Financiamento busca ampliar a produção de etanol e energia a partir de biomassa, com foco em sustentabilidade e inovação nas unidades industriais
Em uma medida que reforça o compromisso do Brasil com a sustentabilidade e a transição energética, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de R$ 480 milhões para a Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA). O investimento será destinado à ampliação da produção de etanol e energia renovável, além da modernização de suas unidades industriais e aquisição de equipamentos agrícolas.
O financiamento está dividido em dois grandes blocos: R$ 220 milhões provenientes do Fundo Clima e R$ 260 milhões do programa BNDES Máquinas e Serviços. Ambos os recursos serão aplicados em projetos estratégicos que abrangem a ampliação da capacidade produtiva, modernização industrial e fortalecimento da cadeia de biocombustíveis.
Etanol e energia limpa em destaque
A unidade Vale do Pontal, localizada em Limeira do Oeste (MG), será a principal beneficiada com os R$ 220 milhões do Fundo Clima. O objetivo é ampliar a produção de etanol anidro em até 85 mil m³ por ano, alcançando uma produção total de 205 mil m³ por safra. Além disso, a geração de energia a partir da biomassa será duplicada, passando de 34 MW para 68 MW, com o aumento da capacidade de geração de vapor de 230 t/h para 430 t/h.
O investimento total na Vale do Pontal será de R$ 289,4 milhões e deve gerar mais de 500 empregos, impactando positivamente a economia local e o setor sucroalcooleiro. A ampliação também aumentará a emissão de Créditos de Descarbonização (CBios), que são comercializados como instrumentos de compensação de emissões de gases de efeito estufa, reforçando o papel do etanol na política de descarbonização brasileira.
Atualmente, a unidade tem capacidade para processar 2,7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, produzindo etanol hidratado, açúcar tipo VHP (destinado à exportação) e energia elétrica. Com o novo financiamento, a capacidade será elevada para 4 milhões de toneladas de cana por safra, consolidando sua posição como uma das maiores usinas do país.
Modernização industrial e maquinário agrícola
Os R$ 260 milhões do programa BNDES Máquinas e Serviços serão aplicados nas três principais unidades do grupo CMAA: Vale do Pontal, Vale do Tijuco e Canápolis. Os recursos serão utilizados para modernização industrial, aquisição de maquinário agrícola e automação, permitindo maior eficiência operacional e competitividade no mercado.
As três unidades aplicarão os recursos da seguinte forma: R$ 50 milhões para Vale do Pontal, R$ 160 milhões para Vale do Tijuco e R$ 50 milhões para Canápolis. O financiamento também poderá ser direcionado para capital de giro e aquisição de bens industrializados nacionais ou equipamentos importados sem similar nacional.
Segundo Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, o financiamento está alinhado às diretrizes do governo federal, que busca ampliar a produção de biocombustíveis e energia limpa como pilares da política de descarbonização. “A produção de vapor a partir do bagaço da cana-de-açúcar, por exemplo, é um exemplo concreto de como a biomassa pode contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estufa”, destacou Mercadante.
Sustentabilidade e impacto econômico
Carlos Eduardo Turchetto Santos, CEO do grupo CMAA, celebrou o apoio financeiro como essencial para impulsionar os investimentos de longo prazo e reforçar o compromisso da empresa com a sustentabilidade. “Com este apoio, daremos mais um passo importante para fortalecer o crescimento de nossos negócios e contribuir com o desenvolvimento econômico e ambiental do Brasil. Estamos confiantes de que esta conquista trará resultados expressivos, beneficiando não apenas a CMAA, mas toda a cadeia produtiva que apoiamos”, afirmou.
Além disso, José Luís Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, ressaltou que a operação está alinhada à nova política industrial do país. “A grande capacidade de produção de biocombustíveis é um diferencial brasileiro no campo da descarbonização e transição energética, compondo um dos pilares do Plano Mais Produção”, explicou.