Estudo da Accenture aponta desafios na descarbonização e alerta para o impacto da inteligência artificial no equilíbrio ambiental
Um estudo recente da Accenture revelou uma realidade preocupante: apenas 16% das maiores empresas do mundo estão no caminho certo para alcançar as metas de emissões zero até 2050. Além disso, quase metade (45%) dessas empresas continua registrando aumento em suas emissões de carbono, mesmo em um contexto global que exige esforços urgentes para mitigar as mudanças climáticas.
O relatório “Destination Net Zero” analisou os compromissos de descarbonização, as atividades de redução de carbono e os dados das 2.000 maiores empresas globais. Apesar de mais da metade (52%) das empresas ter reduzido suas emissões desde o Acordo de Paris, as metas de emissões zero permanecem estagnadas em 37%.
IA: uma faca de dois gumes no caminho da descarbonização
Um dos principais pontos do estudo foi a relação entre a expansão da inteligência artificial (IA) e os compromissos de sustentabilidade. Apenas 14% das empresas estão usando IA para reduzir emissões, apesar de seu potencial transformador. Por outro lado, o uso intensivo de IA pode gerar um aumento significativo nas emissões de carbono relacionadas à tecnologia.
Estima-se que, sem avanços tecnológicos em hardware, algoritmos e sistemas de energia, as emissões geradas por data centers focados em IA aumentem de 68 milhões para 718 milhões de toneladas de CO2 até 2030. Mauro Macchi, CEO da Accenture para Europa, Oriente Médio e África, destacou que o uso responsável da IA será crucial: “O escalonamento sustentável dessa tecnologia é essencial para que o setor alcance o ponto de inflexão em que os benefícios superem os impactos negativos.”
Apesar dos riscos, líderes empresariais estão otimistas. Cerca de 65% acreditam que a IA reduzirá emissões a longo prazo, desde que integrada a estratégias responsáveis e bem planejadas.
Empresas europeias lideram esforços globais
A Europa desponta como a região mais avançada em descarbonização, com 64% das empresas estabelecendo metas de emissões zero, mais que o dobro das registradas na América do Norte e Ásia-Pacífico. Além disso, 20% das empresas europeias já utilizam IA para reduzir emissões, um índice superior às demais regiões.
Mauro Macchi enfatiza que a liderança europeia se deve a regulamentos como o CSRD, que exigem maior transparência e metas ambiciosas. “Empresas na Europa estão conciliando descarbonização e competitividade, liderando o caminho para cadeias de valor mais sustentáveis”, afirma.
Mudanças estruturais ganham tração global
O estudo da Accenture também identificou uma tendência positiva: práticas sustentáveis estão se tornando padrão em muitas empresas. Cerca de 80% já adotam medidas como eficiência energética, redução de resíduos e uso de energias renováveis. Em mercados mais avançados, como o europeu, 48% das empresas implementam mais de 15 estratégias de descarbonização simultaneamente.
No entanto, Felipe Bottini, líder de sustentabilidade da Accenture no Brasil, alerta para a urgência de avançar mais rapidamente: “Estamos em um marco importante, mas precisamos acelerar. A reinvenção de cadeias de valor sustentáveis requer colaboração profunda e tecnologias transformadoras.”
O papel estratégico da Accenture
A Accenture tem intensificado seus investimentos em soluções sustentáveis, como um modelo de linguagem baseado no Meta Llama 3.1, que auxilia na produção de relatórios ESG. A ferramenta reduz o tempo de trabalho em 70%, organizando dados e atendendo a requisitos regulatórios.
Com seu portfólio de sustentabilidade, a Accenture apoia empresas na melhoria de indicadores ESG e na redução de impactos ambientais, reforçando o papel da inteligência de dados na construção de negócios mais responsáveis.
O futuro das metas de emissões zero depende de esforços coordenados entre empresas, governos e sociedade. A inteligência artificial, se usada de forma responsável, pode ser uma aliada poderosa nesse processo, mas o tempo para agir está se esgotando.
