Relatório detalha as premissas que influenciam os custos de combustíveis em sistemas isolados e usinas do Sul, levantando preocupações sobre a sustentabilidade do setor energético brasileiro.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) publicou uma Nota Técnica que traz à tona as projeções dos preços dos combustíveis líquidos utilizados na geração de energia elétrica em Sistemas Isolados e usinas da Região Sul para o ano de 2025. Esta análise não só é fundamental para o planejamento orçamentário da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), mas também revela os desafios que o Brasil enfrenta no que diz respeito à sustentabilidade do setor energético.
Aumento Sustentado nos Preços
Os preços do óleo diesel nacional, segundo a EPE, devem permanecer em níveis elevados em 2025, mantendo uma relativa estabilidade em comparação a 2024. Embora os valores se situem abaixo dos recordes de 2022, a previsão é de que fatores internacionais continuem a pressionar os preços. O cenário global, marcado por cortes voluntários de produção da OPEP+, conflitos militares e riscos geopolíticos, coloca o Brasil em uma posição vulnerável, especialmente considerando a sua crescente dependência das importações de diesel.
A EPE aponta que a demanda por óleo diesel no Brasil deve permanecer alta, impulsionada por uma recuperação econômica. Em junho de 2024, o volume importado de diesel A atingiu 1,5 milhão de m³, uma alta de 40,20% em relação ao mesmo mês de 2023. Este foi o maior volume de importações de diesel para junho desde o início da série histórica, em 2000. Essa dependência externa torna a economia brasileira suscetível a oscilações no mercado internacional, levando a um aumento dos custos operacionais.
Implicações para os Sistemas Isolados
O relatório da EPE é particularmente relevante para os Sistemas Isolados, que representam uma parte significativa do fornecimento de energia em regiões remotas do Brasil. Os preços dos combustíveis que os geradores dessas localidades pagam são compostos por diversos elementos: o preço de realização dos produtores ou importadores, tributos federais, margens de distribuição, custo da adição obrigatória de biocombustível, tributos estaduais e custos logísticos. Esses fatores podem variar substancialmente entre diferentes unidades federativas, afetando diretamente a sustentabilidade econômica dos sistemas energéticos locais.
Os geradores que atuam nos Sistemas Isolados enfrentam um cenário desafiador. A expectativa é que, em 2025, os custos logísticos continuem a pressionar os preços dos combustíveis, impactando os orçamentos destinados à CCC e, consequentemente, refletindo-se nas contas de eletricidade dos consumidores do Sistema Interligado Nacional (SIN). Essa dinâmica levanta preocupações sobre a viabilidade econômica de longo prazo para as empresas que operam nessas áreas, além do potencial impacto sobre os usuários finais.
O Papel da CCC e a Geração de Energia Térmica
Além de monitorar os preços dos combustíveis para os Sistemas Isolados, a CCC também é responsável pelo reembolso dos combustíveis utilizados nas usinas térmicas a carvão mineral nacional. Isso inclui não apenas o combustível primário, mas também o combustível secundário necessário para garantir a operação contínua das usinas. A EPE destaca que a projeção dos preços deve considerar os custos desses combustíveis líquidos, uma vez que impactam diretamente a capacidade de fornecimento de energia nas regiões Sul e Norte do Brasil.