no mercado.

Liquidação no MCP: desafios e inadimplência

A liquidação financeira no MCP ocorre mensalmente e representa o acerto de contas entre agentes que compram e vendem energia elétrica no ambiente de contratação livre e no mercado regulado. Porém, o processo nem sempre é simples.

Em dezembro de 2024, além dos R$ 1,1 bilhão represados pelas liminares do GSF, outros R$ 203,1 milhões foram parcelados e R$ 130,8 milhões ficaram sem pagamento.

Os números mostram que o índice de adimplência varia conforme a situação jurídica dos agentes:

  • Empresas amparadas por liminares que impedem a participação no rateio do GSF receberam 83,2% dos valores devidos.
  • Agentes que pagam proporcionalmente ao rateio tiveram um índice de adimplência de 27,4%.
  • Empresas sem liminares receberam apenas 21% de seus créditos.

Esses dados indicam que, enquanto alguns agentes conseguem manter maior previsibilidade financeira devido às decisões judiciais, outros enfrentam dificuldades no recebimento dos valores devidos.

O impacto do PLD no setor elétrico

Outro fator que influenciou a liquidação no MCP em 2024 foi a variação do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), calculado diariamente pela CCEE. O PLD funciona como uma espécie de termômetro do custo da energia no mercado de curto prazo, variando conforme a oferta e a demanda.

O Brasil, por ter uma matriz energética majoritariamente baseada em hidrelétricas, sofre grande influência do regime de chuvas. Em períodos de seca, a geração hidrelétrica é reduzida, aumentando a necessidade de uso de termelétricas, que possuem um custo mais alto. Isso eleva o PLD e, consequentemente, o valor das transações no MCP. Já em períodos de chuva abundante, a oferta de energia aumenta, reduzindo o PLD e impactando os valores liquidados no mercado.

Em 2024, essas oscilações no preço da energia influenciaram diretamente o volume de dinheiro movimentado no MCP. A soma dos valores contabilizados no ano atingiu R$ 28,9 bilhões, mas apenas R$ 15,2 bilhões foram efetivamente liquidados, evidenciando os desafios financeiros do setor.

O que esperar para 2025?

O setor elétrico brasileiro passa por um momento de transformação, com um aumento significativo na participação das energias renováveis e uma maior abertura do mercado livre de energia. Para 2025, espera-se um ambiente mais equilibrado, mas ainda há desafios a serem superados, especialmente no que diz respeito à segurança jurídica e à previsibilidade dos contratos.

A expansão das fontes solar e eólica, aliada à modernização regulatória e à digitalização do setor, promete trazer maior eficiência e estabilidade para o mercado. No entanto, questões como o impacto do GSF, a variação do PLD e o crescimento da geração distribuída continuarão sendo pontos de atenção para agentes e consumidores de energia.

A CCEE seguirá monitorando as operações do MCP, buscando garantir maior transparência e previsibilidade para o setor, fundamental para a segurança energética do país.

Destaques

Hidrogênio verde pode disputar leilão de energia em 2025

Empresa busca aprovação da EPE para inscrever usinas e...

Sudene aprova R$ 62,6 milhões para projeto eólico na Paraíba

Financiamento é destinado à Central Eólica Borborema II, em...

ABEEólica Divulga Prioridades Legislativas para o Setor Eólico em 2025

A associação destaca questões chave como a eliminação de...

ANEEL Aperfeiçoa Procedimentos de Rede e Regras de Comercialização de Serviços Ancilares

O novo regulamento, aprovado após Consulta Pública, adapta as...

Ceará recebe novo complexo solar de R$ 800 milhões e avança na transição energética

Projeto da Kroma Energia terá capacidade para abastecer 290...

Últimas Notícias

Hidrogênio verde pode disputar leilão de energia em 2025

Empresa busca aprovação da EPE para inscrever usinas e...

EDP amplia portfólio de energia solar nos EUA e reforça parceria...

Três novos parques solares entregues no Illinois e no...

Eletrobras recupera mais de R$ 142 milhões após bloqueio controverso de...

Decisão da Justiça Federal e do CNJ suspende levantamento...

Sudene aprova R$ 62,6 milhões para projeto eólico na Paraíba

Financiamento é destinado à Central Eólica Borborema II, em...

Da defesa reativa à proativa: O novo cenário da cibersegurança em...

Por Alessandro Buonopane, CEO Brasil da GFT TechnologiesO panorama...

ENGIE Brasil Energia Conquista Posição de Destaque no Ranking Global de...

Reconhecida pela S&P Global, a empresa agora integra o...

Artigos Relacionados

Categorias Populares