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Transição Energética e Finanças Climáticas em Foco: Brasil Avança no Planejamento para 2050

Transição Energética e Finanças Climáticas em Foco - Brasil Avança no Planejamento para 2050

Reuniões do MME, EPE e bp, além de debates com Paul Polman, destacam desafios e oportunidades para o setor energético e a economia verde global

O Brasil deu mais um passo em direção à transição energética com uma série de eventos importantes nesta semana, que destacaram tanto o planejamento estratégico para o setor de energia quanto o papel do mercado financeiro na luta contra as mudanças climáticas. O Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) realizaram uma reunião com a companhia bp para discutir os desafios globais da transição energética, enquanto a AYA Earth Partners promoveu um encontro com líderes do setor financeiro para debater o financiamento verde.

O planejamento energético para a transição até 2050

No encontro entre o MME, a EPE e a bp, realizado na quarta-feira (23/10), foram apresentados os principais pontos do bp Energy Outlook 2024, que analisa as forças que moldam a demanda e a oferta de energia globalmente até 2050. Apesar do crescimento das energias renováveis, como solar e eólica, o consumo de combustíveis fósseis permanece significativo. O relatório também mostrou que, em todos os cenários analisados, as fontes renováveis de eletricidade no Brasil devem continuar crescendo, abrindo caminho para o uso de hidrogênio de baixa emissão de carbono.

Thiago Barral, secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do MME, ressaltou que o país está comprometido com uma visão ambiciosa para a transição energética, que envolve trabalhar com cenários futuros, considerando incertezas e riscos. “Fortalecer as capacidades de planejamento energético ajuda a minimizar arrependimentos em investimentos privados e nas políticas públicas. É isso que estamos considerando no Plano Nacional de Transição Energética”, disse Barral.

A importância de um planejamento robusto também foi destacada por Pietro Mendes, secretário Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Mendes apontou que, embora o Brasil esteja investindo em energias renováveis e biocombustíveis, a substituição total dos derivados de petróleo e gás natural não é trivial. “Atacar a demanda por combustíveis fósseis, fortalecendo programas como o RenovaBio e o Combustível do Futuro, é crucial para garantir a segurança da matriz energética enquanto avançamos na transição”, afirmou.

Finanças climáticas e o papel do mercado financeiro na descarbonização

Enquanto o governo brasileiro se dedica ao planejamento energético, o mercado financeiro também está sendo chamado a desempenhar um papel decisivo na transição para uma economia de baixo carbono. Durante o evento organizado pela AYA Earth Partners, Paul Polman, ex-CEO da Unilever e ativista climático, destacou que 80% dos problemas ambientais globais exigem soluções rápidas e coletivas. “Precisamos acelerar o financiamento verde globalmente e focar em soluções inovadoras que possam escalar rapidamente, para evitar que a crise climática se agrave”, comentou Polman.

No Brasil, o financiamento para a agenda verde tem ficado aquém das necessidades, com apenas 4% dos investimentos globais em clima vindo para a América Latina. Patricia Ellen, cofundadora da AYA Earth Partners, salientou que o Brasil deve não apenas levar suas soluções sustentáveis para o mundo, mas também atrair mais capital estrangeiro. “Para cumprir as metas do Acordo de Paris, são necessários cerca de US$ 8 trilhões em investimentos anuais até 2030. No entanto, hoje temos apenas entre US$ 2 e 3 trilhões sendo investidos, e a América Latina recebe uma pequena fração desse valor”, afirmou.

Eduardo Aranibar, CEO da AYA Earth Partners, reforçou a necessidade de aumentar os investimentos no Sul Global, onde muitos países ainda carecem de recursos suficientes para implementar soluções ambientais efetivas. “Precisamos dobrar nossa taxa de crescimento do PIB no Brasil para nos tornarmos uma economia net positive até 2030”, apontou.

Oportunidades de negócio e desafios para o mercado financeiro

A transição para uma economia de baixo carbono também apresenta grandes oportunidades para o setor privado. Luciana Ribeiro, sócia fundadora da EB Capital, destacou que as empresas posicionadas no centro da agenda ESG (Ambiental, Social e Governança) terão vantagem competitiva global nos próximos anos. “As empresas que liderarem essa transição serão as mais valorizadas no futuro”, disse Ribeiro.

No painel sobre o papel do mercado financeiro na era da mudança climática, Marcos Garcia, superintendente de Crédito do Banco BV, abordou a crescente importância dos Green Bonds (títulos verdes) e o desafio de torná-los acessíveis para mais empresas. “Temos muitas companhias com ações ambientais concretas, mas que ainda não conseguem quantificar ou divulgar isso adequadamente. O mercado de Green Bonds está crescendo e terá uma maior eficiência de preço no futuro”, afirmou Garcia.

Leonardo Fleck, Senior Head de Inovação Social do Santander, destacou que tecnologias maduras, como hidrelétricas, eólicas e solares, já não enfrentam dificuldades de financiamento. “O desafio agora é trazer um grande volume de capital para novas tecnologias e em um curto espaço de tempo”, comentou Fleck.

Celeridade nas aprovações de investimentos verdes

Os painelistas também abordaram a necessidade de acelerar os processos de aprovação de investimentos verdes. Rafaella Dortas, Head de ESG do BTG Pactual, comentou que o banco está focado em educar todas as suas áreas sobre o potencial dos investimentos ESG. “O tempo de retorno de um investimento em crédito de carbono na Amazônia é diferente de um investimento em áreas como Faria Lima, mas ambos têm seu valor estratégico”, explicou Dortas.

O evento da AYA Earth Partners deixou claro que o mercado financeiro brasileiro está se preparando para uma transição verde, mas ainda há muito a ser feito para garantir que o capital necessário chegue aos projetos certos. A celeridade nos investimentos e a colaboração entre os setores público e privado serão essenciais para que o Brasil alcance suas metas climáticas e se posicione como um líder global na transição energética.

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