Indústria Eólica em Alerta: Meio Milhão de Técnicos Serão Necessários até 2028 para Sustentar Transição Energética

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Relatório global aponta déficit de profissionais para atender ao crescimento da energia eólica onshore e offshore; capacitação e políticas públicas são cruciais para o sucesso do setor

A expansão da energia eólica, uma das principais soluções para atingir metas globais de descarbonização, enfrenta um grande desafio: a falta de profissionais capacitados. Segundo o Global Wind Workforce Outlook, divulgado pelo Global Wind Energy Council (GWEC) em parceria com a Global Wind Organisation (GWO), o setor precisará de 532.000 novos técnicos até 2028 para sustentar o crescimento das frotas onshore e offshore.

O relatório alerta que 40% dessas vagas serão ocupadas por novos profissionais, o que evidencia a necessidade de investimentos urgentes em capacitação técnica, treinamento vocacional e políticas públicas que incentivem a inclusão e a transição de trabalhadores de setores intensivos em carbono.

“Os governos e a indústria precisam trabalhar juntos para construir uma força de trabalho resiliente e qualificada, essencial para atender à demanda global por energia limpa e cumprir as metas de zero emissões líquidas”, afirmou Ben Backwell, CEO do GWEC.

Um Desafio Global e Estratégias para Superação

O estudo foca em dez países estratégicos – Brasil, China, Alemanha, Austrália, Índia, Filipinas, Coreia do Sul, Estados Unidos, Arábia Saudita e África do Sul –, que representam 73% da força de trabalho técnica necessária no setor até o final da década. Entre as soluções propostas, o relatório apresenta nove medidas-chave que governos e empresas podem adotar para suprir a demanda:

  1. Metas de força de trabalho em políticas energéticas nacionais, alinhadas ao crescimento da energia renovável.
  2. Promoção de cursos STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) para formar jovens talentos.
  3. Investimento em programas de requalificação técnica e aprendizado, especialmente em eólica offshore.
  4. Incentivos para empregos locais em regiões com projetos eólicos, fomentando economias locais.
  5. Requalificação de trabalhadores de indústrias de carbono intenso, como petróleo e gás.
  6. Políticas de diversidade e inclusão para atrair novos talentos e reduzir a evasão de profissionais.
  7. Simplificação regulatória e facilitação de mobilidade internacional de trabalhadores.
  8. Estabelecimento de padrões globais de segurança e saúde para técnicos eólicos.
  9. Adaptação de padrões internacionais de treinamento às realidades locais.

O Papel do Brasil no Cenário Global

O Brasil, com um potencial vasto para energia eólica onshore e offshore, destaca-se como uma peça-chave nesse panorama. O país já possui um mercado consolidado na geração onshore e desponta como uma das promessas para projetos offshore.

“O crescimento do setor no Brasil é uma oportunidade para gerar empregos qualificados, diversificar a matriz energética e acelerar a transição para uma economia de baixo carbono”, explicou um especialista da GWEC.

Contudo, a falta de programas de capacitação alinhados às demandas da indústria pode limitar o progresso. É essencial que o Brasil amplie cursos técnicos voltados à energia renovável, promova políticas inclusivas e crie incentivos para atrair profissionais de outros setores, especialmente aqueles em transição das indústrias de combustíveis fósseis.

Por que Isso é Urgente?

O crescimento da energia eólica é fundamental para reduzir emissões de gases de efeito estufa e enfrentar a crise climática. No entanto, sem uma força de trabalho qualificada, o ritmo de expansão pode ser severamente impactado, comprometendo o alcance das metas de transição energética em diversos países.

A escassez de mão de obra já é um gargalo em mercados emergentes e maduros. Como destacou Jakob Lau Holst, CEO da GWO, “o foco nas pessoas é essencial para o crescimento sustentável do setor e para garantir que a transição energética seja inclusiva e eficaz”.

O relatório também enfatiza que a inovação tecnológica, combinada com uma força de trabalho bem treinada, é crucial para maximizar o potencial da energia eólica. Brian Allen, CEO da Beam, reforçou: “A convergência entre tecnologia, como IA, e uma força de trabalho robusta será determinante para alcançar metas globais de energia renovável”.

Conclusão: Uma Oportunidade de Transformação

Embora os desafios sejam significativos, o momento atual apresenta uma oportunidade única para governos e indústrias redefinirem suas prioridades e investirem no desenvolvimento humano. A energia eólica é uma das principais aliadas na luta contra as mudanças climáticas, mas, para isso, precisa de pessoas preparadas para construir e operar as frotas que alimentarão o mundo de forma limpa e sustentável.

O Brasil e outros países com forte potencial no setor devem aproveitar o momento para liderar a transição energética, criando empregos, capacitando profissionais e promovendo uma economia mais justa e sustentável.

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