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Marco Regulatório da Offshore Avança no Senado, mas Polêmica sobre Carvão Divide Parlamentares

Marco regulatório de energia offshore avança no Senado, mas subsídios ao carvão dividem opiniões

Exploração de energias limpas em alto-mar ganha estrutura legal, mas trechos sobre termelétricas a carvão e gás geram debate acirrado entre senadores.

O marco regulatório para a exploração de energia elétrica offshore deu um passo importante ao ser aprovado pela Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado nesta terça-feira (10). O projeto, que visa regulamentar o aproveitamento de fontes como energia eólica, solar e das marés em águas brasileiras, agora segue para votação no Plenário.

Apesar de representar um avanço significativo para as energias renováveis, o texto enfrentou fortes críticas devido à inclusão de trechos que privilegiam termelétricas a carvão mineral e gás natural, considerados altamente poluentes. O tema provocou divergências entre os parlamentares, especialmente pelo impacto financeiro e ambiental envolvido.

Energias limpas ganham marco regulatório

A parte central do projeto é voltada para regulamentar a exploração de energia elétrica em alto-mar (offshore), englobando o mar territorial, a plataforma continental e a Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Brasil. Segundo o texto, a geração de energia offshore só poderá ser feita mediante autorização ou concessão, com critérios rigorosos de avaliação de impacto ambiental e viabilidade econômica.

As principais diretrizes do marco incluem:

  • Proibição de exploração em áreas sensíveis: Locais tombados como patrimônio cultural e natural, rotas de navegação e áreas de uso militar serão protegidos.
  • Etapas obrigatórias para concessão: O processo de outorga prevê duas fases: a de avaliação (estudos de viabilidade) e a de execução (implantação e operação).
  • Cláusulas específicas em contratos de cessão: Os editais deverão incluir sanções para descumprimento de obrigações, requisitos para promoção da indústria nacional e entrega de relatórios regulares à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O senador Weverton (PDT-MA), relator do projeto, destacou o potencial transformador da proposta “Esse marco é essencial para atrair investimentos em energia limpa e garantir a diversificação da matriz energética do Brasil, especialmente em um momento de transição energética global.”

Polêmicas sobre carvão e gás natural

Embora o marco regulatório tenha sido celebrado como um avanço para as energias renováveis, o texto foi alvo de críticas devido à inclusão de dispositivos que ampliam benefícios para termelétricas a carvão e gás natural, especialmente na Região Sul do país. Esses dispositivos foram inseridos durante a tramitação na Câmara dos Deputados e não constavam na versão original do projeto.

A principal polêmica gira em torno da extensão de subsídios às termelétricas e da obrigatoriedade de o governo federal contratar essas usinas e construir gasodutos. O senador Otto Alencar (PSD-BA) sugeriu a exclusão desses trechos, mas o destaque foi rejeitado por ampla maioria (14 votos a 3).

Otto Alencar alertou para o impacto financeiro da medida, que poderá gerar custos de até R$ 658 bilhões em 27 anos aos consumidores brasileiros “É um contrassenso inserir subsídios para fontes altamente poluentes em um projeto que deveria priorizar energias limpas. Isso não é sustentável nem para o meio ambiente nem para o bolso do consumidor.”

O senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo, reconheceu o problema e sugeriu que o trecho seja vetado pelo presidente da República. Já Omar Aziz (PSD-AM) questionou a eficácia dos subsídios “Historicamente, esses incentivos não chegam ao consumidor, ficando na mão de empresários. Precisamos de maior transparência e resultados concretos.”

Por outro lado, o relator Weverton defendeu os dispositivos relativos ao carvão, argumentando que as usinas térmicas geram empregos e adotam medidas de mitigação ambiental. Marcos Rogério (PL-RO) e Eduardo Braga (MDB-AM) destacaram a importância dessas usinas para garantir segurança energética em períodos de estiagem, quando a geração hidrelétrica é prejudicada.

Perspectivas para o futuro da energia offshore

A exploração de energia offshore é vista como uma alternativa promissora para diversificar a matriz energética do Brasil e reduzir a dependência de fontes poluentes. Estudos indicam que o potencial eólico nas águas brasileiras é imenso, com capacidade técnica estimada em mais de 700 GW.

Além disso, o marco regulatório é esperado para atrair investimentos bilionários, impulsionar o desenvolvimento de tecnologias renováveis e criar milhares de empregos no setor. Contudo, a inclusão de subsídios às termelétricas pode desviar recursos que poderiam ser aplicados diretamente em fontes limpas, comprometendo parte dos avanços esperados.

O próximo capítulo será a votação no Plenário do Senado, onde os parlamentares terão a chance de ajustar o texto antes de enviá-lo à sanção presidencial. Caso aprovado, o marco regulatório representará um passo decisivo para a modernização da política energética do país, apesar das controvérsias.

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