Relatório da OLADE revela que geração elétrica na região cresceu 5,5% em 2024, com hidrelétricas, solar e eólica puxando a expansão e reduzindo uso de combustíveis fósseis
A América Latina e o Caribe consolidaram, em 2024, sua posição de liderança global na transição para um sistema energético mais limpo e sustentável. Segundo o novo relatório da Organização Latino-Americana de Energia (OLADE), a região registrou um crescimento de 5,5% na geração de eletricidade, resultado do fortalecimento das fontes renováveis, especialmente hidrelétrica, solar e eólica.
A publicação, que analisa o desempenho anual do sistema elétrico da região, traz um dado de destaque: 69% de toda a eletricidade gerada em 2024 teve origem em fontes renováveis. Essa proporção coloca a América Latina e o Caribe como uma das regiões mais avançadas do mundo em termos de energia sustentável, à frente de muitos países desenvolvidos.
Matriz elétrica diversificada e em evolução
O levantamento da OLADE apresenta uma radiografia detalhada da matriz energética da região. Em 2024, a energia hidrelétrica respondeu por 45% da geração total, mantendo sua posição histórica de predominância. Em seguida, o gás natural participou com 25%, enquanto a energia eólica e a solar fotovoltaica somaram 12% e 7%, respectivamente, demonstrando crescimento contínuo nos investimentos em fontes limpas.
Outras fontes complementaram o cenário: bioenergia (4%), carvão mineral (2%), energia nuclear (2%), derivados de petróleo (2%) e geotérmica (1%). Essa diversidade assegura maior resiliência e segurança energética, além de reduzir a vulnerabilidade a choques externos.
A redução no uso de fontes fósseis é um dos pontos mais relevantes do relatório. Em comparação com 2023, houve queda de 62% no uso de derivados de petróleo e de 49% no carvão mineral, refletindo os compromissos regionais com a descarbonização da matriz elétrica.
Picos de geração e variações sazonais
O relatório aponta ainda o comportamento mensal da geração elétrica, evidenciando as variações sazonais que influenciam a produção na região. O pico anual foi registrado em maio de 2024, com 159 TWh (terawatts-hora) gerados. Outro destaque foi o mês de agosto, com 151 TWh, seguido por dezembro, que fechou o ano com 149 TWh — um aumento de 1,3% em relação a dezembro de 2023.
Em dezembro, a energia hidrelétrica manteve a liderança, com 46% da produção mensal, enquanto o volume total de geração renovável atingiu 109 TWh. Tais números comprovam a consistência do desempenho das renováveis ao longo do ano.
Compromissos com a sustentabilidade energética
Os resultados reforçam o protagonismo da América Latina e do Caribe na agenda global de sustentabilidade. Cerca de dez países da região ultrapassaram os 75% de geração renovável, um indicativo do alinhamento regional com os compromissos assumidos no Acordo de Paris e outras convenções internacionais sobre o clima.
De acordo com a OLADE, o avanço das renováveis se deve a uma combinação de políticas públicas estruturadas, incentivos econômicos, desburocratização para projetos de energia limpa, e maior engajamento do setor privado. Além disso, o desenvolvimento tecnológico e a queda no custo de equipamentos como painéis solares e turbinas eólicas têm favorecido a expansão dessas fontes.
Para os próximos anos, a tendência é de que a participação das renováveis aumente ainda mais, à medida que os países implementem seus planos nacionais de transição energética e novos projetos entrem em operação.