Os resultados indicam que a cada quatro caminhões e ônibus vendidos no Brasil, um será equipado com motorização alternativa.
Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado um rápido avanço na adoção de motorizações alternativas na frota de veículos pesados, com foco especial em tecnologias como veículos elétricos a bateria e propulsão a gás natural/biometano. Este movimento ganhou impulso devido ao crescente comprometimento das empresas com estratégias sustentáveis e metas de redução de emissões de carbono, aliado ao redirecionamento das políticas públicas e governos locais em direção à mobilidade urbana sustentável.
A Nota Técnica divulgada pela EPE detalha um estudo que buscou identificar as possíveis trajetórias de inserção de veículos elétricos a bateria e propulsão a gás natural/biometano no mercado brasileiro de caminhões e ônibus até o ano de 2050. A análise, baseada em cenários, considerou três trajetórias distintas, sendo uma de referência e as outras duas favoráveis à rápida penetração de motorizações alternativas.
É importante destacar que as trajetórias apresentadas não representam compromissos oficiais do governo brasileiro, mas sim exercícios destinados a promover uma melhor compreensão das possibilidades e fomentar o debate sobre soluções para tornar o transporte de cargas e passageiros mais eficiente e sustentável no país.
Os resultados indicam que, em 2050, cerca de um a cada quatro caminhões e ônibus vendidos no Brasil será equipado com motorização alternativa, totalizando aproximadamente 530 mil veículos, sendo 479 mil elétricos e 52 mil a gás natural/biometano.
Apesar do significativo avanço das motorizações alternativas, o estudo prevê que o motor de combustão interna a diesel continuará sendo a tecnologia majoritária em veículos pesados no Brasil.
Na trajetória favorável ao veículo elétrico a bateria, essa propulsão poderá representar metade das vendas de veículos pesados em 2050, ultrapassando 1,2 milhão de veículos na frota circulante. Isso demandaria quase 70 TWh de energia elétrica, contribuindo para uma redução significativa no consumo de óleo diesel.
No cenário favorável ao gás natural/biometano, essa propulsão pode alcançar até 15% do licenciamento de veículos pesados novos em 2050, totalizando mais de 360 mil veículos na frota e correspondendo a uma demanda anual de 6,5 bilhões de m³ de gás.
Ambas as motorizações alternativas têm o potencial de contribuir para a redução de emissões de carbono, com uma diminuição de até 20% nas emissões com a inserção de elétricos a bateria e até 5% com a inserção de biometano, de acordo com as trajetórias avaliadas.
O estudo conclui que a efetiva consolidação desse potencial dependerá da convergência tecnológica, econômica e política em favor dessas tecnologias, destacando a necessidade de um amplo suporte para a transformação do mercado de caminhões e ônibus no Brasil.