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Indústrias brasileiras aceleram uso de energia renovável e apontam transição energética como prioridade estratégica

Indústrias brasileiras aceleram uso de energia renovável e apontam transição energética como prioridade estratégica

Nova pesquisa da CNI revela que 48% das empresas industriais já investem em fontes limpas, como solar, eólica e biomassa, com destaque para autoprodução e inovação voltadas à descarbonização

Com o avanço das discussões sobre mudanças climáticas e sustentabilidade no setor produtivo, o Brasil consolida-se como um dos protagonistas na transição energética global. É o que revela a mais recente pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que aponta que 48% das indústrias brasileiras já adotam ações ou projetos com foco em fontes renováveis de energia, como solar, eólica, hídrica, biomassa e hidrogênio de baixo carbono.

O número representa um crescimento significativo em relação ao ano anterior, quando 34% das empresas afirmaram utilizar energias limpas em suas operações. Realizado em parceria com a Nexus, o levantamento ouviu mil executivos de indústrias de pequeno, médio e grande porte em todos os estados do país, entre os dias 24 de outubro e 25 de novembro de 2024.

Transição energética ganha tração nas fábricas

O estudo revela que o setor industrial não apenas reconhece os benefícios ambientais da energia limpa, como também enxerga o investimento em fontes renováveis como uma estratégia para ganho de eficiência econômica. Entre as empresas que adotam essas tecnologias, 42% utilizam autoprodução — ou seja, produzem sua própria energia com o objetivo principal de reduzir custos (50% dos entrevistados indicaram esse motivo como determinante).

A autoprodução, viabilizada por meio de sistemas fotovoltaicos ou parques eólicos, se mostra uma solução crescente frente às incertezas do mercado elétrico tradicional, proporcionando também maior previsibilidade orçamentária e segurança no suprimento.

Nordeste lidera adoção de fontes renováveis

Regionalmente, o Nordeste se destaca como a região mais avançada, com 60% das indústrias locais investindo em projetos de energia renovável. Essa liderança é explicada pelo alto potencial solar e eólico da região, aliado a políticas públicas que incentivam a geração distribuída e grandes empreendimentos em energia limpa.

Na sequência, aparecem as regiões Norte e Centro-Oeste (56%), Sul (53%) e Sudeste (39%), evidenciando um avanço nacional, ainda que com diferentes ritmos de adoção.

Descarbonização e inovação no radar da indústria

A descarbonização industrial também vem ganhando espaço como prioridade nas estratégias corporativas. Em 2024, 25% das empresas entrevistadas citaram o uso de fontes renováveis como principal medida para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) — dois pontos percentuais a mais do que em 2023.

Ainda mais expressivo foi o avanço no uso da inovação tecnológica como ferramenta de descarbonização: de 14% em 2023 para 20% em 2024, demonstrando o papel crescente da tecnologia no enfrentamento dos desafios climáticos e na melhoria da competitividade industrial.

Financiamento e incentivos: barreiras ainda presentes

Apesar do avanço, o estudo revela entraves relevantes. Mais de 60% das empresas demonstraram interesse em linhas de crédito específicas para modernização e adequação de equipamentos voltados à transição energética. No entanto, a falta de incentivos tributários foi apontada por nove em cada dez empresas como um dos principais obstáculos para acelerar os investimentos em descarbonização.

Esse dado reforça a necessidade de políticas públicas mais robustas, com foco na criação de um ambiente regulatório e fiscal que favoreça a inovação sustentável e a transformação da matriz industrial brasileira.

Brasil em posição estratégica no cenário global

Com mais de 90% da matriz elétrica proveniente de fontes renováveis, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o Brasil ocupa uma posição privilegiada na transição energética global. O país é líder em geração hidrelétrica e avança rapidamente nos segmentos solar e eólico.

Dados da Ember, organização internacional especializada em transição energética, revelam que 40,9% da eletricidade gerada no mundo em 2024 foi de fontes limpas — o maior índice em 84 anos. O Brasil também ultrapassou a Alemanha e se tornou o quinto maior produtor de energia solar do planeta, consolidando sua relevância no setor.

Economia circular e logística reversa fortalecem estratégia sustentável

Outro ponto abordado pela pesquisa foi a adoção de práticas de economia circular e logística reversa. Cerca de 70% das médias e grandes indústrias já implementam ações nessa área. Entre as empresas que atuam em circularidade, 83% reconhecem que essas iniciativas contribuem diretamente para a redução de emissões de GEE.

A responsabilidade compartilhada entre indústria, poder público e sociedade é destacada como essencial para o sucesso dessas ações, especialmente em relação ao descarte correto de produtos e ao reaproveitamento de materiais.

Conclusão

A pesquisa da CNI mostra que a indústria brasileira está se movimentando de forma decisiva rumo à transição energética, com foco em energia limpa, inovação e sustentabilidade. O momento é propício para consolidar políticas públicas que acelerem esse movimento, com incentivos concretos à inovação, à modernização do parque industrial e à descarbonização.

Com protagonismo crescente, o Brasil tem tudo para ser referência mundial em industrialização verde — desde que mantenha o compromisso com um desenvolvimento econômico de baixo carbono e socialmente inclusivo.

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