Comissão da Câmara dos Deputados debate o uso de tecnologias sustentáveis para transformar resíduos urbanos em energia limpa e mitigar impactos ambientais
A Câmara dos Deputados vai discutir nesta quarta-feira, 27 de novembro, uma proposta inovadora que pode transformar a gestão de resíduos sólidos urbanos no Brasil e contribuir para a geração de energia limpa. A Comissão de Desenvolvimento Econômico, liderada pelo deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), realizará um debate sobre a recuperação energética de resíduos. A proposta visa não apenas tratar do reaproveitamento dos resíduos sólidos, mas também explorar seu potencial para a produção de energia elétrica e térmica por meio de tecnologias sustentáveis.
A recuperação energética transforma os resíduos sólidos urbanos, frequentemente descartados em aterros ou lixões, em fontes de energia, aproveitando o calor contido nesses materiais. Ao invés de enterrar o lixo, como ocorre na maior parte do Brasil, a tecnologia permite que ele seja tratado de maneira mais eficaz, diminuindo impactos ambientais como a contaminação dos recursos hídricos e reduzindo os custos elevados com a saúde pública. No contexto atual de crescente preocupação com as questões ambientais e com a escassez de recursos energéticos, a recuperação energética representa uma solução promissora para o país.
O Impacto das Usinas de Recuperação Energética
O deputado Daniel Almeida argumenta que a instalação de usinas de recuperação energética no Brasil pode evitar custos de até R$ 220 bilhões nos próximos 40 anos. Esse valor se refere aos custos que seriam gerados por problemas como a má gestão de resíduos, como a contaminação do solo e da água, além dos custos de saúde pública associados aos lixões e aterros sanitários. Além disso, ele destaca que esse modelo geraria cerca de 200 mil empregos e impulsionaria a economia circular, fortalecendo a produção e o consumo sustentável no país.
Atualmente, enquanto países como o Japão, os Estados Unidos e membros da União Europeia já possuem cerca de 3 mil usinas de recuperação energética, o Brasil ainda avança lentamente nesse setor. No entanto, a primeira usina de recuperação energética da América Latina está prevista para começar a operação em 2025, em Barueri (SP), o que representa um marco importante para o país na implementação de uma alternativa sustentável à gestão de resíduos.
A recuperação energética de resíduos tem se mostrado uma alternativa eficaz ao incineramento convencional, pois não apenas gera energia de maneira mais limpa, mas também pode reduzir a quantidade de lixo que precisa ser descartada, contribuindo para a diminuição de aterros e lixões. As usinas de recuperação energética se tornam, assim, uma solução multifacetada: tratam resíduos de forma mais eficiente, geram energia limpa e oferecem uma alternativa de geração de emprego e de desenvolvimento econômico local.
A Relevância do Debate e dos Convidados
Durante o debate, que será realizado no Plenário 5, os especialistas convidados discutirão como tornar mais viável a implementação de projetos que unam a produção de energia elétrica limpa à gestão eficiente de resíduos sólidos urbanos. Entre os convidados confirmados estão representantes de órgãos governamentais, especialistas do setor privado e representantes de associações de resíduos e energia sustentável.
A lista de convidados inclui nomes importantes como Osvaldo Luiz de Moraes, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Eduardo Santos, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMAMC), e Yuri Schmitke Almeida Belchior Tisi, presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN). Além disso, o evento contará com a presença de especialistas de instituições como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marquise Ambiental, Associação Brasileira do Biogás (ABIOGÁS) e Associação Brasileira de Baterias Automotivas e Industriais (ABRABAT).
Esses especialistas discutirão as melhores práticas e políticas para a implementação de usinas de recuperação energética de resíduos no Brasil, com foco no desenvolvimento sustentável e na eficiência energética. Eles também abordarão questões de financiamento, infraestrutura necessária e a conscientização pública sobre os benefícios ambientais e econômicos da tecnologia.
Um Caminho para o Futuro
O Brasil, com sua crescente população e um alto índice de geração de resíduos urbanos, enfrenta um desafio significativo em termos de gestão de lixo. A solução de recuperação energética é vista como uma alternativa estratégica para transformar um problema crônico em uma oportunidade de inovação e desenvolvimento sustentável. No entanto, o sucesso de tais iniciativas depende de uma série de fatores, incluindo políticas públicas eficazes, investimentos em infraestrutura e um compromisso crescente da sociedade em adotar práticas mais responsáveis em relação ao consumo e descarte de resíduos.
A recuperação energética de resíduos pode ser uma solução de longo prazo para o Brasil, que não apenas resolveria questões ambientais prementes, mas também se alinharia às tendências globais de energia limpa e economia circular.
