Eletromobilidade avança na América Latina e Caribe: frota de veículos elétricos cresce 14 vezes em 4 anos

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Nova publicação da OLADE traz dados inéditos sobre o crescimento da mobilidade elétrica na região e projeta investimentos de até US$ 10 bilhões em energias renováveis até 2030

A eletromobilidade na América Latina e Caribe (ALC) está passando por uma expansão acelerada, com a frota de veículos eletrificados leves crescendo mais de 14 vezes nos últimos quatro anos. Até o primeiro semestre de 2024, a região já contava com 249.079 veículos elétricos leves em circulação, além de mais de 5.000 ônibus elétricos. Esses dados fazem parte do recém-lançado Monitor de Mobilidade Elétrica da América Latina e do Caribe, um relatório apresentado pela Organização Latino-Americana de Energia (OLADE) como parte de sua nova série de publicações mensais, as Notas Técnicas OLADE.

O secretário da OLADE, Andrés Rebolledo, destacou a importância da iniciativa, que pretende monitorar os avanços da eletromobilidade e os desafios para expandir essa tecnologia na região. “Essa nova ferramenta permitirá acompanhar de perto o desenvolvimento da mobilidade elétrica, observando o progresso e as barreiras que enfrentamos para continuar essa transformação”, afirmou Rebolledo durante o evento de lançamento.

Crescimento expressivo e comparações globais

O Monitor de Mobilidade Elétrica revela números impressionantes sobre o avanço da eletromobilidade na ALC, mas também evidencia a necessidade de aceleração em alguns aspectos para acompanhar as grandes potências mundiais. No indicador de veículos elétricos per capita, a América Latina possui 3,8 unidades por 10 mil habitantes, um número significativamente menor que os de regiões como China (241), Europa (183) e Estados Unidos (72).

Em contrapartida, o crescimento no setor de ônibus elétricos é destaque. Desde 2020, a frota total de ônibus eletrificados aumentou 160% na ALC, alcançando 5.084 unidades em 2023. Isso coloca a região em uma posição de liderança, com uma média de 7,7 ônibus elétricos por milhão de habitantes, superando a Europa (3) e os EUA (0,9), mas ainda bem abaixo da China, que lidera com 299 ônibus elétricos por milhão de habitantes.

A infraestrutura de carregamento também é analisada no relatório. A ALC registrava, até 2023, 4.848 postos de recarga públicos, o que resulta em 3,3 postos para cada 100 veículos elétricos. Embora esse número esteja à frente de regiões como Europa (1,3) e EUA (2,8), ele ainda fica atrás da China, que possui 5,1 postos de carregamento para cada 100 veículos elétricos.

Desafios regulatórios e investimentos em renováveis

Apesar dos avanços, a OLADE destaca que a expansão da mobilidade elétrica na ALC ainda exige investimentos significativos, especialmente em energias renováveis. Estima-se que até 2030 serão necessários até US$ 10 bilhões em investimentos nesse setor para sustentar o dinamismo da eletromobilidade na região, garantindo que a geração de energia acompanhe o crescimento da demanda por veículos elétricos e infraestrutura de carregamento.

Outro ponto crucial para o desenvolvimento do setor é a harmonização dos marcos regulatórios nos países da ALC. Rebolledo enfatizou a necessidade de padronizar a regulamentação para facilitar a criação de corredores verdes internacionais, que contariam com infraestrutura de carregamento suficiente e padronizada para apoiar a mobilidade elétrica em rotas transnacionais. “Essa padronização será fundamental para impulsionar a integração regional e o desenvolvimento sustentável no setor de transportes”, destacou.

Iniciativas governamentais e políticas públicas

A maioria dos países da América Latina e Caribe já implementaram ou estão em fase de implementação de políticas públicas e instrumentos regulatórios que incentivam a transição para a eletromobilidade. Essas medidas incluem incentivos fiscais, subsídios para a aquisição de veículos elétricos e desenvolvimento de infraestrutura de carregamento.

No entanto, a necessidade de harmonizar esses instrumentos entre os diferentes países da região permanece como um dos principais desafios. Isso inclui a padronização técnica dos equipamentos e das regras de operação, além da integração das redes elétricas para facilitar o fluxo de veículos elétricos e promover a eficiência energética.

Perspectivas para o futuro

A OLADE continuará acompanhando de perto os avanços da eletromobilidade na ALC, com novas edições das Notas Técnicas OLADE. A próxima edição, prevista para outubro de 2024, abordará o estado da integração elétrica na América do Sul, com foco nos avanços e desafios para melhorar a conectividade energética na região.

Com um mercado em rápida expansão, a eletromobilidade promete transformar o setor de transportes na América Latina e Caribe nos próximos anos, impulsionada por políticas públicas mais robustas, investimento em infraestrutura de carregamento e a crescente adoção de veículos elétricos.

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