Medida inédita garante economia e eficiência, com impacto positivo para consumidores e planejamento de novas edições em 2025 e 2026
O Brasil deu um passo importante na modernização e flexibilização do sistema elétrico com a realização do primeiro certame de Resposta da Demanda na modalidade disponibilidade, que aconteceu em outubro de 2024. O processo competitivo, organizado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), obteve um deságio médio de 12,1% em relação ao preço-teto inicialmente estabelecido, representando uma significativa economia.
A Resposta da Demanda (RD) é uma iniciativa estratégica para a estabilidade e otimização do sistema elétrico, possibilitando que consumidores ajustem temporariamente seu consumo em horários de pico, em troca de uma compensação financeira. Este mecanismo visa equilibrar a oferta e a demanda, evitando sobrecargas e melhorando a segurança e eficiência energética no país.
Detalhes do certame e resultados
O primeiro certame da Resposta da Demanda teve resultados expressivos, com a contratação de 93 megawatts (MW) para o período de quatro horas diárias, das 18h às 22h, em dias úteis. O acordo terá vigência de 1º de novembro de 2024 a 31 de janeiro de 2025, com despachos mensais, permitindo ajustes programados para a manutenção da rede elétrica durante o verão, época em que o consumo de energia tende a aumentar consideravelmente devido ao uso intenso de aparelhos de refrigeração.
O setor de Metalurgia e Produtos de Metal foi destaque, com empresas do segmento se comprometendo a atender aos despachos do ONS conforme as regras estabelecidas. Os contratos prevêem penalidades para o descumprimento das condições acordadas, um fator que assegura o comprometimento com a estabilidade do sistema e a confiança nas ações de redução de consumo conforme necessário.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ressaltou que a Resposta da Demanda traz benefícios significativos para o sistema elétrico nacional, promovendo um modelo de consumo energético que favorece a eficiência e redução de custos para os consumidores. “A Resposta da Demanda é uma ferramenta adicional de segurança para nosso sistema, permitindo uma melhor utilização dos nossos recursos energéticos. Essa iniciativa fortalece a flexibilidade do sistema e contribui diretamente para a economia e estabilidade do setor”, afirmou o ministro, que também destacou o potencial do programa para viabilizar uma matriz energética cada vez mais segura e moderna.
Um mecanismo de estabilidade e economia
A Resposta da Demanda é uma prática que já demonstra resultados positivos em países com infraestrutura elétrica mais flexível, permitindo a participação ativa dos consumidores no gerenciamento da rede elétrica. No Brasil, o programa oferece uma abordagem inovadora para reduzir a dependência de usinas adicionais e promover o uso inteligente dos recursos disponíveis, gerando economia de energia nos horários de pico e permitindo que o ONS administre melhor a demanda.
A metodologia envolve o chamado “despacho por demanda”, onde consumidores são incentivados a modificar temporariamente seu consumo em períodos de alta utilização da rede. Em troca, eles recebem uma compensação financeira, que pode variar de acordo com o tempo e nível de redução do consumo solicitado. O mecanismo é especialmente importante em períodos críticos, como o verão brasileiro, em que o uso de ar-condicionado e outros aparelhos aumenta expressivamente.
Perspectivas e novos certames
Diante do sucesso do primeiro certame, o ONS já anunciou que realizará novas edições do programa de Resposta da Demanda em 2025 e 2026. A continuidade da medida sinaliza um compromisso contínuo com a modernização e sustentabilidade do setor elétrico, ao mesmo tempo em que reforça a importância da cooperação entre o setor público e a indústria para a consolidação de uma matriz energética mais resiliente.
Especialistas em energia destacam que a ampliação do programa é um passo fundamental para o avanço do setor, pois oferece uma solução eficiente e econômica para lidar com períodos de alta demanda. Em vez de recorrer a usinas térmicas, que geram altos custos e impactam o meio ambiente, o Brasil pode contar com a Resposta da Demanda como uma alternativa mais sustentável e vantajosa economicamente.
Benefícios diretos para o consumidor
O programa de Resposta da Demanda também representa vantagens diretas para os consumidores, uma vez que reduz a necessidade de acionamento de fontes de energia mais caras e poluentes, contribuindo para a diminuição de custos nas tarifas. Adicionalmente, a medida cria um incentivo para o uso consciente e eficiente de energia, ao mesmo tempo em que melhora a qualidade e confiabilidade do fornecimento durante os horários de maior consumo.
Para os próximos anos, espera-se que a expansão da Resposta da Demanda inclua outros setores industriais, ampliando a capacidade de resposta do sistema e promovendo uma participação mais ativa dos consumidores na gestão energética. A adesão de um número maior de empresas e até mesmo de grandes consumidores residenciais pode fortalecer ainda mais a eficácia da estratégia, gerando benefícios não só para a estabilidade do sistema, mas também para a economia e para o meio ambiente.