Evento Energyear Brasil 2025 reúne especialistas para debater inovações e desafios do setor elétrico no país
Nos dias 5 e 6 de fevereiro, São Paulo foi palco de um dos eventos mais importantes do setor energético nacional: o Energyear Brasil 2025. Com cerca de 700 participantes, entre especialistas, empresários e investidores, o encontro destacou temas essenciais para o futuro da energia renovável no país, como o armazenamento de energia, a expansão da energia solar e eólica, e os desafios da infraestrutura elétrica.
O evento mostrou que, apesar dos avanços, o Brasil ainda precisa superar barreiras para garantir a segurança energética e atrair investimentos para consolidar sua posição de liderança na transição para uma matriz energética mais sustentável. Entre as questões debatidas, destacou-se o papel do hidrogênio verde, as novas regulamentações para baterias de armazenamento e os impactos do cenário geopolítico internacional sobre o mercado sul-americano.
Armazenamento de energia: o pilar da estabilidade energética
Um dos temas mais debatidos foi o armazenamento de energia, um desafio que precisa ser enfrentado para que a expansão das fontes renováveis ocorra de forma sustentável. Com o crescimento da energia solar e eólica no país, soluções como baterias e sistemas híbridos tornam-se essenciais para evitar desperdícios e garantir estabilidade no fornecimento.
Segundo Rubén Ramírez, Business Development Manager LATAM da Energyear, o Brasil está avançando na busca por soluções eficientes de armazenamento, mas ainda há um longo caminho a percorrer. “O mercado está demandando soluções, e isso impulsiona o desenvolvimento de projetos com baterias e sistemas híbridos. O armazenamento é essencial para garantir a estabilidade da matriz energética e evitar apagões”, afirmou.
O especialista também destacou a importância do hidrogênio verde, que passou por um momento de grande euforia, mas ainda enfrenta desafios técnicos e logísticos. “O hidrogênio será um vetor essencial para a descarbonização, mas sua viabilidade depende de investimentos pesados e avanços tecnológicos. Além disso, a logística de transporte ainda é complexa, já que os gasodutos convencionais não são compatíveis com hidrogênio puro”, explicou.
Energia eólica e solar: crescimento acelerado, mas desafios persistem
O Brasil tem um dos maiores potenciais eólicos do mundo, com ventos constantes e favoráveis, especialmente no Nordeste. No entanto, a falta de infraestrutura de transmissão tem sido um gargalo para o setor. Para Ramírez, esse é um ponto crucial: “Sem transmissão, não há transição energética. Precisamos avançar na regulamentação, nos estudos de impacto ambiental e na infraestrutura de escoamento da energia gerada”.
Já no setor solar, o crescimento é ainda mais expressivo. Em 2024, o Brasil alcançou 53 GW de capacidade instalada, consolidando-se como uma das principais potências globais nessa fonte de energia. Segundo Guilherme Chrispim, da S2 Latam, o país tem potencial para crescer ainda mais nos próximos anos, principalmente com o avanço da regulação sobre armazenamento de energia.
“A energia solar já é uma realidade no Brasil, mas o próximo passo é aprimorar a gestão do sistema elétrico com tecnologias de armazenamento. Isso permitirá um uso mais eficiente da energia gerada, garantindo um sistema mais equilibrado e sustentável”, afirmou Chrispim.
Cenário geopolítico e oportunidades na América do Sul
As mudanças no cenário político e econômico global também foram debatidas no Energyear Brasil 2025. O anúncio do congelamento de projetos de energia eólica offshore nos EUA, por exemplo, pode impactar a América do Sul, abrindo oportunidades para investimentos no setor na região.
“O Brasil e outros países da América Latina têm um potencial gigantesco para atrair investidores que buscam mercados estáveis e promissores. No entanto, para que isso ocorra, é fundamental garantir segurança jurídica e estabilidade política”, alertou Ramírez.
Um bom exemplo citado foi o Chile, que, mesmo com mudanças de governo, conseguiu manter um ambiente regulatório estável, favorecendo a atração de capital estrangeiro. Já a Colômbia, apesar de ter ventos extremamente favoráveis para geração eólica, ainda enfrenta dificuldades devido à falta de regulamentação adequada, o que afasta investidores.
No contexto do Mercosul, o Brasil se destaca como o principal mercado de energia renovável da região. A troca de experiências com outros países pode acelerar ainda mais a transição energética e fortalecer o país como um polo de inovação no setor elétrico.
COP 30: uma oportunidade estratégica para o Brasil
O Brasil se prepara para sediar, em 2025, a COP 30, um dos eventos mais importantes do mundo sobre mudanças climáticas. Para especialistas do Energyear Brasil, essa é uma oportunidade única para o país consolidar seu papel de liderança na agenda ambiental global.
“A COP 30 permitirá ao Brasil mostrar ao mundo sua capacidade de impulsionar a transição energética e reforçar seu compromisso com a redução das emissões de carbono. Além disso, será um momento estratégico para atrair investimentos e desenvolver políticas públicas que favoreçam a expansão das energias renováveis”, destacou Chrispim.
Ramírez complementou, afirmando que a conferência será um marco para a América Latina. “O Brasil tem um enorme potencial para liderar as discussões sobre energia limpa e sustentabilidade. Sediar a COP 30 reforça o compromisso do país com a agenda climática e pode atrair ainda mais investidores para o setor”, disse.
Futuro promissor, mas com desafios a superar
O Energyear Brasil 2025 mostrou que o país tem todas as condições para se tornar um dos protagonistas da transição energética global, mas ainda enfrenta desafios importantes, como a necessidade de maior infraestrutura, avanços regulatórios e segurança para investidores.
Com um mercado aquecido, soluções inovadoras e um ambiente cada vez mais favorável para energias renováveis, o Brasil se posiciona como um dos grandes competidores mundiais no setor elétrico. Resta agora transformar todo esse potencial em realidade, garantindo um futuro mais sustentável e competitivo para o país.