Com apoio de equipes de outros países e distribuidoras locais, a empresa tem prazo de três dias para restabelecer energia a 400 mil clientes afetados pelo temporal
A Enel SP, responsável pela distribuição de energia na capital paulista e região metropolitana, intensificou os esforços para restabelecer o serviço a mais de 400 mil clientes que ainda estão sem energia após o forte temporal da última sexta-feira (11). A companhia mobilizou equipes de várias partes do Brasil e do mundo para acelerar os reparos na infraestrutura elétrica severamente danificada.
O reforço inclui profissionais de outras distribuidoras brasileiras, como Light, Neoenergia, Elektro e EDP. Além disso, equipes de outros países onde a Enel opera, incluindo Chile, Itália, Espanha e Argentina, chegaram ao Brasil no fim de semana para apoiar as operações. Com esses recursos adicionais, o número de técnicos em campo chegará a 2,9 mil, um esforço significativo para reparar os estragos causados pelos ventos de mais de 107 km/h que atingiram a região na sexta-feira.
Avanços no Restabelecimento
Até às 14h desta segunda-feira (14), a Enel informou que já havia restabelecido a energia para cerca de 1,7 mil clientes, de um total de 2,1 mil que foram afetados inicialmente pelo temporal. No entanto, ainda há cerca de 400 mil clientes sem energia, especialmente nas zonas sul e oeste da capital paulista, além de municípios da Grande São Paulo, como Cotia e Taboão da Serra.
Na capital, os bairros mais prejudicados são Jabaquara, Santo Amaro, Pedreira e Campo Limpo, que juntos somam aproximadamente 283 mil imóveis sem energia. Em Cotia, 31 mil clientes continuam afetados, enquanto em Taboão da Serra esse número é de 32 mil. A Enel trabalha para cumprir o prazo de três dias, estabelecido em acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), para restabelecer completamente o fornecimento de energia a todos os clientes.
Danos Extensos à Rede Elétrica
O temporal causou danos severos tanto à rede de alta quanto à de baixa tensão. No auge da tempestade, 17 linhas de alta tensão e 11 subestações foram desligadas para evitar danos maiores. Esses problemas na rede de alta tensão foram resolvidos ainda no sábado (12). No entanto, a rede de baixa e média tensão, que afeta diretamente os consumidores residenciais e pequenos comércios, sofreu danos mais graves e dispersos, o que dificulta o reparo imediato.
Os reparos na rede de baixa tensão envolvem a substituição de quilômetros de cabos e a instalação de novos postes e equipamentos danificados pela queda de árvores e outras estruturas. A complexidade dos trabalhos é uma das razões para o prazo de três dias estabelecido pela ANEEL.
Uso de Geradores para Casos Críticos
Para minimizar os impactos do apagão em serviços essenciais, a Enel disponibilizou 500 geradores, sendo 40 deles de grande porte. Esses equipamentos estão sendo utilizados principalmente para abastecer hospitais e outros estabelecimentos que dependem de eletricidade para o funcionamento de equipamentos médicos essenciais. Clientes residenciais que utilizam aparelhos hospitalares também estão sendo atendidos com geradores temporários, até que o serviço regular de energia seja restabelecido.
Investimentos para Modernização
A Enel destacou que os eventos climáticos extremos reforçam a importância dos investimentos em modernização e automação da rede elétrica. A companhia anunciou que está destinando cerca de R$ 6,2 bilhões para melhorar a infraestrutura de distribuição em São Paulo no período de 2024 a 2026. Entre as iniciativas previstas estão o fortalecimento e modernização das redes, a automação dos sistemas de distribuição e a ampliação dos canais de comunicação com os clientes.
Esses investimentos também incluem a contratação de novos profissionais para aumentar a força de trabalho dedicada à manutenção e ao reparo da rede elétrica. A Enel informou que planeja contratar 1,2 mil eletricistas próprios até março de 2025 para atuar exclusivamente no estado de São Paulo.
Pressão e Expectativa
O prazo de três dias para a Enel restabelecer a energia em São Paulo foi estabelecido em meio à pressão do governo federal e da ANEEL. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, criticou a gestão da empresa e reforçou que a concessionária será responsabilizada caso não cumpra o prazo estabelecido. Ele também ressaltou que a falha da Enel em responder adequadamente às demandas de energia após o temporal coloca em risco o contrato de concessão da empresa, que poderá ser revisado se não houver melhorias significativas na prestação de serviços.
Além disso, a ANEEL já iniciou uma investigação detalhada sobre a atuação da Enel durante o apagão e poderá aplicar sanções caso sejam constatadas falhas graves na gestão da crise. As multas e penalidades podem incluir desde penalizações financeiras até uma possível intervenção na gestão da concessionária.
Com a chegada de reforços internacionais e nacionais, a expectativa é que a Enel consiga acelerar o processo de recuperação da rede elétrica e minimizar os impactos do apagão. A população de São Paulo aguarda ansiosamente pelo restabelecimento do serviço, especialmente em áreas críticas, onde o fornecimento de energia é essencial para o funcionamento de hospitais e outros serviços de emergência.