Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico delineia ações para enfrentar desafios hidrológicos e assegurar fornecimento de energia no próximo ano
Na 295ª reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), realizada na terça-feira, 3 de setembro, foram aprovadas uma série de medidas para garantir a continuidade do suprimento de energia elétrica no Brasil em 2024. A reunião, conduzida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), abordou a situação hidrológica desfavorável, especialmente no Norte do Brasil, e traçou estratégias para enfrentar os desafios que se avizinham.
Cenário Hidrológico e Perspectivas para 2024
O cenário hidrológico para o ano de 2024 apresenta desafios significativos. A análise do ONS indicou que a configuração do fenômeno La Niña para o segundo semestre ainda é incerta, e a previsão para os meses de setembro a novembro aponta para chuvas abaixo da média nas regiões Norte e Centro-Oeste, bem como temperaturas acima da média em todo o Brasil.
O ONS prevê que, em cenários de alta demanda e baixa contribuição da geração eólica, será necessário recorrer a recursos da reserva operativa para atender à demanda máxima do sistema. O armazenamento equivalente no Sistema Interligado Nacional (SIN) está atualmente em 58%, e a expectativa é de que, ao final do período seco, esse índice varie entre 42% e 49%.
Ações Preventivas e Estratégias de Operação
Para enfrentar esses desafios, o CMSE aprovou uma série de ações preventivas:
- Despacho de Termelétricas: Continuidade do despacho das usinas termelétricas a Gás Natural Liquefeito (GNL) Santa Cruz e Linhares durante todo o mês de novembro. Também será considerada a operação flexível das termelétricas a GNL Santa Cruz, Linhares e Porto Sergipe, com o objetivo de minimizar os custos operacionais e atender à ponta de carga do sistema.
- Operação do Reservatório de Belo Monte: Articulação para uma operação excepcional do reservatório intermediário da usina hidrelétrica de Belo Monte com uma vazão mínima de 100 m³/s, respeitando todas as licenças e autorizações necessárias.
- Expansão da Transmissão: Viabilização da entrada em operação das linhas de transmissão 500 kV Porto do Sergipe – Olindina – Sapeaçu, 500 kV Terminal Rio – Lagos e 345 kV Leopoldina 2 – Lagos, para assegurar o escoamento de potência durante os meses críticos de setembro a dezembro.
- Critérios Operacionais: Possibilidade de adotar critérios de desempenho e segurança menos restritivos para a operação do SIN, visando maximizar o uso de recursos disponíveis e garantir o atendimento das cargas entre setembro e novembro, conforme os procedimentos de rede.
Impacto das Queimadas e Medidas para Eleições Municipais
Durante a reunião, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apresentou medidas para mitigar os impactos das queimadas, que têm causado desligamentos e comprometido a confiabilidade do sistema elétrico. Além disso, o CMSE discutiu a necessidade de medidas especiais de segurança para garantir o fornecimento de energia durante as eleições municipais, conforme estabelecido pela Resolução nº 1/2005.
Análise das Condições Hidrometeorológicas e Expansão da Capacidade
O relatório do ONS mostrou que, em agosto, as bacias hidrográficas do SIN apresentaram precipitação abaixo da média histórica, e os valores da Energia Natural Afluente (ENA) também estiveram abaixo da média em todos os subsistemas. As previsões para setembro indicam condições desfavoráveis, com ENA abaixo da média histórica para todos os subsistemas e o SIN.
Apesar do cenário adverso, o armazenamento de energia foi de 56% no Sudeste/Centro-Oeste, 65% no Sul, 56% no Nordeste e 79% no Norte. Para o SIN, o armazenamento foi de aproximadamente 58%. A expansão da geração e transmissão em 2024 inclui 571 MW de capacidade instalada de geração e 1.683 MVA de capacidade de transformação.