Estudo destaca como interligações internacionais ajudaram a atender 3,7% da demanda energética regional e reduziram impactos de crises climáticas
A Organização Latino-Americana de Energia (OLADE) apresentou sua segunda Nota Técnica sobre a situação da integração elétrica na América do Sul, revelando avanços significativos nas trocas de energia entre os países da região em 2023. O relatório, que faz parte de uma série de publicações mensais da organização, analisa a infraestrutura existente, o impacto das interligações internacionais na demanda regional e as oportunidades para fortalecer a segurança energética diante de crises climáticas.
Crescimento expressivo nas trocas de energia
Um dos destaques do relatório é o aumento de 28% nas trocas de eletricidade entre os países da América do Sul em 2023, em comparação com o ano anterior. Essas transações, realizadas majoritariamente entre os países do Cone Sul, permitiram atender 3,7% da demanda energética total da região.
Embora o percentual médio seja modesto, alguns países mostraram maior dependência das importações:
- Uruguai: Atendeu 11,1% de sua demanda com energia importada, principalmente do Brasil e, em menor escala, da Argentina.
- Argentina: Importou 10% de sua energia de Brasil, Uruguai, Paraguai e, em menor proporção, de Bolívia e Chile.
- Equador: Supriu 4,4% de sua necessidade energética com importações da Colômbia e do Peru.
Infraestrutura de interconexão em expansão
A região conta atualmente com 1.679 quilômetros de linhas de interligação internacional operacionais. Além disso, foram identificados 4.775 quilômetros em projetos e estudos que ainda aguardam execução.
Essas interligações foram mais utilizadas em 2023, com o Cone Sul alcançando um fator de utilização médio de 35,5%, contra 28,4% em 2022. Entre os destaques:
- A estação conversora Garabí, na conexão Argentina-Brasil, registrou uma taxa de utilização de 45%.
- As interligações diretas entre Brasil e Argentina operaram a 60% de sua capacidade.
- Na Região Andina, o uso médio das interligações foi de 39,4%, ante 13,9% em 2022, com o enlace Colômbia-Equador liderando com 46,3%.
Desafios climáticos e importância da integração
O estudo também aborda os efeitos dos eventos climáticos extremos sobre a geração de energia, como os períodos de escassez hidrológica registrados na bacia do Paraná e do rio Uruguai entre 2020 e 2023. Nessas situações, a dependência de fontes locais de energia resultou em aumento de custos, emissões de gases de efeito estufa e até racionamento.
Nesse contexto, a integração elétrica mostrou-se essencial para mitigar impactos e garantir maior estabilidade na oferta. Países com níveis mais elevados de interconexão física demonstraram resiliência superior diante de crises climáticas.
Conclusões e perspectivas
A Nota Técnica reforça que a ampliação da infraestrutura de interconexão elétrica na América do Sul é uma estratégia crucial para fortalecer a segurança energética regional. Mesmo com níveis baixos de utilização em períodos normais, essas interligações são vitais em momentos de escassez.
A OLADE conclui que, para enfrentar os desafios energéticos e climáticos, a região deve continuar investindo em integração física e em estratégias conjuntas de aproveitamento de recursos.
O relatório completo está disponível no site da OLADE, acompanhado de um vídeo de lançamento com os principais pontos.