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Startups gaúchas criam projeto inédito que transforma energia limpa em moeda para mobilidade elétrica

Startups gaúchas criam projeto inédito que transforma energia limpa em moeda para mobilidade elétrica

Com financiamento público e uso de algas para captação de carbono, plataforma Taxii permitirá que usuários de veículos elétricos troquem energia excedente por viagens, produtos e até criptomoeda

A transformação energética segue impulsionando o ecossistema de inovação no Brasil. Em um movimento inédito, três startups selecionadas pelo edital 02/2025 do programa Startup Lab, da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict) do Rio Grande do Sul, uniram forças para desenvolver uma plataforma sustentável e inteligente para mobilidade elétrica. O resultado é o projeto Taxii, uma solução inovadora que converte energia renovável excedente de veículos elétricos em moeda de troca para transporte, produtos e até investimentos em ativos digitais.

As empresas envolvidas – Sismu, Algasul e Nutrivi – foram destaque na última edição da Gramado Summit, um dos principais eventos de inovação da América Latina. A conexão entre os empreendedores surgiu ainda na edição de 2024 do evento, e desde então, o projeto ganhou tração. De lá para cá, foi aprovado para financiamento pela Finep e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, com um aporte de R$ 1,89 milhão destinado à construção da infraestrutura inicial do projeto.

A ideia central é ambiciosa e transformadora: criar pontos de recarga de veículos elétricos abastecidos por fontes 100% renováveis – energia solar, eólica e um sistema inovador de captação de carbono por meio de algas marinhas. Essa tecnologia será integrada à plataforma Taxii, desenvolvida pela Sismu, que vai permitir aos motoristas não apenas abastecer seus veículos com energia limpa, mas também usar a energia excedente armazenada como forma de pagamento para serviços e produtos.

Energia limpa que vale dinheiro

Segundo Charles Olson, CEO da Taxii e sócio-investidor do Grupo Nutrivi, o projeto representa uma virada no paradigma da mobilidade urbana. “Transformamos energia excedente em moeda digital, criando um ecossistema sustentável onde o usuário se beneficia por escolher uma alternativa limpa. É um modelo que conecta tecnologia, meio ambiente e economia compartilhada.”

Com sensores acoplados aos veículos elétricos, a plataforma ainda fornecerá dados em tempo real sobre qualidade do ar e tráfego urbano, funcionando como um hub de inteligência urbana para gestores públicos e usuários.

A Algasul, responsável pela geração de energia a partir de microalgas, terá um papel fundamental. O CEO da empresa, Bruno Kubelka, destaca o potencial transformador da biotecnologia no projeto. “As algas capturam CO₂ da atmosfera e geram energia limpa. Estamos estudando a equivalência entre metros cúbicos de algas e a captura de carbono feita por árvores, o que poderá redefinir os parâmetros da compensação ambiental.”

Infraestrutura verde começa a sair do papel

O primeiro carregador do projeto já está em fase de construção na PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) e tem previsão de entrega em até 140 dias. Além disso, a prefeitura de Porto Alegre cedeu espaço para o primeiro ponto de recarga, que integrará o chamado “corredor verde” da capital.

A meta é instalar 30 pontos de abastecimento em áreas estratégicas de Porto Alegre. O primeiro deverá ser inaugurado nos arredores da rodoviária, com acesso tanto para taxistas quanto para a população em geral. Cada estação contará com energia solar, eólica e de microalgas, todas com certificação 100% limpa.

Um modelo de inovação colaborativa

Além do impacto ambiental e tecnológico, o projeto também simboliza um novo momento para o ecossistema de inovação gaúcho. O trabalho conjunto entre startups de diferentes setores e regiões do estado exemplifica a força da colaboração.

A Sismu, com sede em Carazinho (RS), desenvolve a arquitetura da plataforma e integra os sistemas de sensores. A Algasul, com base em Rio Grande (RS), possui parceria com a FURG e a UFPel no desenvolvimento da biotecnologia aplicada. Já a Nutrivi, sediada em Porto Alegre com atuação em São Paulo e Maceió, atua como gestora e financiadora do projeto.

Esse modelo de inovação cruzada, com apoio institucional e financiamento público, pode servir de referência para outras regiões do país interessadas em integrar sustentabilidade, mobilidade e economia digital.

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