Plano Nacional do Hidrogênio estrutura bases para desenvolvimento sustentável, atração de investimentos e protagonismo do Brasil na economia de baixo carbono
O hidrogênio de baixa emissão de carbono está se consolidando como um dos principais vetores da transição energética global e ocupa, cada vez mais, um papel estratégico nas políticas energéticas do Brasil. Com foco na descarbonização da economia e no fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis, o governo brasileiro tem avançado na estruturação do mercado nacional de hidrogênio por meio do Plano Nacional do Hidrogênio (PNH2).
Lançado em 2021, o PNH2 estabelece diretrizes fundamentais para o desenvolvimento da cadeia produtiva do hidrogênio no país. As bases do programa foram definidas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), inicialmente por meio da Resolução nº 6, de junho de 2022, e atualizadas pela Resolução nº 4, de março de 2023. O objetivo central é inserir o hidrogênio de baixa emissão como um vetor estratégico na matriz energética brasileira, fortalecendo sua competitividade, ampliando a segurança energética e contribuindo para o cumprimento das metas de descarbonização.
O avanço do hidrogênio no Brasil ocorre em consonância com uma tendência global. Diversos países já incorporam o hidrogênio como alternativa viável para reduzir emissões, descarbonizar setores industriais e viabilizar soluções de mobilidade sustentável. Neste contexto, o Brasil, por suas vantagens competitivas, especialmente na geração de energia renovável, está bem posicionado para se tornar um player relevante no mercado internacional de hidrogênio verde.
Estruturação do planejamento energético
Dentro do escopo do Plano Nacional do Hidrogênio, o governo brasileiro criou a Câmara Temática de Planejamento Energético, coordenada pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Esta instância tem como missão aprimorar o mapeamento, a modelagem e a integração da cadeia energética do hidrogênio de baixa emissão ao planejamento energético oficial do país.
Para isso, foi instituída a Componente 5, denominada “Bases de dados, informações e ferramental de modelagem”. Essa estrutura técnica tem papel fundamental na elaboração de cenários, permitindo que o Brasil construa projeções realistas e assertivas sobre a demanda, oferta, custos e impactos do hidrogênio na matriz energética.
A coleta de dados realizada no âmbito dessa iniciativa abrange informações detalhadas sobre a produção e o consumo de hidrogênio em território nacional. As informações foram obtidas diretamente junto aos agentes econômicos que declararam o uso desse vetor energético nas bases oficiais do Balanço Energético Nacional (BEN), administrado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Panorama atual do hidrogênio no Brasil
O levantamento atual confirma que o hidrogênio já possui um papel relevante na indústria brasileira, sendo utilizado tanto para fins energéticos quanto não energéticos. Sua aplicação predominante está em instalações industriais e centros de transformação, principalmente nos setores de refino de petróleo, fertilizantes, indústria química e siderurgia.
Atualmente, grande parte do hidrogênio produzido no Brasil é classificado como hidrogênio cinza, obtido a partir do processamento de gás natural sem captura de carbono. Entretanto, o esforço governamental e empresarial está voltado para acelerar a transição para rotas de baixa emissão, como o hidrogênio verde, produzido por meio da eletrólise da água utilizando energia proveniente de fontes renováveis, e o hidrogênio azul, que inclui processos de captura e armazenamento de carbono.
O potencial do Brasil é expressivo. Com uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo e abundância de recursos renováveis, especialmente energia solar e eólica, o país tem capacidade para produzir hidrogênio verde a custos competitivos, tanto para atender ao mercado interno quanto para exportação.
Oportunidades e desafios do hidrogênio no Brasil
O desenvolvimento do mercado de hidrogênio no Brasil abre uma série de oportunidades econômicas e ambientais. Do ponto de vista econômico, trata-se de uma nova fronteira para a geração de empregos qualificados, atração de investimentos e fortalecimento da indústria nacional. Ambientalmente, o hidrogênio se apresenta como uma solução viável para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em setores de difícil descarbonização.
Além disso, há uma clara expectativa de que o Brasil se torne um fornecedor estratégico de hidrogênio verde para países da Europa, Ásia e América do Norte, que já estabeleceram metas ambiciosas de neutralidade de carbono e estão buscando parcerias comerciais para suprimento de energia limpa.
Entretanto, para que esse potencial se concretize, é necessário enfrentar desafios estruturais. Entre eles estão a necessidade de reduzir os custos de produção do hidrogênio verde, expandir a infraestrutura de transporte e armazenamento, desenvolver marcos regulatórios específicos e criar mecanismos de financiamento e incentivos adequados.
Próximos passos do Programa Nacional do Hidrogênio
O Programa Nacional do Hidrogênio avança com uma abordagem estruturada, baseada em planejamento de longo prazo, desenvolvimento tecnológico, capacitação profissional e articulação com o setor privado e organismos internacionais.
A Câmara Temática de Planejamento Energético segue concentrando esforços na consolidação de dados, na modelagem de cenários e na formulação de políticas públicas que proporcionem segurança jurídica e previsibilidade aos investidores. O Brasil se prepara para transformar seu potencial energético em uma vantagem competitiva global, posicionando-se como protagonista na transição para uma economia de baixo carbono.
O hidrogênio, que até pouco tempo era visto como uma tecnologia do futuro, hoje já faz parte das soluções concretas para a matriz energética brasileira e para o desenvolvimento sustentável do país.
