Estudo da Envol Energy Consulting aponta potencial de crescimento acelerado na demanda elétrica, impulsionado pela transição energética e políticas sustentáveis
O Brasil está em uma encruzilhada estratégica para consolidar sua posição como líder global na transição energética e no combate às mudanças climáticas. Segundo a Envol Energy Consulting, consultoria de energia recém-chegada ao país, a adoção de políticas robustas de reindustrialização verde pode gerar até R$ 275,3 bilhões em investimentos adicionais para geração de energia renovável até 2034.
Essa projeção se baseia em cenários que consideram um aumento na demanda elétrica entre 3,1% e 6% ao ano, impulsionado pela eletrificação de processos industriais, adoção de veículos elétricos e implementação de tecnologias emergentes como hidrogênio verde e armazenamento de energia.
De acordo com Alexandre Viana, CEO da Envol, a transição energética não é apenas uma necessidade ambiental, mas também uma oportunidade econômica.
“O Brasil tem a chance de aproximar seu consumo de energia per capita dos níveis de países desenvolvidos, alcançando uma média de 5.123 kWh em 2034 no cenário mais otimista”, explica Viana.
Os Cenários de Crescimento
No cenário atual, sem mudanças significativas nas políticas públicas, o Brasil prevê investimentos de R$ 328,4 bilhões em geração de energia solar e eólica, baseando-se nas taxas de crescimento do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2034). Este plano projeta um crescimento médio da demanda de 2,8% ao ano até 2028 e de 3,1% entre 2029 e 2034.
Já no cenário moderado, com políticas de reindustrialização verde e incentivo à transição energética, os investimentos podem subir para R$ 492 bilhões, um acréscimo de R$ 163,6 bilhões. O crescimento acelerado, por sua vez, considera um alinhamento ainda mais amplo com megatendências globais, como regulamentação para usinas eólicas offshore e maior integração de tecnologias limpas. Nesse caso, os investimentos atingem R$ 603,7 bilhões, R$ 275,3 bilhões acima do cenário base.
Transição Energética como Motor Econômico
A reindustrialização verde, alinhada à descarbonização e à eletrificação, não apenas favorece o meio ambiente, mas também estimula a economia. Entre as principais tendências estão:
- Hidrogênio verde: fundamental para descarbonizar indústrias pesadas;
- Armazenamento de energia: garante estabilidade para fontes intermitentes como solar e eólica;
- Veículos elétricos e eletrificação industrial: contribuem para um consumo energético mais eficiente e limpo;
- Geração distribuída: amplia o acesso a fontes renováveis para consumidores residenciais e empresariais.
De acordo com o estudo, o Brasil pode liderar a adoção dessas tecnologias graças à sua matriz energética já predominantemente renovável e às condições favoráveis para atrair investimentos estrangeiros.
“Grandes players internacionais enxergam o Brasil como um mercado estratégico para a transição energética. O potencial para atração de capital é imenso, desde que o ambiente regulatório seja favorável”, destaca Viana.
O Papel Estratégico da Regulação
A regulação é um dos pilares para viabilizar o cenário de crescimento acelerado. A aprovação do Marco Legal do Hidrogênio, as regras para usinas eólicas offshore e a regulamentação de tecnologias emergentes serão decisivas para atrair capital e garantir segurança jurídica.
“O Brasil tem tradição em regulação eficiente no setor elétrico, mas precisamos avançar nas novas tecnologias sem sobrecarregar o consumidor com subsídios ou encargos excessivos”, alerta o executivo.
Impacto na Economia e no Mercado de Energia
Além de atrair investimentos para o setor elétrico, a transição verde movimentará a economia em outras frentes, desde o mercado de consultoria energética até a capacitação de mão de obra especializada.
A Envol Energy Consulting, que iniciou operações no Brasil este mês, prevê posicionar-se entre as três maiores consultorias do segmento em três anos.
“O mercado de consultoria em energia está crescendo globalmente, e o Brasil é peça-chave nesse movimento. Temos condições naturais e um marco regulatório que, se bem ajustado, podem transformar o país em uma potência energética sustentável”, conclui Viana.