Falha na transmissão impactou Manaus e diversas cidades da região, levando horas para total recomposição do serviço
Na madrugada do dia 8 de março de 2025, uma interrupção de energia de grandes proporções atingiu o estado do Amazonas e parte do Pará, deixando milhares de pessoas sem fornecimento por horas. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirmou que a ocorrência foi causada pelo desligamento automático da Linha de Transmissão (LT) 500 kV Jurupari/Oriximiná C1 e C2, que entrou em colapso em meio a fortes chuvas. O impacto foi imediato: aproximadamente 1.400 MW de carga foram interrompidos, afetando Manaus, sua região metropolitana e diversas cidades do interior, como Parintins, Itacoatiara, Presidente Figueiredo, Iranduba e Manacapuru. Municípios do Noroeste do Pará, como Oriximiná, Óbidos, Alenquer, Monte Alegre, Curuá e Juruti, também sentiram os efeitos do apagão.
A normalização do sistema começou às 00h18, apenas 16 minutos após a detecção da falha, com os procedimentos coordenados pelo ONS sendo executados até 01h55. No entanto, a recomposição total da energia só ocorreu às 07h03, devido a uma série de dificuldades operacionais. O problema foi agravado por falhas na comunicação e supervisão remota das subestações, além da necessidade de deslocamento de equipes para restabelecer manualmente a operação, já que os comandos remotos das concessionárias Amazonas Energia, Energisa e Evoltz não estavam disponíveis no momento do incidente.
Impacto e Investigação das Causas
O apagão afetou milhares de residências, comércios e indústrias, provocando transtornos em hospitais, redes de abastecimento de água, transportes e outros serviços essenciais. A população de Manaus relatou dificuldades no fornecimento de energia durante a madrugada, o que impactou sistemas de refrigeração, telecomunicações e até mesmo o funcionamento de semáforos. Em algumas localidades, estabelecimentos precisaram recorrer a geradores próprios para manter as operações.
As causas exatas da falha ainda estão sob investigação pelo ONS e pelas concessionárias envolvidas. O evento destaca desafios críticos na infraestrutura elétrica da região Norte, uma das áreas mais sensíveis do país em termos de fornecimento de energia. A forte dependência de longas linhas de transmissão, somada às adversidades climáticas e dificuldades logísticas para o deslocamento de equipes de manutenção, torna o sistema mais vulnerável a apagões prolongados.
Desafios da Infraestrutura e Caminhos para a Estabilidade Energética
O Amazonas, devido à sua extensão territorial e características geográficas, enfrenta desafios específicos na distribuição de energia elétrica. A interligação ao Sistema Interligado Nacional (SIN) trouxe avanços significativos na segurança energética do estado, reduzindo a dependência de usinas termelétricas isoladas, mas ainda há gargalos na transmissão e na distribuição.
A ocorrência recente reforça a necessidade de investimentos contínuos na modernização das redes elétricas e em tecnologias de automação e supervisão remota para agilizar a resposta a falhas. Além disso, fontes renováveis, como a energia solar e eólica, poderiam desempenhar um papel crucial no fortalecimento do abastecimento energético da região, reduzindo a vulnerabilidade a interrupções prolongadas.
A capacidade de resposta rápida do ONS e das concessionárias foi fundamental para evitar um colapso ainda maior, mas o incidente levanta preocupações sobre a resiliência do sistema elétrico frente a eventos climáticos extremos, que têm se tornado mais frequentes e intensos.
Enquanto as investigações sobre as causas do apagão seguem em andamento, especialistas alertam para a importância de medidas preventivas e de infraestrutura mais robusta para evitar episódios semelhantes no futuro.