Com a chegada da COP30 ao Brasil, empresas do setor de energia intensificam a adoção de soluções digitais e personalizadas para garantir sustentabilidade, eficiência operacional e adaptação aos novos modelos de consumo
Com a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) marcada para novembro, em Belém (PA), o setor elétrico brasileiro volta aos holofotes internacionais. Mais do que um encontro político global, o evento reforça a urgência da transição energética e posiciona o Brasil como protagonista na corrida por um futuro sustentável, papel que, cada vez mais, dependerá da adoção de tecnologias digitais, inteligência de dados e modelos de gestão inovadores.
Segundo Rodrigo Strey, vice-presidente da AMcom, empresa especializada na transformação digital de negócios, a COP30 marca um ponto de inflexão para o setor energético. “Estamos diante de uma demanda global por fontes renováveis, mas também por soluções que tornem o sistema energético mais resiliente, inteligente e acessível. E é aqui que a tecnologia passa a ter um papel central, não só na infraestrutura, mas também na estratégia das empresas”, explica.
Tecnologia para além da infraestrutura
Embora o Brasil tenha uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, com mais de 80% da geração elétrica proveniente de fontes renováveis, o setor ainda enfrenta gargalos estruturais e desafios climáticos relevantes, como as crises hídricas de 2021, que impactaram o abastecimento e expuseram a fragilidade do modelo atual.
A digitalização da cadeia elétrica surge, então, como resposta a esses desafios. Inovações como smart grids (redes elétricas inteligentes), armazenamento de energia e sistemas baseados em Internet das Coisas (IoT) tornam-se fundamentais para integrar novas fontes à matriz e garantir estabilidade, eficiência e segurança.
“Ao digitalizar processos e integrar dados em tempo real, conseguimos não só antecipar demandas e reduzir perdas, mas também personalizar a gestão do consumo e identificar oportunidades estratégicas com muito mais rapidez”, afirma Strey. “Isso é vital para a competitividade do setor.”
IA, dados e novos modelos de consumo
Nos últimos anos, o mercado de energia no Brasil passou por transformações significativas. A ampliação do mercado livre, o avanço dos contratos por assinatura e o crescimento da geração solar distribuída exigiram que empresas repensassem sua forma de operar, e acelerassem sua jornada de digitalização.
Nesse contexto, soluções personalizadas baseadas em inteligência artificial e análise de dados vêm ganhando espaço. Elas permitem desde o mapeamento preciso dos hábitos de consumo até a automatização de processos operacionais e o aprimoramento da experiência do cliente.
“Com ferramentas de Data & Analytics, é possível prever picos de consumo, adaptar a oferta em tempo real e garantir conformidade com as metas ambientais. Isso representa não só mais eficiência, mas também mais transparência e confiança para o consumidor”, pontua o executivo da AMcom.
Vantagens operacionais e ambientais
Além de melhorar a performance interna das companhias, o uso estratégico da tecnologia contribui diretamente para a sustentabilidade ambiental do setor. Ao permitir a inserção coordenada de energias intermitentes (como a solar e a eólica) e promover um consumo mais racional, as soluções digitais ajudam a reduzir emissões, aumentar a previsibilidade do sistema e mitigar os riscos associados à volatilidade energética.
“O futuro da energia está diretamente ligado à inteligência com que ela é gerida. E a inteligência hoje depende da capacidade de processar dados, aprender com eles e tomar decisões baseadas em evidência. Isso só é possível com tecnologia”, resume Strey.
A COP30 como catalisador de mudanças
Para além do debate político e diplomático, a COP30 representa uma oportunidade concreta de reposicionamento estratégico para as empresas do setor elétrico brasileiro. Espera-se que o evento estimule políticas públicas, novos compromissos internacionais e, principalmente, incentivos à inovação e digitalização, especialmente em um cenário de metas ambientais mais rígidas e consumidores mais exigentes.
A AMcom aposta que, com a intensificação da transformação digital, o Brasil poderá não apenas cumprir suas metas climáticas, mas também construir um setor energético mais competitivo, resiliente e preparado para os desafios do século XXI.
“A transição energética já começou. Agora, cabe ao setor decidir com que velocidade e inteligência quer liderar esse movimento. A tecnologia está pronta para ser o diferencial”, conclui Strey.