Empresas globais ficam aquém no uso de energias renováveis, revela relatório da CDP na COP29

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Metas de eletricidade 100% renovável ainda são compromisso de apenas 10% das companhias, apesar das oportunidades de economia e redução de emissões

No “Dia da Energia” da COP29, realizado nesta semana, a organização sem fins lucrativos CDP divulgou um relatório preocupante sobre o uso de energias renováveis pelas principais empresas globais. O documento mostra que quase metade dessas companhias ainda não utiliza eletricidade de fontes renováveis, evidenciando um ritmo de transição mais lento do que o necessário para cumprir as metas climáticas globais.

Segundo o relatório, apenas 10% das 936 empresas avaliadas comprometeram-se com o uso de eletricidade 100% renovável. Entre aquelas que já estabeleceram metas de transição, a média de uso de eletricidade renovável atinge 53% do mix total. Apesar disso, o relatório ressalta que alcançar os objetivos estabelecidos na COP28, de triplicar a capacidade de energias renováveis e dobrar a eficiência energética, exigirá um engajamento mais robusto e urgente do setor corporativo.

Amir Sokolowski, Diretor de Mudanças Climáticas do CDP, enfatizou a necessidade de acelerar essa transição. “A maioria das empresas ainda está se movendo muito lentamente em direção à eletricidade renovável, apesar de ser de seu interesse comercial fazê-lo. O caminho a seguir exige que empresas de todos os tamanhos priorizem metas verificáveis de uso e compra de energia renovável, juntamente com metas de eficiência energética. Sem isso, a transição energética global corre o risco de estagnar”, alertou Sokolowski.

Eficiência Energética: Uma Oportunidade Desperdiçada

Outro dado alarmante é o baixo uso da eficiência energética como ferramenta de redução de emissões. Menos de 5% das empresas analisadas estabeleceram metas de eficiência, embora essa prática ofereça benefícios claros de redução de custos e impacto ambiental. A CDP aponta que o aumento das iniciativas de eficiência poderia acelerar o progresso do setor corporativo em direção a um futuro de energia mais limpa.

O relatório destaca que, atualmente, quase 10.000 empresas, que juntas representam aproximadamente um quarto do uso comercial global de eletricidade (comparável ao consumo de eletricidade de toda a Índia), contribuem para o sistema mundial de divulgação ambiental do CDP. Esses dados, segundo a organização, são cruciais para impulsionar a ambição de novas metas e a criação de mercados mais eficazes para energias renováveis.

A Influência dos Grandes Consumidores

O relatório da CDP identificou um grupo de 682 empresas “superusuárias”, responsáveis por mais de 75% das compras totais de eletricidade divulgadas, ressaltando o impacto potencial que essas empresas têm para transformar o mercado. Embora mais de 80% dessas grandes corporações utilizem algum nível de energia renovável, seu consumo médio de eletricidade renovável ainda está em 33%, abaixo da média de 47% das empresas menores. Esse dado evidencia uma oportunidade perdida para que as grandes empresas usem seu poder de compra para impulsionar o desenvolvimento de fontes renováveis.

Entre as “superusuárias”, destacam-se empresas como Deutsche Telekom, Microsoft e Robert Bosch, que já ultrapassam 90% de uso de eletricidade renovável. Porém, na média, esses grandes consumidores ainda estão distantes de alcançar a transição energética necessária, mesmo com seu consumo de eletricidade equivalendo ao uso anual de quase 95.000 residências nos EUA.

Desafios de Transparência

Outro ponto crítico apresentado pelo relatório é a transparência dos dados corporativos relacionados ao uso de energias renováveis. O CDP identificou que, apesar de 29% das empresas alegarem obter eletricidade de fontes renováveis, apenas 16% dessas afirmações puderam ser verificadas de maneira independente. Além disso, apenas um em cada quatro empresas possui verificação de terceiros para suas emissões relacionadas à energia (escopo 2). Essa lacuna na transparência dificulta o monitoramento preciso do progresso corporativo e a criação de mercados eficazes para energias limpas.

“A transparência é fundamental para estimular a transformação do mercado. Sem dados claros e verificáveis, as empresas não conseguem oferecer um exemplo sólido que incentive a transição para uma economia de baixo carbono”, reforçou Sokolowski. Segundo ele, a urgência da crise climática exige que as empresas priorizem a adoção de metas verificáveis tanto de renováveis quanto de eficiência energética.

Caminho para o Futuro

Com o cenário global cada vez mais voltado para a descarbonização e a adoção de energias limpas, os dados da CDP reforçam a importância do papel corporativo na aceleração desse processo. Para que as metas da COP28 e COP29 sejam alcançadas, o setor privado precisa adotar compromissos firmes e verificáveis, e as grandes empresas devem liderar pelo exemplo, utilizando seu poder de mercado para ampliar a demanda por energias renováveis.

À medida que a COP29 promove discussões sobre mudanças climáticas e metas sustentáveis, o CDP espera que mais empresas reconheçam a importância de estabelecer e cumprir metas de uso de energia renovável. Além disso, a organização incentiva o desenvolvimento de políticas públicas que apoiem a eficiência energética e a transparência corporativa. Combinados, esses esforços podem criar um ambiente mais favorável para investimentos em energias renováveis e acelerar a transição para uma economia global de baixo carbono.

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