Com um montante recorde em investimentos, as propostas visam acelerar o desenvolvimento do hidrogênio como vetor crucial para a sustentabilidade no setor elétrico
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) está à beira de uma decisão estratégica que poderá moldar o futuro do setor elétrico brasileiro. Entre os dias 22 e 26 de julho, a ANEEL conduziu uma série de reuniões técnicas para avaliar 24 propostas submetidas à Chamada Estratégica de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI 023/2024), focada no hidrogênio no contexto do setor elétrico nacional. O valor total previsto para os investimentos é de impressionantes R$ 2,7 bilhões, o maior já registrado para uma Chamada de Projetos Estratégicos, com as empresas propondo contrapartidas de R$ 1,6 bilhão.
As propostas são um reflexo do crescente interesse e potencial do Brasil no desenvolvimento do hidrogênio como uma solução sustentável e inovadora. Dos 24 projetos analisados, 19 são voltados para a construção de ‘plantas piloto’ para produção de hidrogênio a partir de eletricidade de baixo carbono, totalizando mais de 100 MW. Os cinco projetos restantes focam no desenvolvimento e nacionalização de tecnologias para a cadeia do hidrogênio, incluindo ‘peças e componentes’.
Durante as reuniões técnicas, representantes de diversos órgãos e instituições participaram, incluindo a Casa Civil da Presidência da República, o Ministério de Minas e Energia (MME), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Ministério da Fazenda, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a Agência Nacional das Águas (ANA), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Mundial (BIRD), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ).
O diretor-geral da ANEEL, Sandoval Feitosa, destacou o papel estratégico do hidrogênio na transição energética do Brasil. “O hidrogênio é o combustível do futuro. É o combustível da transição energética. Esperamos que as análises finais das propostas estejam concluídas até o final de setembro. Nossa expectativa é acelerar a maturidade do conhecimento sobre a produção de hidrogênio e promover uma rápida nacionalização da produção de bens e equipamentos necessários”, afirmou Feitosa.
O hidrogênio, quando obtido a partir de fontes renováveis, é um combustível limpo que não emite gases de efeito estufa, tanto em seu uso quanto na sua produção. A sua capacidade de armazenamento e transporte aumenta ainda mais sua relevância no Brasil, onde a matriz elétrica é dominada por fontes renováveis, com 84% de participação. Somente no primeiro semestre de 2024, usinas eólicas e solares representaram 92,3% do total de novas instalações.
O impacto potencial do hidrogênio vai além do setor elétrico, beneficiando indústrias como a química de transformação, siderúrgica, alimentícia e de papel e celulose, além do setor de transportes. O hidrogênio não só promete contribuir para a descarbonização e sustentabilidade, mas também gera oportunidades econômicas e sociais significativas. Ele é visto como um aliado crucial na criação de novas oportunidades de negócios e na geração de empregos, além de agregar valor a toda a cadeia produtiva.
Com a expectativa de que as análises das propostas sejam finalizadas em setembro e o início de um novo capítulo no desenvolvimento do hidrogênio no Brasil, o país se posiciona para ser um líder global na revolução energética sustentável.