Abraceel Projeta que Mercado Livre Impulsionará 70% da Expansão Energética no Brasil Até 2030

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Estudo da Abraceel destaca o papel do ambiente de contratação livre para novos investimentos em geração de energia, com foco em usinas eólicas e solares

O mercado de energia no Brasil está se transformando, e o ambiente de contratação livre (ACL) desponta como o principal motor da expansão da geração de eletricidade. Até 2030, o ACL será responsável por viabilizar 15,4 gigawatts (GW) de capacidade em usinas com obras já iniciadas, o equivalente a 68% do total de projetos em andamento. Esse panorama reflete o crescente protagonismo do mercado livre de energia na oferta de eletricidade do país, consolidando-o como um ambiente essencial para novos investimentos.

O levantamento, atualizado pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), avaliou a destinação da energia gerada pelos empreendimentos em fase de construção e demonstrou que 93% da oferta de eletricidade prevista entre 2024 e 2030 será absorvida pelo mercado livre. Em contrapartida, apenas 5,2% da produção irá para o mercado regulado, enquanto o restante será reservado ou ainda está sem definição.

O Papel dos Comercializadores na Expansão da Geração Renovável

Entre os principais protagonistas do mercado livre estão as comercializadoras de energia, que têm desempenhado um papel significativo na expansão da geração renovável. Segundo dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), das novas plantas eólicas e solares financiadas entre 2018 e 2024, cerca de 83% (9,2 GW) foram destinadas ao mercado livre. Desse total, 45% foram diretamente financiados por comercializadoras, que se destacam pela flexibilidade e capacidade de negociar contratos adaptados às necessidades dos consumidores.

Essa tendência reflete o crescente apetite do setor privado por fontes de energia renovável, como eólica e solar, e sinaliza uma mudança estrutural na forma como a eletricidade é comercializada no Brasil. Enquanto o mercado regulado atende principalmente as distribuidoras que fornecem energia aos consumidores residenciais, o ACL atende consumidores de grande porte, como indústrias e grandes empresas, que podem negociar diretamente a compra de energia.

A Importância do Ambiente de Contratação Livre na Expansão Energética

O cenário de expansão do mercado livre tem uma relevância crescente no contexto das metas de sustentabilidade e descarbonização do Brasil. Ao facilitar o acesso a fontes renováveis, o ACL contribui para uma matriz energética mais limpa e diversificada. A energia eólica e solar, por exemplo, que compõem a maior parte dos projetos financiados pelo BNDES para o mercado livre, são essenciais para a redução das emissões de carbono e para a segurança energética do país.

Além de promover uma matriz mais sustentável, o mercado livre de energia tem contribuído para a competitividade e atração de investimentos estrangeiros. Em meio a um cenário econômico em que empresas buscam soluções energéticas de baixo custo e alinhadas às práticas de ESG (ambiental, social e governança), o ACL oferece um ambiente propício para negociações flexíveis e contratos de longo prazo, permitindo que empresas atendam suas próprias metas de sustentabilidade.

O diretor da Abraceel destacou que “a escolha de consumidores por fontes renováveis e contratos flexíveis é um sinal claro de que o mercado livre não é apenas uma opção financeira vantajosa, mas também uma decisão estratégica para companhias comprometidas com a sustentabilidade”.

Projeções e Metodologia do Estudo

O estudo da Abraceel se baseou em dados das principais instituições do setor elétrico brasileiro, como a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e o próprio BNDES. A análise focou exclusivamente em usinas de geração centralizada com obras já iniciadas e previstas para entrada em operação entre 2024 e 2030, uma faixa de tempo que considera tanto projetos eólicos quanto solares.

Além disso, foram considerados apenas empreendimentos registrados como “verdes” pela Aneel, excluindo-se as usinas sem previsão concreta de início de operação ou com obras paralisadas. Também não foram incluídas na análise as usinas de geração descentralizada, que operam em menor escala e são conectadas diretamente aos consumidores.

Impacto do Mercado Livre na Política Energética Brasileira

O avanço do mercado livre de energia no Brasil ocorre em um contexto de transformação do setor elétrico e de discussões sobre o futuro da política energética nacional. Em um cenário de incertezas econômicas e desafios ambientais, o ACL se posiciona como um aliado estratégico para impulsionar a competitividade da indústria brasileira e atrair investimentos para o setor energético.

Nos últimos anos, as mudanças na legislação e as políticas de incentivo para fontes renováveis têm contribuído para o fortalecimento do ACL, tornando-o uma opção atrativa para um número crescente de consumidores. Ao mesmo tempo, o aumento da capacidade instalada para o mercado livre ajuda a balancear a oferta de energia em períodos de alta demanda e a promover a segurança energética nacional.

O levantamento da Abraceel sugere que o mercado livre continuará a crescer em importância e relevância na próxima década, particularmente à medida que as empresas se tornam mais atentas às questões de sustentabilidade e buscam fontes de energia que atendam aos seus compromissos ambientais. Com 70% da expansão de geração centralizada prevista para o ACL até 2030, o ambiente de contratação livre se consolida como um dos pilares do setor energético brasileiro.

Perspectivas Futuras para o Ambiente de Contratação Livre

À medida que a demanda por energia renovável cresce e as empresas buscam maior controle sobre suas escolhas energéticas, o ACL tem um papel cada vez mais central na modernização do setor. Com a previsão de que 93% dos projetos de geração até 2030 sejam destinados ao mercado livre, o Brasil caminha para se tornar um dos maiores e mais dinâmicos mercados livres de energia do mundo.

Para garantir o crescimento sustentável do ACL, o setor elétrico brasileiro enfrentará desafios relacionados à infraestrutura e à regulamentação, como o aprimoramento das redes de transmissão e o desenvolvimento de políticas que incentivem o uso eficiente da energia. Ao longo da próxima década, o sucesso do mercado livre dependerá de um esforço coordenado entre o governo, as empresas e as instituições financeiras para fortalecer a infraestrutura e a segurança energética do país.

Com o ACL viabilizando a maior parte dos novos projetos de geração, o mercado livre de energia se firma como um dos principais vetores para o desenvolvimento de uma matriz energética mais limpa, moderna e acessível, que atende às demandas de um Brasil em crescimento e em busca de soluções sustentáveis para seu futuro energético.

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