Memorando prevê maior eficiência no intercâmbio de energia e redução de custos para consumidores brasileiros
Brasil e Uruguai deram um passo significativo na integração energética da América do Sul. Os dois países assinaram, na última quarta-feira (12/02), em Montevidéu, um Memorando de Entendimento para aprimorar as condições de intercâmbio de energia elétrica. O objetivo é aumentar a confiabilidade do sistema, reduzir custos para os consumidores brasileiros e descongestionar a rede elétrica no sul do Brasil.
O acordo prevê a transferência do ponto de entrega da energia uruguaia da Subestação Presidente Médici (230 kV) para a Subestação Candiota II (525 kV), no Rio Grande do Sul. Com isso, será possível utilizar uma infraestrutura de maior capacidade, reduzindo riscos de sobrecarga e interrupções.
Brasil fortalece liderança energética na América do Sul
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que o intercâmbio energético com o Uruguai já ocorre de forma contínua e traz benefícios para ambos os países. “O Uruguai tem importado cada vez mais energia do Brasil e, quando precisamos, nos exporta também. Essa integração regional fortalece a confiabilidade do sistema e reduz custos, trazendo ganhos para os dois lados da fronteira”, afirmou Silveira.
A assinatura do memorando ocorreu durante a IX Mesa de Diálogo do Sistema de Integração Energética dos Países do Sul (SIESUR), fórum que reúne líderes do setor elétrico da América do Sul para debater políticas de cooperação energética.
A migração do ponto de entrega para a rede de 500 kV ajudará a desafogar o sistema de 230 kV do Rio Grande do Sul, que está sobrecarregado devido ao avanço das energias renováveis na região. O Ministério de Minas e Energia já anunciou que tomará as medidas necessárias para efetivar a interligação entre as Subestações Candiota e Candiota II, garantindo a operacionalização plena do novo fluxo de energia.
Exportação e importação de energia: equilíbrio estratégico
O fortalecimento da interconexão elétrica entre os dois países ocorre em um momento de aumento na capacidade de exportação de energia do Brasil. Somente na primeira semana de fevereiro, o Brasil enviou 1.093 MW médios para a Argentina e o Uruguai – um volume equivalente a toda a geração termelétrica do Sul do país no mesmo período.
A melhora no fornecimento interno de energia, impulsionada pela recuperação dos reservatórios das hidrelétricas e pela expansão das fontes renováveis, tem permitido ao Brasil reduzir a geração por termelétricas mais caras e exportar excedentes para os países vizinhos.
Essa estratégia gera um impacto positivo direto para os consumidores brasileiros. A energia disponibilizada no mercado de curto prazo para exportação vem de fontes térmicas fora da ordem de mérito (ou seja, de custo elevado) ou de hidrelétricas que, de outra forma, precisariam verter água sem gerar energia. Isso reduz custos internos e contribui para a modicidade tarifária.
Por outro lado, o Brasil só importa energia do Uruguai quando ela tem um custo inferior ao das fontes disponíveis no país. Em 2024, essa estratégia gerou uma economia superior a R$ 750 milhões para o sistema elétrico brasileiro.
Integração energética: o futuro do setor elétrico na América do Sul
A cooperação energética entre Brasil e Uruguai se insere em um contexto mais amplo de integração elétrica na América do Sul, com potencial para trazer ainda mais benefícios para a segurança energética da região.
A longo prazo, esse tipo de intercâmbio pode ajudar a tornar os sistemas elétricos dos países sul-americanos mais resilientes, garantindo maior eficiência na utilização dos recursos energéticos e fortalecendo o desenvolvimento de energias renováveis.
Com essa parceria reforçada, Brasil e Uruguai avançam rumo a um modelo energético mais eficiente, sustentável e economicamente vantajoso para seus consumidores.