Relatório do ONS aponta crescimento significativo na energia armazenada e melhora nas projeções para dezembro
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou o boletim semanal do Programa Mensal de Operação (PMO), trazendo boas notícias para o setor elétrico. As projeções atualizadas para os níveis de Energia Armazenada (EAR) indicam que três dos quatro subsistemas do país devem encerrar dezembro com mais de 50% de capacidade nos reservatórios. Este cenário não apenas supera as expectativas iniciais para o mês, mas também reflete a recuperação hídrica em diversas regiões.
O destaque é para o subsistema Sul, que deverá atingir impressionantes 80,9% de EAR, um salto expressivo frente aos 58% registrados na semana anterior. Nas demais regiões, o desempenho também é animador: o Norte pode alcançar 53,2% (ante 46,3% da projeção anterior), o Sudeste/Centro-Oeste 51,2% (contra 47,1%) e o Nordeste, ainda que mais abaixo, deve atingir 46,2% (comparado a 45,8%).
Essa recuperação nos níveis de reservatórios está diretamente relacionada à melhora na projeção da Energia Natural Afluente (ENA) – indicador que mede a quantidade de água que chega aos reservatórios das usinas hidrelétricas e que pode ser convertida em energia elétrica. De acordo com o relatório, o Sul lidera novamente com 212% da Média de Longo Termo (MLT), um aumento significativo em relação aos 124% da semana anterior. O Sudeste/Centro-Oeste também apresenta avanço, com previsão de ENA em 107% da MLT. No Norte e no Nordeste, os números são de 92% e 61% da MLT, respectivamente.
Demanda energética e queda nos custos
O boletim também trouxe informações sobre a demanda de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN), que apresenta uma leve expansão estimada em 0,9% na comparação com dezembro de 2023. O crescimento será impulsionado principalmente pelas regiões Norte, com uma alta de 8,7%, e Nordeste, que deve avançar 1,8%. Já o Sul e o Sudeste/Centro-Oeste podem registrar retrações de 0,4% e 0,2%, respectivamente.
Outro ponto positivo destacado pelo relatório é a redução no Custo Marginal de Operação (CMO), que caiu para R$ 1,71 em todas as regiões, um alívio em comparação aos R$ 5,49 da última revisão. Essa queda reflete a combinação de melhores projeções de ENA e a recuperação hídrica dos reservatórios.
Impactos no setor e expectativas
O cenário mais otimista para os níveis de armazenamento nos reservatórios reforça a segurança hídrica do país e pode contribuir para uma maior estabilidade nos custos de geração de energia. Além disso, a recuperação dos índices em praticamente todas as regiões é um sinal de que o Brasil pode enfrentar o período úmido com maior tranquilidade, reduzindo a dependência de fontes mais caras, como as térmicas.
Especialistas destacam que o desempenho do subsistema Sul é particularmente relevante, pois a região vem apresentando índices abaixo da média histórica em anos anteriores. A recuperação acima de 200% da MLT, conforme indicado no relatório, é uma demonstração clara de que o retorno das chuvas e o planejamento operacional estão surtindo efeito.
Embora o Nordeste apresente números mais modestos, a região continua sendo uma potência em energias renováveis, como a solar e a eólica, que complementam a capacidade hídrica. Já o Sudeste/Centro-Oeste, maior consumidor de energia do país, vê uma recuperação consistente nos índices de armazenamento, o que fortalece o equilíbrio do SIN como um todo.
À medida que o ano se aproxima do fim, o setor elétrico brasileiro vislumbra um cenário de otimismo cauteloso. O alinhamento das projeções de ENA e EAR com a realidade operacional, associado a uma redução no CMO, reforça que o Brasil está no caminho certo para garantir maior previsibilidade e eficiência no fornecimento de energia.