ONS aponta níveis de armazenamento superiores a 60% na maioria das regiões, enquanto demanda energética cresce e desafios permanecem
O Brasil deve encerrar março com níveis de reservatórios hidrelétricos dentro do esperado para o período úmido, segundo dados divulgados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). De acordo com o mais recente boletim do Programa Mensal da Operação (PMO), três dos quatro subsistemas do Sistema Interligado Nacional (SIN) alcançarão percentuais superiores a 60% de Energia Armazenada (EAR), consolidando um cenário de segurança energética para o país.
As projeções indicam que a região Norte apresentará o maior índice de armazenamento, com 96,1%, seguida pelo Nordeste, com 78,1%, e pelo Sudeste/Centro-Oeste, que deve alcançar 69,3%. Esses números são compatíveis com os registrados no mesmo período de 2024, reforçando a estabilidade do abastecimento elétrico nacional. No entanto, a região Sul permanece como a mais vulnerável, com previsão de apenas 36,9% de armazenamento, um patamar que acende o alerta para a gestão dos recursos hídricos na localidade.
Gestão Hídrica Mantém Segurança no Abastecimento
O diretor-geral do ONS, Marcio Rea, destacou que a estratégia operativa adotada pelo órgão tem sido fundamental para manter os níveis dos reservatórios dentro de patamares seguros.
“O ONS vem implementando uma política que busca otimizar os recursos energéticos e, ao mesmo tempo, garantir a recuperação e manutenção dos principais reservatórios. Essa abordagem se intensifica ao final do período úmido, contribuindo para a estabilidade do sistema”, afirmou Rea.
Apesar do cenário positivo na maioria das regiões, algumas projeções para a Energia Natural Afluente (ENA), indicador que mede a quantidade de água que chega aos reservatórios e impacta diretamente a capacidade de geração hidrelétrica, sofreram revisões para baixo. O Sudeste/Centro-Oeste, que inicialmente tinha estimativa de 65% da Média de Longo Termo (MLT), agora deve atingir 60%. O Nordeste também apresentou redução, passando de 28% para 25% da MLT.
Por outro lado, o Norte demonstrou uma melhora nas projeções, elevando sua expectativa de 95% para 102% da MLT. Já o Sul mantém uma previsão de 55% da MLT, sem alterações em relação ao que foi estimado anteriormente.
Aumento da Demanda Energética e Impacto no Sistema
O relatório do ONS também projeta um crescimento na demanda por energia elétrica em todo o país. O SIN como um todo deve registrar um aumento de 3,5% em março, alcançando uma carga de 86.450 MW médios.
A região Sul, mesmo com seus desafios no armazenamento hídrico, apresenta a maior taxa de crescimento no consumo energético, com alta de 7,6% e uma demanda projetada de 15.799 MW médios. No Norte, o aumento previsto é de 4% (7.692 MW médios), enquanto o Sudeste/Centro-Oeste e o Nordeste devem registrar elevações de 3,2% (49.321 MW médios) e 0,2% (13.638 MW médios), respectivamente.
No que diz respeito ao Custo Marginal de Operação (CMO), os dados do ONS indicam que o cenário se mantém inalterado em relação às semanas anteriores. O custo segue zerado nas regiões Norte e Nordeste, enquanto o Sudeste/Centro-Oeste e o Sul operam com um valor de R$ 343,62 por megawatt-hora (MWh).
Perspectivas e Desafios para o Setor Elétrico
Com o fim do período úmido e a chegada dos meses mais secos, a gestão hídrica dos reservatórios será um dos principais desafios para o setor elétrico brasileiro. A estabilidade dos níveis de armazenamento na maioria das regiões traz segurança ao sistema, mas a situação do Sul exige um acompanhamento detalhado, especialmente diante do crescimento expressivo da demanda na região.
A expectativa agora é que os próximos boletins do ONS tragam mais detalhes sobre a transição para o período seco e os impactos potenciais na operação do SIN. Com uma política eficiente de planejamento energético, o país pode seguir com segurança e previsibilidade no abastecimento, mesmo diante dos desafios climáticos e operacionais.