Relatório semanal do ONS aponta pequena alta nos níveis de armazenamento de energia, mas projeções de afluência seguem abaixo da média histórica
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou recentemente o boletim do Programa Mensal de Operação (PMO) para a semana operativa entre os dias 19 e 25 de outubro, trazendo algumas boas notícias para o setor energético do país. Segundo as novas estimativas, três dos quatro subsistemas que compõem o Sistema Interligado Nacional (SIN) registraram um leve aumento nos percentuais de Energia Armazenada (EAR), em comparação com a revisão anterior.
O subsistema Norte, por exemplo, deve atingir 63,2% de armazenamento até o fim de outubro, superando os 62,4% apontados na semana anterior. No Nordeste, espera-se que o índice chegue a 44,8%, ante os 43,9% anteriores. Já no Sudeste/Centro-Oeste, a expectativa é que os níveis de armazenamento alcancem 40,5%, frente aos 39,4% da revisão passada. Por outro lado, o subsistema Sul deve atingir 57,9% até o final do mês, confirmando um cenário típico para a época do ano.
Esses pequenos avanços nos níveis de armazenamento de energia, embora positivos, ainda são considerados modestos, principalmente quando comparados ao histórico de chuvas e afluência de água nos reservatórios. Como o Brasil está no período seco, que vai até o início das chuvas no fim do ano, a atenção com a gestão dos recursos hídricos se mantém em alta.
Energia Afluente Ainda Abaixo da Média
Outro ponto de destaque no relatório do ONS é a previsão para a Energia Natural Afluente (ENA), que corresponde à quantidade de água que chega aos reservatórios. Apesar de as projeções indicarem uma melhora em relação às revisões anteriores, os índices ainda estão abaixo da média histórica para o mês de outubro. Em três subsistemas houve uma leve revisão para cima, mas ainda sem alcançar patamares confortáveis.
A ENA no Norte está estimada em 58% da Média de Longo Termo (MLT), uma recuperação em relação aos 49% previstos na semana passada. O Sudeste/Centro-Oeste apresenta projeções semelhantes, com 58% da MLT, ante os 45% da revisão anterior. No Nordeste, espera-se que a afluência atinja 43% da MLT, uma melhora considerável em relação aos 34% indicados anteriormente. Já a região Sul, que historicamente é a mais beneficiada com chuvas nessa época do ano, deve alcançar 77% da MLT, a melhor projeção entre as quatro regiões analisadas.
Crescimento na Demanda de Energia
O relatório do ONS também traz previsões de expansão na demanda por energia em todas as regiões do país. De acordo com o documento, o Sistema Interligado Nacional (SIN) deve registrar um crescimento de 3,5% em outubro de 2024, comparado ao mesmo período de 2023, com uma média de 81.265 MWmed (megawatts médios) sendo consumidos.
A região Norte se destaca, com uma expectativa de aumento de 8,5% no consumo de energia, seguida pelo Nordeste, com um crescimento projetado de 4,3%. No Sul e no Sudeste/Centro-Oeste, o avanço deve ser de 3,3% e 2,5%, respectivamente. Esses dados refletem o aumento da demanda industrial e residencial, impulsionado por fatores como o crescimento econômico e o uso mais intensivo de aparelhos eletrônicos e sistemas de climatização.
Redução no Custo Marginal de Operação
Outro aspecto relevante do boletim é a redução significativa no Custo Marginal de Operação (CMO), um indicador que mede o custo adicional necessário para gerar mais energia e equilibrar a oferta com a demanda. O CMO registrou uma queda de aproximadamente 19% em comparação à semana anterior, ficando em R$ 460,62 por MWh (megawatt-hora). Essa redução foi observada de maneira uniforme em todas as regiões do país, sinalizando uma melhoria temporária nas condições de operação do sistema elétrico.
Cenário de Cautela e Expectativas
Embora os números apresentem uma leve recuperação, o cenário ainda exige cautela. As reservas de água nos principais reservatórios do país seguem em níveis preocupantes, principalmente nas regiões que dependem mais de chuvas para repor os volumes de água, como o Sudeste e o Centro-Oeste. O período chuvoso, que normalmente se intensifica a partir de novembro, será crucial para determinar se o país enfrentará problemas mais graves de abastecimento e geração de energia no início de 2025.
Com a demanda de energia em crescimento e a afluência ainda abaixo da média histórica, o setor energético brasileiro continua sob pressão. As previsões do ONS são positivas em alguns aspectos, mas a situação exige atenção redobrada para garantir que o fornecimento de energia seja suficiente para atender às necessidades da população e do setor produtivo nos próximos meses.