Com 724 km de extensão e três subestações, o projeto vai integrar Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN), reduzindo o uso de combustíveis fósseis na região
No início de setembro, uma equipe da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) realizou uma vistoria de campo nas obras da Transnorte Energia S.A. (TNE) para inspecionar o andamento da construção da linha de transmissão de 500 kV que ligará Manaus (AM) a Boa Vista (RR). O projeto, que inclui três subestações e 724 km de linhas de transmissão, está previsto para ser concluído até setembro de 2025. Uma vez finalizado, Roraima será o último estado brasileiro a se integrar ao Sistema Interligado Nacional (SIN), o que reduzirá o uso de combustíveis fósseis na geração de energia elétrica na região.
A linha de transmissão foi dividida em sete trechos pela TNE, com aproximadamente 1.390 torres de transmissão. Desse total, 516 são do tipo estaiada (38%) e 874 autoportantes (62%). As subestações Lechuga, Equador e Boa Vista também fazem parte do projeto. Durante a vistoria, a equipe da ANEEL inspecionou duas dessas subestações e visitou canteiros de obra ao longo dos 700 km de percurso, incluindo uma inspeção visual de 120 km da linha que passa pela Terra Indígena Waimiri Atroari.
Impacto ambiental e logístico
A fiscalização da ANEEL verificou o andamento da montagem das torres de transmissão e a construção das subestações, além de levantar dados para entender como a estiagem do Rio Amazonas pode impactar o cronograma da obra. O rio é crucial para o transporte de grandes estruturas, como as torres, que são enviadas a partir do Espírito Santo e transportadas por rodovias até Porto Velho (RO), seguindo pelo Rio Madeira até Manaus, de onde são levadas por caminhão até o local da obra.
O transporte dessas estruturas é um desafio logístico significativo, já que envolve um trajeto de aproximadamente 20 dias. A ANEEL está analisando as medidas tomadas pela TNE para mitigar os riscos de atrasos, principalmente relacionados à redução do nível do Rio Amazonas, o que poderia comprometer o transporte fluvial de equipamentos.
Integração ao SIN e benefícios para Roraima
Atualmente, Roraima é o único estado brasileiro que não faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN), dependendo de combustíveis fósseis para gerar eletricidade. Cerca de 120 caminhões-tanque fazem o trajeto entre Manaus e Boa Vista transportando gás e diesel para as usinas locais, o que impacta diretamente o custo da energia e a emissão de gases poluentes.
Com a conclusão da linha de transmissão, esse cenário será transformado. A integração de Roraima ao SIN trará mais confiabilidade e estabilidade ao fornecimento de energia, além de promover uma significativa redução no consumo de combustíveis fósseis, contribuindo para um futuro mais sustentável para a região Norte.
