Projetos locais no Rio de Janeiro, como a Revolusolar e o Instituto EAE, impulsionam a sustentabilidade e o empoderamento das comunidades através de soluções inovadoras
As mudanças climáticas representam um desafio global que exige soluções locais inovadoras e eficientes. No estado do Rio de Janeiro, diversas iniciativas têm surgido para enfrentar esses problemas, muitas delas ligadas a comunidades de baixa renda e periferias. Entre essas iniciativas, destaca-se a Revolusolar, projeto que acaba de ser indicado ao prestigiado Prêmio Empreendedor Social da Folha. A indicação reflete o impacto significativo que essa iniciativa, assim como outras na região, está gerando no combate às questões climáticas e na promoção da justiça socioambiental.
As soluções climáticas locais são ações desenvolvidas de acordo com as especificidades de cada território, integrando medidas de preservação ambiental e infraestrutura verde para promover sustentabilidade. Entre 2022 e 2023, fundos filantrópicos destinaram cerca de R$ 395 milhões para apoiar essas ações no Brasil, segundo levantamento da filantropia de justiça socioambiental. Apesar desse investimento ainda ser insuficiente para as reais necessidades do país, ele tem ajudado a transformar a realidade de muitas comunidades, especialmente nas periferias.
No Rio de Janeiro, o trabalho de organizações e coletivos ligados à Rede Comuá é um exemplo de como é possível criar impactos duradouros através de soluções climáticas locais. A Revolusolar, uma das iniciativas apoiadas pela Rede, atua na comunidade do Morro da Babilônia, na Zona Sul da cidade. O projeto é focado na instalação de energia fotovoltaica, oferecendo soluções de eficiência energética para moradores, capacitando-os para a instalação e manutenção dos sistemas solares, e gerando empregos locais. Mais do que reduzir os custos com eletricidade, a Revolusolar promove empoderamento comunitário, criando autonomia para os residentes ao capacitá-los em uma área cada vez mais promissora – a energia renovável.
“A Revolusolar é mais do que um projeto de energia limpa. Ela é um movimento de transformação social e econômica, que dá poder às comunidades para que elas mesmas sejam agentes de mudança no cenário energético brasileiro”, destaca um dos coordenadores da iniciativa.
Além de economizar recursos e reduzir o impacto ambiental, o projeto contribui para a sustentabilidade social, permitindo que moradores do Morro da Babilônia adquiram conhecimentos técnicos que podem ser aplicados tanto dentro quanto fora da comunidade. Essa abordagem não apenas melhora a qualidade de vida, mas também abre portas para o crescimento econômico local, promovendo um ciclo virtuoso de desenvolvimento sustentável.
Reflorestamento e Sustentabilidade em Nova Iguaçu
Outro exemplo de uma solução climática transformadora no Rio de Janeiro vem de Nova Iguaçu, com o trabalho do Instituto EAE. O projeto foca no reflorestamento da Serra do Vulcão, uma área que sofre com desmatamentos frequentes e queimadas ilegais. O slogan do projeto, “Eles queimam, nós plantamos”, reflete o compromisso da equipe em restaurar áreas degradadas e recuperar a biodiversidade local.
Com o apoio do Fundo Casa Fluminense, o Instituto EAE tem conseguido plantar milhares de mudas de árvores, combatendo diretamente o impacto das queimadas e o desmatamento. Esses esforços são essenciais para garantir a proteção dos recursos naturais e para preservar o meio ambiente, além de contribuir para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. O reflorestamento ajuda a regular o clima local, melhora a qualidade do ar e da água, e previne deslizamentos de terra, um problema comum em áreas de encostas no Rio de Janeiro.
“A nossa missão é devolver à Serra do Vulcão a vida que foi destruída ao longo dos anos por práticas irresponsáveis. Cada árvore plantada é uma vitória para o meio ambiente e para as futuras gerações”, afirmou um dos líderes do projeto.
O Papel da Rede Comuá
Tanto a Revolusolar quanto o Instituto EAE fazem parte da Rede Comuá, uma organização que reúne fundos temáticos e comunitários, fundações e doadores independentes. A missão da Rede é mobilizar recursos de fontes diversas para apoiar grupos e movimentos que atuam nos campos da justiça socioambiental, direitos humanos e desenvolvimento comunitário.
A Rede Comuá tem sido fundamental para viabilizar a implementação e expansão dessas iniciativas locais, conectando projetos com fundos e doações que, de outra forma, não estariam disponíveis para muitas comunidades. Essa rede de apoio é vital para que projetos como a Revolusolar e o Instituto EAE possam prosperar, ampliando seu alcance e impacto.
Embora ainda haja muito a ser feito para enfrentar os desafios ambientais no Brasil, o trabalho dessas organizações mostra que as soluções climáticas locais podem ter um impacto profundo e transformador. Elas não apenas combatem diretamente os efeitos das mudanças climáticas, mas também promovem o desenvolvimento sustentável, a inclusão social e o empoderamento das comunidades.