Consumo nacional de eletricidade alcança 45.556 GWh, com variações significativas entre setores e regiões; mercado livre e regulado mostram tendências distintas
A mais recente edição do Resenha da EPE revelou que o consumo nacional de eletricidade cresceu 6,8% em junho de 2024, alcançando 45.556 GWh. Esse aumento substancial em comparação ao mesmo mês do ano passado é impulsionado principalmente pelo crescimento no setor comercial e residencial, enquanto a indústria também apresentou um aumento, embora com algumas restrições significativas devido às condições climáticas adversas.
O crescimento no consumo de energia elétrica nos últimos 12 meses acumulou um total de 550.860 GWh, refletindo uma alta de 6,7% em relação ao período anterior. Esse aumento é, em parte, atribuído às temperaturas acima da média, que elevaram o consumo em residências e estabelecimentos comerciais.
No entanto, a situação não foi uniforme entre os setores. O estado do Rio Grande do Sul, que enfrentou fortes chuvas e inundações históricas em maio, ainda sente os efeitos desses eventos nas estatísticas de consumo de junho. O setor industrial, que apresentou uma retração de 6,2%, foi particularmente afetado, com nove dos dez setores mais eletrointensivos registrando diminuições no consumo. Apenas o setor metalúrgico conseguiu expandir seu consumo no estado durante o mês. No setor comercial, a queda no consumo foi de 2,6%, mas poderia ter sido mais acentuada não fosse o clima mais quente. Por outro lado, o setor residencial viu um aumento de 8,6% no consumo, beneficiado pelas temperaturas elevadas.
Em termos de mercado de energia, o mercado livre teve um desempenho notável. Com um consumo de 19.480 GWh, representou 42,8% do total nacional de eletricidade em junho, mostrando um crescimento de 11,4% em comparação ao ano anterior. O número de consumidores no mercado livre também subiu 31,8%. A região Centro-Oeste destacou-se pela maior expansão no consumo (+16,5%), enquanto o Nordeste liderou no aumento do número de consumidores livres (+57,2%). Essa expansão está alinhada com as previsões da ANEEL para 2024, após a portaria do MME 50/2022, que facilita a migração para o mercado livre para todos os consumidores do grupo A.
Por outro lado, o mercado regulado das distribuidoras consumiu 26.076 GWh, respondendo por 57,2% do total nacional em junho, com uma alta de 3,6% no consumo. O número de unidades consumidoras no mercado regulado aumentou em 0,8% durante o período, apesar da migração de consumidores para o mercado livre. Dentro desse segmento, o Centro-Oeste apresentou a maior expansão do consumo (+4,4%), enquanto a região Norte registrou a maior alta no número de consumidores cativos (+3,9%).
O aumento no consumo de energia elétrica, aliado às variações regionais e setoriais, indica uma dinâmica complexa no mercado de eletricidade do Brasil. A expansão do consumo residencial e comercial, juntamente com o crescimento no mercado livre, reflete mudanças no comportamento dos consumidores e as influências climáticas. Ao mesmo tempo, as dificuldades enfrentadas pela indústria em regiões afetadas por desastres naturais sublinham a necessidade de estratégias adaptativas para mitigar os impactos de eventos climáticos extremos no setor energético.
O cenário destaca a importância de uma gestão eficiente e de investimentos contínuos para assegurar a estabilidade e a sustentabilidade do fornecimento de energia elétrica no país. Com a evolução das condições climáticas e das políticas de mercado, o acompanhamento atento das tendências de consumo será crucial para o planejamento e a implementação de políticas energéticas eficazes.