Unicamp lança laboratório de bioenergia para liderar avanços em biogás e biocombustíveis no Brasil

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Novo Laboratório de Pesquisa em Bioenergia (LABIOEN) do NIPE promete revolucionar estudos aplicados, com foco em transferência de tecnologia e soluções inovadoras para o setor energético. Inauguração está prevista para janeiro de 2025

O Brasil está prestes a dar um grande passo na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias sustentáveis com a criação do Laboratório de Pesquisa em Bioenergia (LABIOEN), na Unicamp. Iniciado pelo Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE), o novo laboratório será um centro de excelência voltado à pesquisa aplicada em bioenergia, com inauguração prevista para janeiro de 2025. O LABIOEN surge como uma resposta ao crescente desafio de transição para energias renováveis, com foco em biogás e biocombustíveis, utilizando uma abordagem que integra tecnologia de ponta e parcerias estratégicas com a indústria.

Com seis mil metros quadrados divididos entre dois prédios, o LABIOEN já está em fase de estruturação, e boa parte dos projetos que serão desenvolvidos no local já estão em processo de contratação. A nova instalação contará com uma planta piloto para realizar experimentos em escala industrial reduzida, além de salas de aula, auditórios e laboratórios equipados com tecnologias de última geração. “O grande diferencial do LABIOEN é o foco em pesquisas aplicadas, ou seja, em soluções que possam ser transferidas diretamente para a indústria”, explica Bruna de Souza Moraes, coordenadora do NIPE.

O LABIOEN não é uma iniciativa isolada, mas sim parte de um ecossistema de inovação que envolve outras entidades de pesquisa. Um dos principais parceiros será o Centro de Estudos de Energia e Petróleo (CEPETRO), também da Unicamp, que compartilha a missão de desenvolver tecnologias limpas e eficientes. Os projetos que serão realizados no LABIOEN estarão alinhados com o Centro Paulista de Estudos em Biogás e Bioprodutos (CP2B), iniciativa do NIPE financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que reúne empresas e entidades públicas em busca de soluções para o aproveitamento sustentável do biogás.

Transferência de tecnologia como foco principal

O foco em transferência de tecnologia torna o LABIOEN uma das iniciativas mais promissoras do país. O Brasil, com sua vasta produção agrícola e industrial, tem um dos maiores potenciais globais para a produção de biogás. No entanto, esse recurso ainda é subaproveitado. O biogás, produzido a partir da decomposição de matéria orgânica (biomassa), pode ser utilizado na geração de energia elétrica, térmica ou transformado em biocombustível (biometano). O desafio, segundo Moraes, é desenvolver tecnologias que otimizem a produção e viabilizem a aplicação em larga escala. “O Brasil tem um imenso potencial para a produção de biogás, mas ainda faltam soluções tecnológicas que viabilizem o uso mais eficiente desse recurso”, explica.

Nesse sentido, um dos principais objetivos do LABIOEN será atuar em parceria com empresas privadas e entidades públicas para desenvolver soluções que possam ser rapidamente aplicadas. “Estamos unindo nosso conhecimento teórico a experimentos realizados em escala piloto, que simulam os processos industriais. A ideia é testar a viabilidade técnica e econômica das soluções que serão implementadas na indústria”, acrescenta Moraes.

O projeto também inclui a expansão das atividades da Planta Piloto para Bioenergia (PPBIOEN), criada em 2023 pelo NIPE. A PPBIOEN é um espaço experimental de 400 metros quadrados que já realiza pesquisas voltadas para a transferência de tecnologia, e agora será integrada ao LABIOEN. A nova planta piloto será muito maior, o que permitirá a execução de experimentos mais complexos, simulando as condições reais de uma indústria.

Biogás e a transição para energias renováveis

Desde a criação da linha de pesquisa de bioenergia, em 2015, o NIPE vem consolidando sua atuação no campo das energias renováveis. Inicialmente, o foco estava na análise teórica do potencial energético do biogás e na viabilidade de implementação de biorrefinarias no Brasil. Hoje, o foco é cada vez mais em pesquisas aplicadas, que buscam desenvolver tecnologias prontas para o mercado.

O biogás tem se mostrado uma das alternativas mais promissoras na matriz energética brasileira. Segundo Moraes, o volume de biomassa disponível no país torna o biogás uma fonte de energia com grande potencial. O desafio, no entanto, está em desenvolver tecnologias eficientes e acessíveis que possam ser amplamente aplicadas. “Hoje, temos um bom entendimento da bioquímica do processo de produção de biogás, mas ainda há lacunas significativas na engenharia dos sistemas de produção, o que impede sua ampla adoção pela indústria”, afirma a pesquisadora.

Um exemplo desse esforço é o projeto desenvolvido em conjunto pelo NIPE e o CEPETRO, com financiamento da TotalEnergies, uma das gigantes do setor de petróleo. O projeto busca desenvolver soluções tecnológicas inovadoras e adaptadas à realidade brasileira, capazes de alavancar a produção de biogás no país. “Estamos trabalhando em arranjos tecnológicos que não apenas aproveitem o potencial do biogás, mas que também sejam viáveis do ponto de vista econômico e ambiental”, comenta Moraes.

Expansão para biocombustíveis e bioenergia

Além de liderar pesquisas no campo do biogás, o LABIOEN tem como objetivo expandir sua atuação para outras formas de bioenergia, incluindo biocombustíveis. O foco é a produção de energia a partir de biomassa, utilizando processos biotecnológicos e industriais avançados. Com a inauguração do novo laboratório em 2025, a expectativa é que o Brasil se consolide como um dos líderes globais no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para a produção de energia limpa.

Com sua infraestrutura robusta e parcerias estratégicas, o LABIOEN está preparado para se tornar um dos principais centros de inovação em bioenergia do país, contribuindo para a transição energética e para o desenvolvimento de soluções que impulsionem a economia brasileira de forma sustentável.

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