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Reservatórios de Usinas Hidrelétricas: Uma Necessidade Emergente em Tempos de Crise Climática

Especialistas discutem estratégias para mitigar os impactos de estiagens e enchentes no Brasil

Em um momento em que o Brasil enfrenta uma severa estiagem em diversas regiões, especialistas de diferentes setores estão se unindo para discutir a importância dos reservatórios de usinas hidrelétricas como uma solução eficaz para combater os efeitos devastadores de eventos climáticos extremos. O debate é parte de um relatório técnico que será elaborado para apresentar medidas que visam prevenir e mitigar os impactos de cheias e secas.

O contexto da crise hídrica

As regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil estão experimentando uma das piores secas dos últimos anos, o que tem levantado preocupações em relação à segurança hídrica e à geração de energia. A situação é alarmante, com rios apresentando níveis críticos e reservatórios de usinas hidrelétricas operando em capacidade máxima, especialmente durante os horários de pico de consumo.

O mês de outubro começou com a conta de energia mais alta, marcada pela bandeira tarifária vermelha – patamar 2, o que significa que os consumidores pagarão R$ 7,877 para cada 100 quilowatts-hora. Essa elevação no custo se deve à diminuição dos níveis de reservatórios e à escassez de chuvas.

A resposta dos especialistas

O Coronel Luiz Antônio do Carmo, representante do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, destaca a necessidade urgente de adotar medidas para otimizar a utilização dos reservatórios existentes e construir novos. “Soluções como a construção de barragens com reservatórios de acumulação são essenciais para controlar cheias e garantir a geração de energia renovável, além de servir como instrumentos de segurança hídrica”, afirma.

Durante o I Workshop Nacional de Prevenção e Gestão de Eventos Pluviais e Fluviais Extremos, especialistas discutiram a construção de novas barragens, a instalação de estações de monitoramento e a recuperação de sistemas anti-inundações como soluções de curto, médio e longo prazo.

Estiagem severa e seus impactos

A estiagem afeta a geração de energia, mas também compromete a qualidade da água. No Espírito Santo, por exemplo, a escassez de água doce causou a salinização da água das torneiras em várias cidades. A vazão dos rios diminuiu a tal ponto que a água do mar começou a invadir os rios, complicando ainda mais a situação.

De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e de Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), diversas bacias fluviais enfrentam uma seca hidrológica severa, comprometendo a navegação e a produção agropecuária. Em agosto, 963 municípios relataram que mais de 80% de suas áreas agroprodutivas estavam afetadas pela seca.

Exemplos positivos e a importância das PCHs

Contrapondo-se à situação crítica em outras regiões, algumas usinas hidrelétricas, como a PCH Santana em Mato Grosso, continuam a demonstrar a importância dos reservatórios para a mitigação dos efeitos climáticos. A água armazenada tem permitido a continuidade da produção de tilápias e ajudado a amenizar os efeitos da seca.

O relatório técnico em elaboração deve incluir sugestões para a construção de novas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e a implementação de usinas hidrelétricas reversíveis, que são cruciais para a segurança hídrica e energética do país.

A necessidade de investimentos

Alessandra Torres, presidente da Associação Brasileira de PCHs e CGHs, destaca a urgência de investimentos em pequenas hidrelétricas e novos reservatórios. “A estiagem severa evidencia a necessidade de investimentos em PCHs, que ajudam na geração de energia, mas também oferecem múltiplos benefícios como irrigação, abastecimento de água e até lazer”, afirma.

Atualmente, o Brasil possui 1.046 pequenas usinas em operação e o potencial para instalar outras 2.013. Essa expansão poderia melhorar significativamente a capacidade de armazenamento e a geração de energia renovável, especialmente em um cenário de crescente utilização de fontes intermitentes, como solar e eólica.

O papel das políticas públicas

A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO) reconhece o Brasil como líder em capacidade instalada de PCHs na América do Sul. O desenvolvimento de novas usinas deve alinhar-se às metas estabelecidas pelo Plano Decenal de Expansão Energética 2029.

O documento que será produzido com as conclusões do workshop será entregue ao Governo Federal e aos órgãos estaduais, com o objetivo de promover a construção de barragens e a otimização dos recursos hídricos no país. “As barragens são essenciais para a geração de energia, mas também para o abastecimento e o manejo sustentável dos recursos hídricos”, conclui Torres.

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