Transação de R$ 350 milhões com o Grupo Mendes consolida novo player no setor energético e demonstra a maturidade dos FIPs de infraestrutura no país
A gestora de recursos Navi, que atualmente administra um portfólio de R$ 7 bilhões, anunciou a venda de 18 usinas solares fotovoltaicas ao Grupo Mendes, conglomerado empresarial com atuação em incorporação imobiliária, shopping centers, hotelaria e, agora, em franca expansão no setor de geração distribuída de energia elétrica. A transação marca o encerramento do ciclo dos fundos Navi Energias Sustentáveis FIP-IE I e II, representando um marco relevante tanto para o setor de infraestrutura quanto para o mercado de energia renovável no Brasil.
O negócio envolve usinas com capacidade instalada total de 65 megawatts-pico (MWp), energia suficiente para abastecer uma cidade com cerca de 75 mil habitantes. Os ativos estão localizados em 17 municípios distribuídos pelos estados de São Paulo, Goiás e Rio de Janeiro, com predominância em território paulista. Com essa aquisição, o Grupo Mendes se consolida como um dos maiores operadores privados de geração distribuída do país, reforçando seu posicionamento no setor energético.
Geração de valor e eficiência na entrega
Desde 2022, a Navi investiu aproximadamente R$ 350 milhões no desenvolvimento das 18 usinas solares, realizando um processo de implantação completo: do mapeamento dos terrenos à operação comercial. A verticalização da execução garantiu à gestora um controle rigoroso de prazos, custos e performance dos ativos. Agora, com a venda consolidada, a Navi entrega aos seus cotistas um retorno superior ao projetado, mesmo em um cenário macroeconômico de juros elevados.
“O desinvestimento simboliza o encerramento bem-sucedido de uma estratégia de infraestrutura que cumpriu integralmente sua missão. Seguimos ativos no setor, principalmente por meio de crédito estruturado, mas também avaliando novas oportunidades de FIP-IE com foco em geração limpa”, explica Guilherme Sassi, sócio e co-CIO da estratégia de infraestrutura da Navi.
Grupo Mendes amplia presença na energia solar
Para o Grupo Mendes, a operação traz sinergia com ativos já existentes, ao mesmo tempo em que posiciona o grupo como referência nacional em energia solar descentralizada. Segundo o CEO da empresa, Paulo Mendes, a aquisição é parte de uma estratégia mais ampla de diversificação e protagonismo no mercado de energia limpa.
“Essa aquisição fortalece nossa posição estratégica e nos impulsiona como um dos principais players da geração distribuída em São Paulo. Vamos seguir ampliando nossa presença com investimentos orgânicos e novas aquisições”, afirma Mendes.
As negociações tiveram início há seis meses, quando um fornecedor comum aproximou as duas companhias. Com sua expertise consolidada no ecossistema de energia, a Navi coordenou internamente todo o processo de venda, com o suporte jurídico do escritório Mattos Filho. O Grupo Mendes contou com a assessoria do Lefosse Advogados.
FIPs de infraestrutura mostram maturidade do mercado
A conclusão do desinvestimento dos fundos Navi Energias Sustentáveis I e II representa um exemplo bem-sucedido da tese dos Fundos de Investimento em Participações na Infraestrutura (FIP-IE), instrumentos que permitem o financiamento de projetos estruturantes com incentivos fiscais e horizonte de longo prazo.
Além disso, o resultado da operação sinaliza a maturidade crescente do mercado secundário de energia renovável, ampliando o apetite de investidores institucionais e grupos empresariais por ativos operacionais e rentáveis no setor.
A venda também se insere em um contexto de aceleração da transição energética no Brasil, com políticas públicas e incentivos que favorecem a descentralização da geração e o uso de fontes limpas, como a solar. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o país ultrapassou, em 2024, a marca de 28 GW de capacidade instalada em geração distribuída, com forte participação de projetos fotovoltaicos.