Home Operação & Expansão ONS discute cortes na geração de energia renovável com associações do setor

ONS discute cortes na geração de energia renovável com associações do setor

ONS discute cortes na geração de energia renovável com associações do setor

Encontro reuniu especialistas para debater impactos do curtailment e busca por maior transparência no processo

O crescimento acelerado das fontes renováveis no Brasil tem trazido benefícios para a matriz energética, mas também desafios operacionais que precisam ser gerenciados de forma eficiente. Para debater um desses desafios, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) promoveu, no dia 24 de março, uma reunião virtual com representantes da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) e da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). O objetivo do encontro foi esclarecer os critérios e premissas relacionados ao curtailment, ou seja, os cortes de geração de energia renovável em determinadas condições operacionais.

O evento contou com a presença de mais de 300 participantes, entre especialistas, agentes do setor elétrico e representantes das entidades. O Diretor-Geral do ONS, Marcio Rea, destacou a importância do diálogo e da transparência nas decisões que afetam a operação do sistema elétrico. “A transparência é fundamental para o ONS, e a participação ativa de entidades como a ABEEólica e a Absolar é essencial para garantir que todos os envolvidos compreendam os critérios que regem as decisões relacionadas ao curtailment”, afirmou.

Curtailment: um desafio para a integração das renováveis

O curtailment ocorre quando há necessidade de reduzir a geração de energia renovável devido a limitações técnicas do sistema elétrico. Esse fenômeno acontece principalmente quando a geração de energia supera a capacidade da rede de transmissão ou quando há necessidade de manter a estabilidade do sistema elétrico.

O Brasil tem avançado significativamente na expansão da energia eólica e solar, tornando-se um dos líderes globais em geração renovável. No entanto, a infraestrutura de transmissão ainda enfrenta desafios para absorver toda essa produção de forma eficiente. O problema se torna mais evidente em regiões como o Nordeste, onde há forte geração de energia eólica e solar, mas nem sempre a demanda local é suficiente para consumir toda essa eletricidade gerada.

No encontro promovido pelo ONS, foram discutidas as perspectivas de evolução dos limites dos sistemas de transmissão, os critérios de corte de geração e os impactos do curtailment na operação do sistema elétrico. O Diretor de Operação do ONS, Christiano Vieira, reforçou o compromisso do órgão em buscar soluções para minimizar os impactos desses cortes na geração renovável. “Essa é uma oportunidade para reafirmarmos o nosso compromisso em manter um diálogo aberto e construtivo com os agentes do setor, buscando sempre a melhoria contínua dos processos e a otimização do sistema elétrico brasileiro de modo a minimizar impactos operativos”, afirmou.

Impactos do curtailment e caminhos para o futuro

O curtailment pode ter impactos tanto econômicos quanto ambientais. Para os investidores e operadores de parques eólicos e solares, o corte na geração reduz a rentabilidade dos empreendimentos e pode desincentivar novos investimentos no setor. Além disso, sempre que a geração renovável é limitada, existe o risco de que fontes mais caras e poluentes, como usinas térmicas, precisem ser acionadas para garantir o equilíbrio da oferta e demanda de eletricidade.

Para reduzir a necessidade de cortes na geração renovável, especialistas apontam algumas medidas estratégicas que podem ser adotadas, como:

  • Expansão da rede de transmissão, garantindo que a energia gerada chegue a centros consumidores de forma mais eficiente;
  • Investimentos em armazenamento de energia, com tecnologias como baterias e hidrogênio verde, que permitem armazenar o excedente de eletricidade e utilizá-lo quando necessário;
  • Aprimoramento da gestão da demanda, por meio de sistemas que incentivem o consumo de eletricidade em horários de maior oferta de renováveis.

A reunião promovida pelo ONS reforça a necessidade de um planejamento estruturado para o futuro do setor elétrico brasileiro. A transição energética do país exige não apenas investimentos em geração limpa, mas também em infraestrutura e tecnologia para garantir a integração eficiente dessas fontes no sistema elétrico.

O desafio está posto, mas o Brasil tem um grande potencial para consolidar seu protagonismo global na energia renovável. O caminho passa pelo diálogo entre governo, agentes do setor e entidades representativas, como os encontros promovidos pelo ONS, que são fundamentais para garantir um sistema elétrico mais eficiente, seguro e sustentável.

Exit mobile version