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ONS reduz previsão de carga de energia para maio e indica cenário mais seco nas hidrelétricas

ONS reduz previsão de carga de energia para maio e indica cenário mais seco nas hidrelétricas

Operador Nacional do Sistema projeta queda de 0,3% na demanda elétrica e revisão para baixo no armazenamento de reservatórios no Sudeste e Centro-Oeste; ENA segue abaixo da média histórica

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revisou para baixo suas projeções para a carga de energia elétrica no Brasil no mês de maio. Segundo o boletim divulgado nesta sexta-feira (10), a nova estimativa indica uma queda anual de 0,3%, com a carga esperada em 78.762 megawatts médios (MWm). A previsão anterior, publicada na semana passada, apontava para um crescimento de 1,9%.

A revisão reflete a combinação de fatores como temperaturas mais amenas, menor atividade industrial e uma conjuntura hidrológica ainda desfavorável em importantes regiões do país. O cenário mais seco previsto para o mês também afeta as projeções de energia natural afluente (ENA), além do armazenamento nos principais reservatórios hidrelétricos.

Reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste perdem fôlego

A nova projeção do ONS aponta que os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, que respondem por mais de 60% da capacidade de armazenamento de energia do país, devem encerrar o mês de maio com 70,1% da capacidade, um ponto percentual abaixo da previsão anterior (71,4%). Essa redução é especialmente relevante, pois essa região funciona como o principal “pulmão energético” do Brasil, sendo responsável por garantir segurança hídrica ao sistema interligado nacional.

A leve redução na expectativa de armazenamento se dá em um momento em que os volumes de chuva seguem abaixo da média histórica em todo o país, prejudicando a recuperação plena dos níveis dos reservatórios após o período úmido.

Queda nas afluências em todas as regiões

A energia natural afluente (ENA), indicador que mede a quantidade de água que chega aos reservatórios das usinas hidrelétricas, permanecerá abaixo da média histórica em todas as regiões, segundo o ONS.

  • Sudeste/Centro-Oeste: 86% da média histórica (mesmo patamar da semana anterior)
  • Sul: 34% da média (queda significativa em relação aos 49% da semana anterior)
  • Nordeste: 43% da média (melhora ante os 39% da semana anterior)
  • Norte: 64% da média (queda frente aos 70% projetados anteriormente)

O destaque negativo fica com a região Sul, onde a redução abrupta nas afluências indica um cenário de atenção para os próximos meses. Com a chegada do período seco no inverno e a forte dependência de usinas hidrelétricas na região, o desempenho da ENA será crucial para a estabilidade do fornecimento local e para as trocas energéticas com outras regiões.

Impactos no planejamento do setor elétrico

A revisão do ONS impacta diretamente o planejamento operacional do setor elétrico. A expectativa de menor carga de energia exige ajustes na alocação dos recursos do sistema, incluindo a ativação de reservas térmicas, o controle de vertimentos e a otimização do despacho energético.

Além disso, um cenário de ENA abaixo da média impõe pressões adicionais sobre a gestão do sistema de transmissão, pois torna mais dependente as interligações entre regiões com excedente e aquelas com déficit de energia. Também influencia diretamente no mercado de energia, podendo elevar o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) em momentos de maior restrição hídrica.

Sinal de alerta para o inverno

Com a chegada do período seco entre maio e setembro, a previsão hidrológica assume papel central no gerenciamento do setor. O desempenho dos reservatórios e das afluências ao longo dos próximos meses será determinante para a manutenção da estabilidade e do equilíbrio de oferta e demanda no sistema elétrico nacional.

Embora os níveis atuais dos reservatórios estejam dentro de padrões considerados seguros, a continuidade de ENAs abaixo da média, associada a uma possível retomada mais forte da atividade econômica ou picos de demanda por eventos climáticos extremos, pode exigir novas estratégias de despacho e até acionar o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) para avaliações mais detalhadas.

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